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domingo, 3 de janeiro de 2021

 


13.5 Instruções dos Espíritos: a caridade material e a caridade moral

13.5.1 Irmã Rosália (Paris, 1860)

 

Amemo-nos uns aos outros e façamos a outrem o que gostaríamos que nos fosse feito. Toda a religião, toda a moral, se encerram nesses dois preceitos. Se eles fossem seguidos no mundo, todos seriam perfeitos. Sem ódios, sem ressentimentos. Direi mais ainda: sem pobreza, porque, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres seriam alimentados e vocês não mais veriam, nos quarteirões sombrios em que habitei, em minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças necessitadas de tudo.

Ricos! pensem um pouco nisso. Ajudem o mais possível aos infelizes. Deem, para que Deus lhes retribua um dia o bem que houverem feito, para encontrarem, ao sair de seu invólucro terrestre, um cortejo de Espíritos reconhecidos, que os receberão no limiar de um mundo mais feliz.

Se pudessem saber a alegria que provei, ao reencontrar no além aqueles a quem beneficiei, na minha última existência!... Amem, pois, seu próximo; amem-no como a si mesmos, pois já sabem, agora, que o desgraçado que repelem talvez seja um irmão, um pai, um amigo que afastam para longe. E então,  grande será seu desespero, ao reconhecê-lo depois no mundo dos Espíritos!

Desejo que compreendam bem o que deve ser a caridade moral, que todos podem praticar, que materialmente nada custa, e que não obstante é a mais difícil de se pôr em prática. A caridade moral consiste em  suportarem-se uns aos outros, o que vocês menos fazem nesse mundo inferior, em que estão no momento encarnados. Há um grande mérito em um homem saber calar-se,  para que fale outro mais tolo do que ele. Isso é também uma forma de caridade. Saber ser surdo, quando uma palavra zombeteira escapa de uma boca habituada a provocar; não ver o sorriso desdenhoso com que os recebem pessoas que, muitas vezes, erradamente, se julgam superiores a vocês, quando na vida espiritual, a única real, estão às vezes muito abaixo: eis um merecimento não do ponto de vista da humildade, mas da caridade, pois não se incomodar com as faltas alheias é caridade moral.

Entretanto, essa caridade não deve impedir a outra. Pensem, sobretudo, que não devem desprezar seu semelhante. Lembrem-se sempre de tudo o que lhes tenho dito: é necessário lembrar, incessantemente, que o pobre repelido talvez seja um Espírito que lhes foi caro, e que momentaneamente se encontra numa posição inferior à sua. Reencontrei um dos pobres do seu mundo a quem pude, por felicidade, auxiliar algumas vezes, e ao qual, por minha vez, tenho agora de implorar ajuda.

Recordem-se de que Jesus disse que somos todos irmãos, e pensem sempre nisso, antes de repelirem o leproso ou o mendigo. Adeus! Pensem naqueles que sofrem e orem.

Tradução livre do prof. dr. Jorge Leite de Oliveira

Um comentário:

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