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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013



Em dia com o Machado 31 (jlo)

            Ora, meu caro leitor, como pode uma doutrina que tanta influência provocou na alma de um escritor, que tanto foi comentada por ele, que tanto lhe serviu de mote  em suas crônicas, contos, romances e até em peças teatrais ser menosprezada pelo narrador; mormente quando agora já não são as “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, mas as do próprio Machado que estão sendo expostas, ao serem psicografadas por este meu secretário?
            Já lhe disse alhures, em crônica ulterior: tornei-me espírito-espírita e estou preparando este tolo pretensioso para verter, aos olhos mortais de quem me ler, as minhas notícias atuais. É assim que começo lembrando uma questão de O Livro dos Espíritos sobre o mérito do sacrifício, por alguém, sem segunda intenção, de sua própria vida para o salvamento da vida de outrem (q. 951). “— Isso é sublime”, pois “Todo sacrifício feito à custa da própria felicidade é um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, porque é a prática da lei de caridade”.
            — Do you have a dog?
            Pois esta semana, durante as enchentes ocorridas em Duque de Caxias, um pai e uma filha morreram afogados na tentativa desesperada de salvar seu cãozinho de afogamento. Não sei se o cão se salvou, mas a atitude do casal foi, no mínimo, heroica, conforme o conceito humano. Sua intenção não foi cuidar da própria vida, mas salvar a vida do pobre animal, o que eleva muito o mérito de sua ação diante de Deus.
            Enquanto tantos exterminam seu semelhante por bagatelas, como o caso do assassinato de um cliente por causa de uma diferença de sete reais na conta, há heróis ainda (felizmente), neste mundo, que não receiam arriscar a própria vida para salvar até mesmo a de um animal.
            Isso lembra Francisco de Assis: “— Irmão Vento, irmão Sol, irmã Lua... Irmão Lobo, tu és meu irmão. Rouxinol, sabiá, criaturas de Deus, somos obras da Criação”.
            Um bombeiro foi mais feliz. Conseguiu trazer em seu colo dois gatinhos, que, agradecidos, não reagiram quando ele os abraçou com carinho e salvou do afogamento.
            Quando tais cenas nos são mostradas na TV, refletimos em quanta lição de grandeza espiritual existe no dia a dia da humanidade. Que bom será quando a mídia passar a dar o mesmo destaque e prioridade a essas notícias como os dá às dos crimes e às patifarias políticas em nosso “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, consoante previu meu amigo, também ora escritor do Plano Espiritual, Humberto de Campos, em obra psicografada por Chico Xavier. Uma entre 412 que ele permitiu às “Vozes do Além” transmitirem a este planeta.
            Desencarnei dois anos antes do nascimento desse monumento, desse homem que, em sua humildade, se dizia não passar de um cisco: franCISCO. Cândido como o são as almas elevadas, que não receiam arriscar suas vidas pelos seres da Criação, sejam eles homens ou bichos; alguns mais bichos do que humanos; outros, mais humanos do que bichos.
            Só ratifico o alerta da Espiritualidade Superior, contido nos comentários finais da questão supracitada: antes de sacrificar sua vida, com desinteresse, renunciando-a “pelo bem de seu semelhante”, deve-se “refletir se sua vida não será mais útil do que sua morte”.
            Nem sempre dá tempo para isso, não é mesmo?
            Por vezes, o amor fala mais alto. É aí que surgem os heróis.
            Boa-madrugada!

2 comentários:

  1. Vale a pena ler e refletir na crônica do "Machado" número 31.
    Está em jojorgeleite.blogspot.com.br esperando você. É curtinha. Leia-a e comente com seus amigos (ou inimigos, rs).

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  2. Para que não haja dúvida, quando o narrador destaca em itálico a palavra "psicografada" a intenção é demonstrar que a palavra, ali, está com o sentido meramente literário, o que não significa que a crônica tenha sido escrita mediunicamente.

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