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sábado, 14 de outubro de 2023

 


MAS ROGO-TE, SENHOR

 

Senhor, eu te agradeço.

Não somente

As horas boas da felicidade,

Em que o meu coração tranquilo e crente

Dá-se ao louvor que te bendiz...

Agradeço igualmente os dias longos,

Em que varo o caminho, a pedra e vento,

Nos quais me ensinas sem barulho,

Através das lições do sofrimento,

Como ser mais feliz.

 

Agradeço a alegria

Que me dispensas pelas afeições,

A bênção de ternura,

Em cuja luz balsâmica me pões

Sob chuvas de flor;

E agradeço a amargura

Que a incompreensão me traga,

O estilete da crítica ferina,

Que tanta vez me oprime o peito em chaga

Para que eu saiba amar sem reclamar amor.

 

Agradeço o sorriso da esperança

Com que me fazes crer na verdade do sonho,

A segura certeza com que aguardo

O futuro risonho

Pela fé natural;

E agradeço-te a lágrima dorida,

Com que me alimpas a visão,

A fim de que eu prossiga, trilhe afora,

Sem caminhar, em vão,

Sob a névoa, do mal.

 

Agradeço por tudo o que me deste,

A ventura, a afeição, a dor, a prova,

O dom de discernir e o dom de compreender,

O fel da humilhação que me renova

Para que eu permaneça em ti no meu próprio dever...

Mas rogo-te, Senhor,

Quando me veja

Sob a perseguição e o sarcasmo das trevas,

No exercício do bem,

Não me deixes perder a paz a que me elevas,

Nem me deixes ferir ou condenar ninguém.

DOLORES, Maria (Espírito). Antologia da espiritualidade. Psicografado por: Francisco Cândido Xavier. 6. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014.

 


EM DIA COM O MACHADO 597:

A NOVA ERA, UM SÓ DEUS E UM SÓ PASTOR (Jó)


 

 

        Ante as atrocidades terríveis que vivenciamos no tempo atual, movidas pelo fanatismo e ambição de poder, lembrei-me da mensagem dum Espírito israelita, recebida em 1861 e publicada n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, intitulada A Nova Era. No texto, o mensageiro começa dizendo que “Deus é único, e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido” por todos os povos.

        Em seguida, somos informados de que não somente Moisés, como também os profetas foram enviados por Deus ao povo hebreu. Prosseguindo, o Espírito esclarece-nos sobre “o gérmen da mais ampla moral cristã”: os Dez Mandamentos. Mas, explica adiante, “a moral ensinada por Moisés era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos” ainda pouco adiantados moralmente.

        Logo abaixo, afirma: “O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, da mais sublime: a moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações humanos a caridade e o amor do próximo [...] enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam”.

        A “alavanca” utilizada por Deus para o avanço da humanidade, diz o Espírito Israelita, é o Espiritismo. E esses tempos “são chegados”, mas que não pensemos que esse avanço se dê sem “abalos e discussões”. Ao fim das lutas do bem contra o mal, ocorrerá a vitória do Cristo, que não é apressada, ainda que urgente aos nossos olhares ansiosos. É então que o mensageiro do Alto conclui: “Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá”.

        Ensina a sabedoria judaica: “Ama o Criador, as crianças, a caridade, a lealdade e a retidão. Evita as honrarias e não te orgulhes de teus conhecimentos. Não te alegres com as homenagens que recebes e age pela verdade e pela paz” (Hadid, Jacob. Organizador. Sobre as leis e a Sabedoria Judaica, s. l. e s. d., p. 13). Não é outra coisa que Jesus nos ensinou, e o Espiritismo reitera, inclusive com sua máxima-síntese de que “Fora da caridade, não há salvação” (Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 15).

        Confiemos, pois, no Cristo e na sua promessa: como lemos em João, 14:16, 17: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre. O Espírito da verdade [...]” (Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional).

