Em dia com o Machado 104 (jlo)
— Meu caro Joteli, pensas escrever sobre os vícios e leste “A Igreja
do Diabo”, de nossa autoria. Descobriste, nesse conto, que o ser humano é incoerente;
mas tudo é contraditório, na Terra, Jo, menos Deus e seu Filho unigênito, que,
porém, ainda não são deste mundo.
Houve um tempo, em que o Governo estava nas mãos dos legítimos
representantes do povo e de Deus. Quem não estivesse alinhado com esses
representantes fazia parte dos “eleitos do demo”. Como “na natureza, nada se
cria, nada se perde, tudo se transforma”, segundo Lavoisier, os detentores
provisórios do poder também “não se criam”, se transformam.
Só há um porém: nessa mutação, algo se ganha, algo se perde.
— Exemplifique, meu caro Machado.
— Pois não, o que o brasileiro está ganhando, atualmente, é uma “liberdade”
que “nunca na história deste país” foi vista. Como consequência, cito sete
conquistas:
a) o direito de manifestação pacífica tem levado
às ruas milhares de pessoas;
b) no carnaval, milhões de camisinhas são
distribuídas aos interessados gratuitamente;
c) foi proposta por uma sexóloga política
de São Paulo a abolição do casamento;
d) também, insistentemente, vem-se
incentivando a liberdade de escolha sexual;
e) há forte apelo feminista pela
legalização incondicional do aborto;
f) já está sendo proposta, também, a
prática legal da eutanásia;
g) o Supremo Tribunal Federal acaba de
autorizar a realização da “marcha da maconha” em Brasília, sob a alegação de
que, constitucionalmente, todos têm direito à liberdade de expressão.
Então, os manifestantes saíram às ruas com
faixas como estas: “Descriminaliza”; “Maconha: cultive esta ideia”; “Legaliza a
maconha”; “Legalizar o cultivo caseiro é combater o tráfico”.
— Meu bom Bruxo, afirma-se que “uma mentira repetida mil vezes
torna-se uma verdade”...
— “Bombruxo” é a...
— Você falou sobre o que se ganha, mas o que se perde?
— Caro Jo, o que se perde resulta do que se ganha, afinal, como já te
disse, o ser humano é a contradição em pessoa. Consequentemente:
a) ainda não houve sequer uma manifestação
“pacífica” que não resultasse em enormes danos patrimoniais públicos e
privados;
b) como é mais prazeroso transar sem
camisinha, milhares de pessoas, de todas as idades, contraem Aids e diversas doenças
venéreas; outras, jovens, engravidam sem o desejarem;
c) os adeptos da abolição do casamento
recrudesceram ao estado de bárbaros sociais;
d) a liberdade de escolha sexual rebaixa o
homem a um estágio evolutivo inferior ao da maioria dos animais, que ainda
optam pelo acasalamento macho e fêmea; consequentemente, é negada, com essa
prática, a lei de evolução humana;
e) a legalização do aborto dá à mulher
poderes superiores aos da Divindade, proporcionando-lhe o direito de matar o
ser que é gerado em seu ventre por Vontade de Deus; com isso, ela nega o “seja
feita a Vossa Vontade” da prece “Pai Nosso” ensinada pelo Cristo, nosso modelo
e guia de aperfeiçoamento espiritual;
f) a prática da eutanásia é semelhante ao
homicídio legal, o que viola o mandamento divino do “não matarás”;
g) autorizar a realização da “marcha da
maconha” é incentivar a propaganda ao comércio e consumo da droga.
— É por isso, Machado, que três quartas partes da humanidade acende
uma vela para Deus e outra para o diabo.
— Falta-lhes coerência, meu caro Joteli.
— O que se percebe, atualmente, Bruxo, é que o vício e as paixões
atingiram tal grau de devastação nas consciências humanas, que os pervertidos
são considerados normais e os normais são considerados pervertidos.
— Pois o que parecia pior ainda pode piorar. Com a permissividade dos
costumes do jeito que está, o que é bem vai virar mal e o que é mal vai virar
bem. Nesse dia, o demo terá concluído a sua obra e a Igreja de Deus será
substituída pela Igreja do diabo.
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