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sábado, 30 de janeiro de 2021


 

13.5.5 Cárita

Martirizada em Roma, Lyon, 1861

 

Meu nome é Caridade, sou o caminho principal que conduz até Deus; sigam-me, porque sou a meta a que todos devem visar.
Fiz, nesta manhã, meu passeio habitual, e, com o coração amargurado, venho dizer-lhes: Oh, meus amigos, quantas misérias, quantas lágrimas, e quanto vocês têm de fazer para secá-las todas! Em vão procurei consolar as pobre mães, dizendo-lhes ao ouvido: Coragem! Há corações bondosos que velam por vocês, que não as abandonarão; paciência! Deus lá está , e vocês são suas amadas, suas eleitas. Elas pareciam ouvir-me e voltavam para mim seus grandes olhos arregalados. Eu lia em seus pobres semblantes que seus corpos, esses tiranos do Espírito, tinham fome, e que, se minhas palavras lhes tranquilizavam um pouco o coração, não lhes enchiam o estômago. Eu repetia novamente: Coragem! Coragem! Então uma pobre mãe, muito jovem, que amamentava uma criancinha, tomou-a nos braços e ergueu-a no espaço vazio, como a pedir-me que protegesse aquele entezinho, que só encontrava num seio estéril alimentação insuficiente.
Noutro lugar, meus amigos, vi pobres velhos sem trabalho e quase sem abrigo, atormentados por todos os sofrimentos da necessidade, e envergonhados de sua miséria, não ousando, eles que jamais mendigaram, a implorar a piedade dos passantes. Coração movido de compaixão, eu, que nada tenho, me fiz mendiga para eles, e, vou por toda parte, estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e compassivos. Por isso venho aqui, meus amigos, e lhes digo: lá embaixo há infelizes cuja cesta está sem pão, sem fogo na lareira, sem coberta no leito. Não lhes digo o que devem fazer; deixo a iniciativa aos seus bons corações; pois se lhes ditasse a linha de conduta, vocês não teriam o mérito de suas boas ações. Digo-lhes somente: Sou a caridade e lhes estendo as mãos pelos seus irmãos sofredores.
Mas, se peço, também dou, e dou bastante. Convido-os para um grande banquete, e ofereço a árvore em que todos vocês poderão saciar-se. Vejam como ela é bela, como está carregada de flores e de frutos! Vamos, vamos! colham todos os frutos dessa bela árvore que se chama beneficência. Em lugar dos ramos que lhe arrancarem, porei todas as boas ações que fizerem e levarei a árvore a Deus, para que Ele a carregue de novo, pois a beneficência é inesgotável. Sigam-me, pois, meus amigos, a fim de que eu os conte entre os que se alistam sob minha bandeira. Não tenham medo; eu os conduzirei pela via da salvação, porque sou a Caridade!

Tradução livre da terceira edição francesa pelo professor doutor Jorge Leite de Oliveira

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