O Espírito da Verdade, dessa promessa, veio para os que seguem Jesus como sendo o “Caminho, a Verdade e a Vida”. Ele é o Messias a quem o Pai, nosso Deus único, pela voz dos profetas, desde Moisés, anunciou.

 É por Jesus e por seus enviados que chegamos à compreensão de um só Deus e de um só pastor do seu imenso rebanho, que é toda a humanidade terrestre. É o que lemos em João, 14:6 a 9, confirmado pelo Espiritismo, capítulo 6 d’O Evangelho Segundo o Espiritismo.

 Jesus Cristo é o Senhor, cuja manifestação já se faz presente, no mundo, desde 18 de abril de 1857, quando Allan Kardec dele recebeu e nos manifestou a Doutrina Espírita-Cristã. Passadas estas últimas turbulências das trevas, como lemos na questão 743 d’O Livro dos Espíritos, e cujas consequências para seus causadores serão terríveis, segundo a questão 745 dessa obra, todos compreenderão a existência do único Deus, que é amor e não guerra.

Então surgirá uma era de paz definitiva na Terra regida pelo Senhor. Confiemos e oremos por vítimas e criminosos!

 


sexta-feira, 13 de outubro de 2023

 


TELA DO MUNDO

 

A tela esbanja beleza,

Na cúpula dos países.

Fulguram povos felizes,

Riquezas em profusão...

A Natureza soberba

Guarda tesouros na selva,

Flores enfeitam a relva,

Veludo que adorna o chão.

 

Das cidades opulentas,

Voam naves poderosas,

Surgem torres luminosas,

Brasões, legendas, troféus...

A inteligência se alteia,

Abrindo escolas e estradas,

Há mansões dependuradas,

Na luz dos arranha-céus!...

 

Mas à frente do esplendor

Em que o ouro se descobre,

Surge o mundo amargo e pobre

Dos que vivem de esperar.

Tristes mães rogam auxílio,

Em dolorosas andanças,

Para mirradas crianças

Que se agitam sem lugar!...

 

Irmãos despontam na praça,

Sob o fascínio do furto,

Avançam em passo curto,

De empórios retiram pães;

Moços fortes ao prendê-los

Prometem pancadaria,

Há tumulto e gritaria,

Em meio ao choro das mães.

 

Registro vozes diversas...

De quem são? Ouço gemidos,

É a multidão dos vencidos

Que mal conhece aonde vai...

Junto a um posto de assistência,

Formando enorme fileira,

Aguarda-se a noite inteira

O raro apoio que sai...

 

O progresso exalta o mundo...

E, no porão da grandeza,

Há pranto, angústia, tristeza,

Embates de chaga e dor!...

Só Jesus, vencendo as sombras,

Ergue a luz da Caridade,

Conduzindo a Humanidade

Para a vitória do Amor.

 

DOLORES, Maria (Espírito). In: ESPÍRITOS Diversos. Fé e vida. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1. ed. – 1. imp. Brasília: FEB; São Paulo: CEU, 2014.


quinta-feira, 12 de outubro de 2023


 

MEIA HORA

 

Ante a passagem do tempo,

Registra o valor do “agora”

Na bênção de meia hora,

Quanto bem a realizar!

Trinta minutos apenas

No espaço de cada dia

São plantações de alegria

Para quem busca ajudar.

 

Agora é a voz da coragem

Ao irmão que chora e luta,

Coração que pensa e escuta,

Podando aflição e dor!...

Em outro ensejo, é o socorro,

Que se oferece à criança,

Que vaga sem esperança,

A míngua de paz e amor.

 

Depois, o amparo ao doente

Em visita mesmo breve,

A página que se escreve

Para consolo de alguém!

O apontamento otimista,

A frase sincera e boa,

A conversa que abençoa,

A prece em louvor do bem!...

 

Meia hora – patrimônio,

De expressão indefinida,

Que o Céu nos concede à vida,

A todos, crentes e ateus!...

