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sábado, 23 de janeiro de 2021

 


13.5.4 São Vicente de Paulo

Paris, 1858

Sejam bons e caridosos: eis a chave dos céus, que vocês têm nas mãos. Toda a felicidade eterna se encerra nesta máxima: "Amem-se uns aos outros". A alma não pode alcançar regiões espirituais elevadas senão pelo devotamento ao próximo. Ela não encontra felicidade e consolação senão nos impulsos da caridade. Sejam bons, amparem seus irmãos, deixem de lado a horrível chaga do egoísmo.  Cumprido esse dever, o caminho da felicidade eterna deve abrir-se para vocês. Aliás, quem dentre vocês não sentiu o coração pulsar de júbilo, de alegria interior, ao relato de um belo sacrifício, de uma obra de verdadeira caridade? Se buscassem apenas a satisfação de uma boa ação, estariam sempre no caminho do progresso espiritual. Exemplos não lhes faltam; o que falta é a boa vontade, sempre rara. Vejam a multidão de homens de bem, de que a sua história evoca piedosas lembranças.

O Cristo não lhes disse tudo o que se refere a essas virtudes de caridade e amor? Por que deixar de lado seus divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras, o coração às suas doces máximas? Eu gostaria que se votasse mais interesse, mais fé às leituras evangélicas; mas abandona-se esse livro, considerado como texto com palavras vazias, mensagem fechada; deixam no esquecimento esse código admirável. Seus males provêm do abandono voluntário desse resumo das leis divinas. Leiam, pois, essas páginas brilhantes sobre o devotamento de Jesus, e meditem-nas.

Homens fortes, protejam-se; homens fracos, façam da sua doçura, da sua fé, a sua proteção. Sejam mais persuasivos, tenham mais constância na propagação de sua Doutrina. Este é apenas um encorajamento que lhes vimos dar, e é para estimular seu zelo e suas virtudes, que Deus permite nossa manifestação. Mas se cada um o quisesse, bastaria sua própria vontade e a ajuda de Deus, pois as manifestações espíritas se produzem apenas para quem tem os olhos fechados e os corações indóceis.

A caridade é a virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrenas; sem ela, as outras não existiriam. Sem a caridade, nada de esperar uma sorte melhor, nenhum interesse moral que nos guie; sem a caridade, nada de fé, pois a fé não é mais do que um raio de luz pura, que faz brilhar uma alma caridosa.

A caridade é a eterna âncora de salvação em todos os mundos: é a mais pura emanação do Criador; é a Sua própria virtude, que Ele transmite à criatura. Como desprezar essa suprema bondade? Qual seria o coração suficientemente perverso para, assim pensando, recalcar e depois expulsar este sentimento todo divino? Qual seria o filho bastante mau para revoltar-se contra essa doce carícia: a caridade?

Não ousarei falar daquilo que fiz, porque os Espíritos também têm o pudor de suas obras; mas considero a que iniciei como uma das que mais devem contribuir para o alívio de seus semelhantes. Vejo frequentemente os Espíritos pedirem por missão continuar minha tarefa; eu os vejo, minhas doces e queridas irmãs, no seu piedoso e divino ministério; eu os vejo praticar a virtude que lhes recomendo, com toda a alegria que essa existência de abnegação e sacrifícios proporciona. É uma grande felicidade, para mim, ver quanto se enobrece seu caráter, quanto sua missão é amada e docemente protegida. Homens de bem, de boa e forte vontade, unam-se para continuar amplamente a obra de propagação da caridade. Encontrarão a recompensa dessa virtude no seu próprio exercício. Não há alegria espiritual que ela não proporcione desde a vida presente. Sejam unidos. Amem-se uns aos outros, segundo as lições do Cristo. Assim seja!

      Tradução livre da 3ª ed. francesa pelo prof. dr. Jorge Leite de Oliveira

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