A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES
GENTE NOSSA
No atendimento à penúria
Da multidão que desfila
De alma cansada e intranquila,
Rogando agasalho e pão,
Não digas que esse trabalho
Vem de vaidade ou loucura
Desprimorando a cultura
Ou deprimindo a visão...
Silencia por instantes
O alarme da inteligência
E escuta na consciência
O coração a falar;
Essa fila enorme e aflita
É nossa família à frente,
Pedaço de nossa gente,
Em torno de nosso lar.
De sentimento a guiar-te,
Notarás no próprio peito
Surgir imenso respeito
Por esses irmãos na dor;
Olha o garoto que passa,
Enfermo, de olhar sem brilho,
Podia ser nosso filho,
Gritando por nosso amor.
Fita os irmãos fatigados
Sob as rugas da incerteza,
Marcados pela tristeza
De quem vive sempre a sós;
Foram jovens cintilantes,
Que em meio à graça e ao ruído,
Talvez pudessem ter sido
Nossos pais, nossos avós...
Alegra-te por servi-los.
Doar-lhes paz e esperança
É próprio de quem avança
Cumprindo as Divinas Leis;
Acolhe-os e escutarás
A voz do Cristo, onde fores:
— “Todo o amparo aos sofredores
É sempre a mim que o fazeis.”
(DOLORES, Maria. In: Alma e vida. Psicografado
por Chico Xavier. São Paulo: Cultura Espírita União, 1984, p. 49)
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