Irmãos, elevai o tempo,

Para o serviço fecundo,

Tempo é tesouro no mundo

Que verte do amor de Deus.

 

DOLORES, Maria (Espírito). Maria Dolores. Psicografado por Chico Xavier. 1. ed. Imp. pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.

 

 


quarta-feira, 11 de outubro de 2023

 


PÁGINA DE FÉ

 

O homem de alma sofrida

Quer milagres para crer,

Carrega, porém, consigo

O prodígio de viver.

 

Um amigo pediu ao Céu

Mais dinheiro, em hora grave,

Ele tem um Céu no peito

No entanto, perdeu a chave.

 

Ouro, Cultura, Poder,

Posse, Influência e Abastança

São de Deus, nas mãos do Homem

E a Morte faz a cobrança.

 

DOLORES, Maria (Espírito). In: AUTORES Diversos. Esperança e luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1993.


terça-feira, 10 de outubro de 2023

 


OUVE, CORAÇÃO


Perguntas, coração,

Como sanar as dores sem medida,

De que modo enxugar a lágrima incontida

Sob nuvens de fel e de pesar!...

Recordemos o chão...

Quando o lodo ameaça uma estrada indefesa,

Em cada canto roga a Natureza:

Trabalhar, trabalhar. 


Fita o aguaceiro que se fez tormenta.

Ao granizo que estala, o vento insulta;

Seio de mágoas que se desoculta,

A terra, em torno, geme a desvairar...

Mas, finda a longa crise turbulenta,

Sobre teto quebrado, pedra e lama,

Renasce a paz do céu que vibra e chama:

Trabalhar, trabalhar.

 

Ressurge, inalterado, o sol risonho,

Não pergunta se o mal ganhou no mundo

A tudo abraça em seu amor profundo,

A criar e a brilhar!

Recebe cada flor um novo sonho,

Cada tronco uma bênção, cada ninho

Canta para quem passa no caminho:

Trabalhar, trabalhar.

 

Assim também, nas horas de amargura,

Enquanto a sombra ruge ou desgoverna,

Pensa na glória da Bondade Eterna,

Acende a luz da prece tutelar!

E vencerás tristeza e desventura,

Obedecendo à voz de Deus na vida

Que te pede em silêncio à alma ferida:

Trabalhar, trabalhar.



 

DOLORES, Maria (Espírito). Antologia da espiritualidade. Psicografado por: Francisco Cândido Xavier. 6. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2014.


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

 A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES

NOTÍCIAS DE DEUS

 

Vimos a Caridade,

Um anjo a visitar antiga furna...

Irradiava amor

E, dissipando, em torno, a escuridão noturna,

Fitava o Céu, dizendo ao Supremo Senhor!

— Agradeço, meu Deus, as almas escondidas,

No espinheiral do sofrimento

Que me deste a zelar,

Os corações sem sol, as derradeiras vidas

Nas fileiras da prova, aos arrancos do vento,

Que avançam sem destino, à distância do lar!...

 


Agradeço o trabalho entre os irmãos do mundo,

Que endereçaste a mim, quando rolaram fundo

Nos precipícios da desilusão...

Porque aprendo com eles quando dói,

A loucura da inércia que destrói

Tudo o que prestigia o coração!...

 

Agradeço os enfermos das calçadas,

As mães sozinhas e desamparadas,

Em constante aflição para sobreviver,

As crianças sem rumo e os pedintes sem nome,

A imensa multidão que a penúria consome,

Para a qual a existência é sempre o anoitecer...

 

Agradeço-te, oh! Pai, os braços de carinho

Que me puseste no caminho,

Que se olvidam no bem – no bem que não se cansa –

Que me apoiam a luta dia a dia,

Transformando-se em luz para a noite sombria

Em que devo espalhar reconforto e esperança...

 

Sê louvado, meu Deus, pelos talentos nobres

Da Ciência e da Arte em que te cobres

Para que o mundo cinja o esplendor estelar!...

