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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019


Continuação da tradução livre da 3.ª edição francesa d’O Evangelho Segundo o Espiritismo




7 BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

O que se deve entender por pobres de espírito. Quem se elevar será rebaixado. Mistérios ocultos aos sábios e prudentes. Instruções dos Espíritos: O orgulho e a humildade. Missão do homem inteligente na Terra.

7.1 O que se deve entender por pobres de espírito

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus (Mateus, 5:3).

A incredulidade se diverte com esta máxima: Bem-aventurados os pobres de espírito, como também zomba de muitas coisas que não compreende. Por pobres de espírito, Jesus não entende os tolos, mas os humildes, e diz que o Reino dos Céus é para estes e não para os orgulhosos.
Os homens de ciência e de espírito, segundo o mundo, fazem geralmente tão alta opinião de si mesmos e de sua superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de sua atenção. Seus olhares concentrados sobre si  mesmos não os podem elevar até Deus. Essa tendência de se acreditarem superiores a tudo leva-os muito frequentemente a negar o que, lhes sendo superior, possa rebaixá-los e a negar até mesmo a Divindade. Ou, se consentem em admiti-la, contestam um dos seus mais belos atributos: sua ação providencial sobre as coisas deste mundo, convencidos de que são suficientes para bem governá-lo. Tomando sua inteligência para medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo compreender, não podem admitir como possível aquilo que não compreendem. Quando se pronunciam sobre alguma coisa, seu julgamento é para eles inapelável.
Se não admitem o mundo invisível e uma potência extra-humana, não é que isso lhes esteja fora do alcance, mas porque seu orgulho se revolta à ideia de alguma coisa a que não possam se sobrepor, e que os faria descer do seu pedestal. Essa é a razão pela qual  só têm sorrisos de desdém por tudo o que não seja do mundo visível e tangível. Atribuem-se muito espírito e ciência para crerem em coisas que, segundo eles, são boas para os simples, tendo por pobres de espírito os que as levam a sério.
Entretanto, digam o que disserem, terão de entrar, como os outros, nesse mundo invisível que tanto ironizam. É lá que seus olhos serão abertos e reconhecerão seus erros. Mas Deus, que é justo, não pode receber da mesma forma aquele que desconheceu o seu poder e aquele que humildemente se submeteu às suas leis, nem aquinhoá-los por igual.
Ao dizer que o Reino dos Céus é para os simples, Jesus entende que ninguém será nele admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que acredita mais em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Ele coloca a humildade entre as virtudes que nos aproximam de Deus, e o orgulho entre os vícios que d'Ele nos afastam. E isso por uma razão muito natural: a de ser a  humildade um ato de submissão a Deus, enquanto o orgulho é uma revolta contra Ele. Mais vale, portanto, para a felicidade futura do homem, ser pobre de espírito, no sentido mundano, e rico de qualidades morais.

Tradutor: Prof. Dr. Jorge leite de Oliveira



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