13.5.7 Um Espírito
Protetor
Lyon, 1861
Meus caros amigos, todo dia ouço vocês dizerem entre si: "Sou
pobre, não posso fazer a caridade". E todo dia vejo que faltam com a
indulgência para com seus semelhantes. Não lhes perdoam nada, e se arvoram em
juízes demasiado severos, sem se perguntar se gostariam que fizessem o mesmo a seu
respeito. A indulgência não é também caridade? Vocês, que não podem fazer mais
do que a caridade praticando a indulgência, façam pelo menos essa, mas façam-na
com grandeza. Pelo que respeita à caridade material, vou contar-lhes uma história
do outro mundo.
Dois homens acabavam de morrer. Deus havia dito: "Enquanto esses dois homens viverem, serão postas as suas boas ações num saco para cada um, e quando morrerem, serão pesados esses sacos". Quando ambos chegaram à sua última hora, Deus mandou que lhe levantassem os dois sacos. Um estava cheio, volumoso, estufado, e retinia o metal dentro dele. O outro era tão pequeno e fino, que se viam através do pano as poucas moedas que continha.
Cada um
dos homens reconheceu seu saco: "Eis o meu, disse o primeiro, eu
o reconheço; fui rico e distribui bastante!" "Eis o meu, disse o
outro, fui sempre pobre, ah! não tinha quase nada para distribuir". Mas oh! surpresa! os dois sacos postos na balança, o maior tornou-se leve, e o pequeno
se fez pesado, tanto que elevou muito o outro prato da balança.
Então, Deus disse ao rico: "Você deu muito, é
verdade, mas fez isso por ostentação, e para ver seu nome figurando em todos os
templos do orgulho. Além disso, ao dar, não se privou de nada. Passe à esquerda
e fique satisfeito, por lhe ser contada a esmola como qualquer coisa".
Depois, disse ao pobre: "Você deu bem pouco, meu amigo, mas cada uma das moedas
que estão na balança representou uma privação para você. Não distribuiu esmola,
fez a caridade, e o melhor é que a fez naturalmente, sem se preocupar de que a
levassem a sua conta. Você foi indulgente; não julgou seu semelhante; pelo
contrário, desculpou todas as suas ações. Passe à direita, e vá receber sua
recompensa”.
Tradução livre da 3ª ed. francesa pelo prof. dr. Jorge
Leite de Oliveira
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