Mas perante a ampliação da Grandeza Celeste,

Sê bendito, Senhor, porque me deste

A dor da Terra para minorar!...

 

Nisso, ouvimos alguém de próxima choupana...

Era triste mulher na cruz da prova humana,

A suplicar, em prece, alívio e proteção!...

Calou-se a Caridade e abeirando-se dela,

Envolveu a doente em luz serena e bela,

Dando-lhe paz e fé nas bênçãos da oração...

 

De imediato,

A dor fez-se esquecida

E entendemos então

Com reverência enternecida,

— Nós que também buscamos

Apoio em devotados cireneus,

Que a Caridade é sempre em nossa vida,

A notícia real da presença de Deus.

 

DOLORES, Maria (Espírito). Maria Dolores. Psicografado por Chico Xavier. 1. ed. Imp. pequenas tiragens. Brasília: FEB; São Paulo: IDEAL, 2022.

 


domingo, 8 de outubro de 2023

 

A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES



GENTE NOSSA

 

No atendimento à penúria

Da multidão que desfila

De alma cansada e intranquila,

Rogando agasalho e pão,

Não digas que esse trabalho

Vem de vaidade ou loucura

Desprimorando a cultura

Ou deprimindo a visão...

 

Silencia por instantes

O alarme da inteligência

E escuta na consciência

O coração a falar;

Essa fila enorme e aflita

É nossa família à frente,

Pedaço de nossa gente,

Em torno de nosso lar.


De sentimento a guiar-te,

Notarás no próprio peito

Surgir imenso respeito

Por esses irmãos na dor;

Olha o garoto que passa,

Enfermo, de olhar sem brilho,

Podia ser nosso filho,

Gritando por nosso amor.

 

Fita os irmãos fatigados

Sob as rugas da incerteza,

Marcados pela tristeza

De quem vive sempre a sós;

Foram jovens cintilantes,

Que em meio à graça e ao ruído,

Talvez pudessem ter sido

Nossos pais, nossos avós...

 

Alegra-te por servi-los.

Doar-lhes paz e esperança

É próprio de quem avança

Cumprindo as Divinas Leis;

Acolhe-os e escutarás

A voz do Cristo, onde fores:

— “Todo o amparo aos sofredores

É sempre a mim que o fazeis.”

 

(DOLORES, Maria. In: Alma e vida. Psicografado por Chico Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1984, p. 49)

 


sábado, 7 de outubro de 2023

 

EM DIA COM O MACHADO 596:

O homem que se veste com sacos de lixo

Brasília, DF

Irmão Jó


 

De tempos para cá, após a fase pior da pandemia da Covid-19, temos visto um rapaz, próximo ao comércio da Asa Norte, em Brasília, que se veste com sacos de lixo marrons e aborda os transeuntes aos quais estende a mão, em geral somente olhando as pessoas nos olhos, para que lhe deem alguns trocados.

Apiedados dele, alguns moradores dão-lhe roupas e calçados, entretanto, no dia seguinte, se deparam com ele vestido da mesma forma que antes. As roupas e os calçados podem ser encontrados jogados em algum  contêiner destinado a lixo.

Disseram-me que ele não aceita que lhe deem roupas. Seu desejo é trajar-se com sacos de lixo, que abre, costura e envolve seu corpo com esse traje. Se lhe oferecem alimento, costuma recusar.

Segundo também ouvi falar, ele é perturbado mental e os trocados que ganha são gastos com drogas. De que tem algum distúrbio da mente, se eu tinha dúvida, agora já não mais a tenho.

Ele também não tem paciência para esperar a ajuda que pede, praticamente sem falar, apenas se aproximando das pessoas com uma  das mãos estendida. Em geral, quando me vê, aproxima-se de mim com esse gesto. Há dois dias, quando eu estava entrando na farmácia, avistei-o junto de lixeira. Ele veio ao meu encontro e, para não abrir a carteira na rua, pedi-lhe para aguardar um pouco, pois na saída da farmácia eu lhe daria a espórtula pedida. Demorei-me cerca de 10 minutos, pois havia bastante gente na farmácia e, quando saí, ele havia desaparecido.

