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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Em dia com o Machado (jlo - 3)

Bom-dia! 

Publicou-se há dias um comentário de um grande escritor brasileiro sobre a constatação de que, desde a época de Machado de Assis até os dias atuais, os 70% de nossa população que não sabiam ler continuam com este pequeno probleminha. Mas isso não tem a menor importância, pois a Copa do Mundo será aqui, a população vestir-se-á (se vestirá ficaria melhor, não é mesmo?) de verde-amarelo, os bairros estarão enfeitados com as cores brasileiras e, antes do término deste governo, tudo ficará como dantes no quartel de Abrantes (que nem conheço).
Gosto dos números, mas meus professores de matemática substituíram as contas de cabeça pela maquininha de calcular, depois pelo celular e, pobre aritmética... preferi trocá-la pelas letras, embora haja milhões de bons calculistas que desprezam a "última flor do Lácio inculta e bela", pois pensar dá trabalho e criar então nem se fala. Os números não têm metáforas, não têm frases, não têm retórica, não admitem controvérsia. Então, é ou não é melhor calcular do que escrever? Somar, diminuir, multiplicar, dividir é bem mais prático no ipode do que tentar entender o que se lê ou o que se escreve, não é mesmo? Nesse momento, vem-me à mente a frase de um humorista: "Freud, pode?"
Nada contra os matemáticos, contadores, economistas, alguns deles mais letrados do que eu, e todos imprescindíveis à economia de nosso país.
Desse modo, por exemplo, um político, ou seja, o leitor ou eu, almejando (mais chique do que desejando) falar do Brasil, falará:
- No dia em que houver uma Carta Magna (ou Lex Magna, ou Carta Maior, ou Lex Constitucional, Lei Maior, ou até mesmo Constituição) que puser nas mãos do povo, legítimo representante da democracia de todos os países, o seu destino, a ordem e o progresso caminharão de mãos dadas, pois "a voz do povo é a voz de Deus" (Há controvérsias, mas o que não é controverso neste mundo?). A opinião popular nacional (OPN - já há quem imagine aqui a sigla de um novo partido político) é o juiz supremo, o magistrado superior de todas as coisas e de toda a população nacional. Em face do exposto, suplico (Político não pede, amada leitora, implora, suplica.) à nação que vote em mim, para o bem da educação, e não nesses políticos corruptos que aí estão (Ão, ão, ão, nosso voto é do Julião, já imagina o parlamentar ouvir o povo gritar.).
A isso, retrucará o Número, com a maior singeleza:
- O Brasil é um país de iletrados. Somente 30% dos cidadãos brasileiros podem ler; ainda assim, dez por cento deles não leem letra de mão e outros 70% deles estupidificam-se no mais profundo alheamento literário e cultural. Não dominar a leitura é desprezar o Sr. Julião Tempesta dos Arrazoados; é ignorar o que ele cogita, o que ele almeja, o que ele significa, e mesmo se ele possui o direito de querer ou de pensar.
Setenta por cento vão, votam e voltam sem a mínima noção de quem elegeram para seu representante no Congresso ou na Câmara Municipal. Dão seu voto como se estivessem participando da Festa da Penha, por entretenimento. (Que saudades, Machado velho! Morei no pé do morro da igreja da Penha; ali, em nome de Nossa Senhora, fazia-se uma festa bonita, com bebidas a rodo, comidas a mancheias, fogos... Ah! os fogos da igreja da Penha faziam inveja aos de Copacabana.). Estão alheios a tudo, seja um golpe de Estado, seja uma revolução.
Respondo indignado:
- Todavia, entretanto, porém, contudo, Sr. Número, as nobres organizações governamentais...
- As OG são reais para somente trinta por cento da população nacional, e olhe lá... Rogo uma reforma de nossa política. Não se deve dizer: "educar a nação, representar o país, e, sim, investir nos 30%, representar os 30%, defender 30%, pois somente há no Brasil 30% de cabeças pensantes (algumas delas de rocinantes). A opinião popular é metonímica, toma-se a parte pelo todo. Ainda assim, somente uns 8 a 10% desses 30% estão razoavelmente informados. Um parlamentar que proferir o sensato discurso de que representa 10% de seus eleitores dirá uma grande verdade.
E eu ficarei com minha indignação e o Número com comprovação científica e matemática do IPOBE, que confirma racionalmente seus argumentos, com base em 2.000 eleitores consultados na última pesquisa; todos legítimos representantes desta nação de 200 milhões de cidadãos.

Um comentário:

  1. Esclareço a quem interessar que estas três crônicas são da autoria de Jorge Leite de Oliveira. Meu objetivo é postar outras trinta, pelo menos, após o que farei a revisão final de todas elas e encaminharei para publicação em livro. Ninguém está autorizado a reproduzir, com fins comerciais ou com omissão do nome do autor, os textos postados neste blog, de acordo com a Lei dos direitos autorais.

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