MAS ROGO-TE, SENHOR
Senhor, eu te agradeço.
Não somente
As horas boas da felicidade,
Em que o meu coração tranquilo
e crente
Dá-se ao louvor que te
bendiz...
Agradeço igualmente os dias
longos,
Em que varo o caminho, a pedra
e vento,
Nos quais me ensinas sem
barulho,
Através das lições do
sofrimento,
Como ser mais feliz.
Agradeço a alegria
Que me dispensas pelas
afeições,
A bênção de ternura,
Em cuja luz balsâmica me pões
Sob chuvas de flor;
E agradeço a amargura
Que a incompreensão me traga,
O estilete da crítica ferina,
Que tanta vez me oprime o
peito em chaga
Para que eu saiba amar sem
reclamar amor.
Agradeço o sorriso da
esperança
Com que me fazes crer na
verdade do sonho,
A segura certeza com que
aguardo
O futuro risonho
Pela fé natural;
E agradeço-te a lágrima
dorida,
Com que me alimpas a visão,
A fim de que eu prossiga,
trilhe afora,
Sem caminhar, em vão,
Sob a névoa, do mal.
Agradeço por tudo o que me
deste,
A ventura, a afeição, a dor, a
prova,
O dom de discernir e o dom de
compreender,
O fel da humilhação que me
renova
Para que eu permaneça em ti no
meu próprio dever...
Mas rogo-te, Senhor,
Quando me veja
Sob a perseguição e o sarcasmo
das trevas,
No exercício do bem,
Não me deixes perder a paz a
que me elevas,
Nem me deixes ferir ou
condenar ninguém.
DOLORES, Maria (Espírito). Antologia
da espiritualidade. Psicografado por: Francisco Cândido Xavier. 6. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2014.
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