Hoje, ao sair do mercado com algumas compras, avistei-o do outro lado da rua, vestido com os sacos de sempre. Escondi-me atrás de um poste para tirar o dinheiro que lhe pretendia  dar e, para meu espanto, assim que guardei a carteira ele apareceu ao meu lado, com a mão estendida.

Dei-lhe o dinheiro que tivera tempo de passar da carteira ao bolso, mas talvez por pena, talvez por remorso por não o ter atendido de imediato antes, tentei conversar com ele.

— Por que você se veste assim? Posso dar-lhe uma roupa, eu disse-lhe.

Ele nada respondeu, mas meneou a cabeça negativamente. Então tornei a perguntar-lhe:

— Onde você mora?

Dessa vez, ele falou:

— Moro na rua.

Como eu havia comprado umas latas de cerveja, para oferecer a familiares que foram convidados a almoçar conosco no próximo domingo, perguntei-lhe se não gostaria de tomar uma cerveja. Apenas lembrei que a bebida não estava gelada.

Sua resposta foi mostrar-me entre os dedos o dinheiro recebido e balançar negativamente a cabeça. Afastei-me penalizado, sem saber mais o que fazer.

A única certeza, ou quase isto, que tenho é que, se tudo estiver bem com ele, amanhã ou depois eu o verei debruçado numa lixeira, vestido com os mesmos sacos de lixo. E, tão logo me veja, estenderá a mão para que eu lhe dê uma esmola, mas não aceitará nada para vestir, comer ou beber que eu lhe ofereça.

 


sexta-feira, 6 de outubro de 2023

 


O EVANGELHO POR EMMANUEL


Comentários aos atos dos apóstolos 

 

Estações necessárias

 

Arrependei­-vos,  pois,  e  convertei­-vos,  para  que sejam  apagados  os  vossos  pecados  e  venham  assim  os  tempos  do refrigério pela presença do Senhor (Atos, 3:19).

 

Os crentes inquietos quase sempre admitem que o trabalho de redenção se processa em algumas providências convencionais e que apenas com certa atividade externa já se encontram de posse dos títulos mais elevados, junto aos Mensageiros Divinos.

A maioria dos católicos romanos pretende a isenção das dificuldades com as cerimônias exteriores; muitos protestantes acreditam na plena identificação com o céu  tão só pela enunciação de alguns hinos, enquanto enorme percentagem de espiritistas se crê na intimidade de supremas revelações apenas pelo fato de haver frequentado algumas sessões.

Tudo isto constitui preparação valiosa, mas não é tudo.

Há um esforço iluminativo para o interior, sem o qual homem algum penetrará o santuário da Verdade Divina.

A palavra de Pedro à massa popular contém a síntese do vasto programa de transformação essencial a que toda criatura se submeterá para a felicidade da união com o Cristo. Há estações indispensáveis para a realização, porquanto ninguém atingirá de vez a eterna claridade da culminância.

Antes de tudo, é imprescindível que o culpado se arrependa, reconhecendo a extensão e o volume das próprias faltas e que se converta, a fim de alcançar  a época de refrigério pela presença do Senhor nele próprio. Aí chegado, habilitar­se­á para a construção do Reino Divino em si mesmo.

Se, realmente, já compreendes a missão do Evangelho, identificarás a estação em que te encontras e estarás informado quanto aos serviços que deves levar a efeito para demandar a seguinte.

(Pão nosso. FEB Editora, cap. 13)


quinta-feira, 5 de outubro de 2023

 



O EVANGELHO POR EMMANUEL

 

Comentários ao Evangelho Segundo João 


Renasce agora

 

“Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus”  Jesus (João, 3:3).

