Em dia com o Machado (5 - jlo)
Começam
a dar flores as pessoas honestas como você, amigo(a) leitor(a).
No Rio, aparece um casal que catava papelão para
sobreviver e vivia na rua. Não por prazer, é claro, mas por necessidade. A mulher dizia que os dois juntos ganhavam
cem reais... por mês.
Eis que um dia, um restaurante é assaltado, e o ladrão
leva vinte mil reais numa bolsa: dezessete mil em cédulas, três mil em moedas.
O alarme toca, a polícia é chamada. O ladrão desesperado joga a bolsa no mato e
foge. Alarmado com o barulho da sirene, o casal deixa a ponte onde se abrigava e, ao passar pelo mato, acha a bolsa com o dinheiro. E agora, o que fazer? É muita grana, diz ela. Mas não é nossa, responde ele... Vamos devolver ao dono. Ela concorda, e ambos vão à procura da polícia para entregar o dinheiro achado.
Encontrado o policial, este recebe a bolsa com o dinheiro intacto, então chama o dono do restaurante, que lhe confirma o roubo. Enfim, devolve-lhe a pequena fortuna, que teria dado para resolver, por um bom tempo, o problema de falta de moradia e de alimentação do casal de rua.
— Por que devolveu o dinheiro? Pergunta-lhes o guarda. Vocês jamais seriam suspeitos de terem ficado com o roubo, pois ninguém viu o ladrão desfazer-se da bolsa que vocês acharam.
— Minha mãe adotiva sempre me ensinou a ser honesto, disse o rapaz...
— É preferível passar fome a roubar alguém, completa a mulher.
— É verdade, há dias que não comemos um bom prato... Confirma o marido.
Pobre senhora! Pobre senhor! Há quem diga que esse casal é santo.
— Meu filho é abençoado por Deus, diz a mãe do rapaz em programa evangélico de TV. Desde pequeno, levava-o para assistir ao culto na minha igreja. Aleluia! Aleluia, irmão!
— Deus seja louvado, irmã - responde o pastor entrevistador -. E você, telespectador, assista todo o domingo ao culto do Senhor Jesus neste canal. Doe os dízimos à sua igreja e será salvo!... Doravante!
(Mistura, apoteótico, “de agora em diante” com “avante”; mas isso não tem a menor importância, amigo(a) leitor(a); o importante é impressionar o(a) telespectador(a), contribuinte em potencial...)
Entanto, a honestidade também contagia. O dono do restaurante, comovido com a grandeza do casal, ofereceu-lhes, de imediato, emprego em seu estabelecimento. Não sem antes fornecer um belo prato de comida com arroz, feijão e bife a cavalo a cada um.
Enquanto comia o PF[1], José, o honesto, sentado à mesa com ela, dizia à honesta Maria:
— Hoje estou até me sentindo gente, comendo esta comida tão gostosa.
— Sinto-me transformada, disse também Maria.
Vendo a cena, todos choramos.
A honestidade comove... E floresce...
Quanto aos dízimos...
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