 

A própria Natureza apresenta preciosas lições, nesse particular. Sucedem­-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos. Dispondo, assim, de trezentas e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontrará a criatura, no abençoado período de uma existência?

Conserva do passado o que for bom e justo, belo e nobre, mas não guardes do pretérito os detritos e as sombras, ainda mesmo quando  mascarados de encantador revestimento.

Faze por ti mesmo, nos domínios da tua iniciativa pela aplicação da fraternidade real, o trabalho que a tua negligência atirará fatalmente sobre os ombros de teus benfeitores e amigos espirituais.

Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento.

Se é possível, não deixes para depois os laços de amor e paz que podes criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto.   Não é fácil quebrar antigos preceitos do mundo ou desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem. Entretanto, o melhor  antídoto contra os tóxicos da aversão é a nossa boa vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos compreendem.

Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário cogita de enriquecer as munições, mas se descemos à praça, desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de nós e em torno de nossos passos, a escura fermentação da guerra.

Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão.

Alguém te não entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres.

Deixa-­te reviver, cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem.

Não olvides a assertiva do Mestre: — "Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.

Renasce agora em teus propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que te cercam e alcançando a antecipação da vitória sobre ti mesmo, no tempo...

Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã.

(Fonte viva. FEB Editora, cap. 56)


quarta-feira, 4 de outubro de 2023

 



O EVANGELHO POR EMMANUEL

 

Comentários ao Evangelho Segundo Lucas 


LIVROS

 

E chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler (Lucas, 4:16 )

 

Se houver alguém na Terra com bastante iluminação para prescindir do auxílio de livros edificantes, esse alguém foi Jesus; entretanto, o Cristo leu, segundo a notícia do Evangelhos.

O bom livro é sublime roteiro de Claridades Espirituais, constituindo a presença dos Elevados Mensageiros da Evolução.

É interessante observar que conforme a notificação do apóstolo, Jesus se levantou para a leitura dos Escritos Sagrados.

Indicaria semelhante atitude determinada obrigação convencionalista aos aprendizes do Cristianismo?

Sabe-se que o divino Mestre nunca impôs qualquer gesto de convenção.

Seu exemplo, todavia, convida-nos a expressões muito mais altas.

É indispensável que recebamos as páginas edificantes de coração e mente levantados ao Altíssimo.

Há estudante que tomam as lições divinas, tão fortemente agarrados ao chão duro do pessimismo ou à lama escorregadia das paixões bastardas, que impossível se lhes torna a retenção de qualquer raio mínimo de claridade espiritual.

Faz-se imprescindível erguer a mente e fixá-la no Monte da Iluminação.

Não é possível receber mensagens de Cristo e sugestões do mal, ao mesmo tempo.

Relaciona o Evangelho de Lucas que, chegando o Mestre de Nazaré, onde se demorara a maior parte do tempo, na sua passagem pela Terra, entrou na assembleia dos que se dedicavam aos estudos da revelação, consoante seu costume, e levantou-se par ler.

Todo aprendiz tem sua Nazaré, sua zona de atividade rotineira. É preciso que cada qual estabeleça aí o hábito de cultivar as possibilidades espirituais, em face dos apelos divinos e, no instante de entrar em contado com os ensinos superiores, deve erguer-se a Deus, a fim de que o Pai encontre lugar adequado em nós, para conceder com proveitos suas Bênçãos Divinas. 

(Harmonização. Ed. GEEM, cap. Livros)

 


terça-feira, 3 de outubro de 2023

 

O EVANGELHO POR EMMANUEL 

 

Comentários ao Evangelho Segundo Marcos 


Convenções 

E disse-­lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e  não o homem por causa do sábado (Marcos, 2:27).

 

O sábado, nesta passagem evangélica, simboliza as convenções organizadas para o serviço humano. Há criaturas que por elas sacrificam todas as possibilidades de elevação espiritual. Quais certos encarregados dos serviços públicos que adiam indefinidamente determinadas providências de interesse coletivo, em virtude da ausência de um selo minúsculo, pessoas existem que, por  bagatelas, abandonam grandes oportunidades de união com a esfera superior.

Ninguém ignora o lado útil das convenções. Se fossem totalmente imprestáveis, o Pai não lhes permitiria a existência no jogo das circunstâncias. São tabelas para a classificação dos esforços de cada um, tábuas que designam o tempo adequado a esse ou àquele mister; todavia, transformá­las em preceito inexpugnável ou em obstáculo intransponível, constitui grave dano à tranquilidade comum. A maioria das pessoas atende­as, antes da própria obediência a Deus; entretanto, o Altíssimo dispôs todas as organizações da vida para que ajudem a evolução e o aprimoramento dos filhos.

O próprio planeta foi edificado por causa do homem.

Se o Criador foi a esse extremo de solicitude em favor das criaturas, por que deixarmos de satisfazer-lhe os divinos desígnios, prendendo­nos às preocupações inferiores da atividade terrestre?

As convenções definem, catalogam, especificam e enumeram, mas não devem tiranizar a existência. Lembra-te de que foram dispostas no caminho a fim de te servirem. Respeita-as na feição justa e construtiva; contudo, não as convertas em cárcere. 

(Pão nosso. FEB Editora, cap. 30)

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

 



O EVANGELHO POR EMMANUEL

 

 Comentários ao Evangelho Segundo Mateus 

 

Ante a lição do senhor

 

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Mateus, 5:3.

 

        Louvando os “pobres de espírito”, Jesus não exaltava a ignorância, a insuficiência, a boçalidade e a incultura.

        Encarecia a bênção da simplicidade, que nos permite encontrar os mais preciosos tesouros da vida.

        Abençoava a humildade, que nos conduz à fonte da paz.

        Salientava a sobriedade que nos garante o equilíbrio.

        Destacava a paciência que nos dilata a oportunidade de aprender e servir.

        Se procuras o Mestre do Evangelho, não admitas que a tua fé se transforme em combustível ao fogo da ambição menos eficiente.

        Vale-te da lição de Jesus, à maneira do lavrador vigilante que sabe selecionar as melhores sementes a fim de enriquecer a colheita próxima ou à maneira do viajor que guarda consigo a lâmpada acesa para a vitória sobre as trevas.

        Muita gente se alinha nos santuários da Boa-Nova, procurando em Cristo um escravo suscetível de ser engajado a serviço de seus escusos desejos, buscando na proteção do céu, favorável clima à infeliz materialização de seus próprios caprichos, enquanto milhões de aprendizes da Divina Revelação se aglomeram nos templos do Mestre em torneios verbalísticos nos quais entronizam a vaidade que lhes é própria, tentando posições de evidência nos conflitos e tricas da palavra, em que apenas efetuam a mal versão das riquezas do espírito.

        Se a Doutrina Redentora do Bem Eterno é o caminho que te reclama a sublime aquisição da Vida Superior, simplifica a própria existência.

        Evitemos complicações e exigências que nada realizam em torno de nós senão amargura, desencanto e inutilidade.

        Recebamos o dom das horas, como quem sabe que o tempo é o mais valioso empréstimo do Senhor à nossa estrada e, convertendo os minutos em ação construtiva e salutar, faremos a descoberta de nosso próprio mundo íntimo, em cuja maravilhosa extensão, a paz e o trabalho são os favores mais altos da vida.

        Contentemo-nos em estruturar com bondade e beleza o instante que passa, cedendo-lhe o melhor de nós mesmos, a favor dos que nos cercam, e descerraremos o novo horizonte, em que a plenitude da simplicidade com Jesus nos fará contemplar, infinitamente, a eterna e divina alegria.


(Construção do amor. Ed. Cultura Espírita União.)


  Estudo d'O Livro dos Espíritos 34 – A molécula tem forma determinada? Resposta: Certamente as moléculas têm uma forma, mas que não p...