Em dia com o Machado 102 (jlo)
— Estimado amigo, aqui vai um
alerta: muita mentira é postada na internet, como esta frase, atribuída
a mim: “O problema da internet é que nunca se sabe se o crédito é
verdadeiro”.
Ora, meu caro, em minha época, no
século XVIII, ainda nem existia a lei que regula os direitos autorais, no
Brasil, como então se falar de crédito autoral? Informe-se, meu amigo;
informe-se...
Leia minhas obras gratuitamente
no site www.dominiopublico.gov.br
e faça delas o uso que desejar, sem consultar-me. Afinal sou um autor-defunto
e, como tal, não exijo consultas prévias quanto à autorização ou não de
publicação dos meus textos. De duas coisas, porém, faço questão: veracidades da
informação e do nome do autor.
Pessoas até mesmo bem
intencionadas podem, sem conferir a procedência dos e-mails a mim
atribuídos, postá-los como se fossem verdadeiros. Por isso, ainda sou mais a
letra cursiva, a psicografia ou a velha máquina de datilografia quando desejo
me comunicar, ora pois...
Falemos, agora, sobre a Copa do
Mundo de Futebol no Brasil. Será que o investimento financeiro terá retorno?
Doze estádios foram construídos ou estão prestes a ser inaugurados, ao preço
total de cerca de oito bilhões de reais. Imagine quanto não se investirá em
educação, saúde e segurança...
O bom de tudo isso é que teremos
melhores rodovias, modernos aeroportos, comércio em alta, empregos a residentes
ou não, médicos estrangeiros... Ô, coisa boa! O circo está sendo montado, e o
pão vem com a bolsa-família cheia; o fogo, porém, ninguém sabe de onde vem...
— O valor dos ingressos e a
cobertura televisiva, com certeza, vão cobrir esses gastos, meu caro Bruxo.
— Não, meu barato Joteli, o lucro
maior com a transmissão e ingressos dos jogos é da Fifa.
— Cê tá brincando, Machado...
A Copa não é aqui? Os investimentos financeiros na construção e administração
dos estádios, aeroportos, rodovias, segurança não são feitos 97% pelo Governo
do Brasil?
— Sim, pobre senhor, todavia nunca,
jamais se viu uma propaganda tão positiva em relação ao paraíso (fiscal, é bem
verdade) que é nosso país. É a França falando bem; são os EUA enaltecendo a
glória tupiniquim; é a Espanha querendo ganhar o torneio com a ajuda de um
grande atacante brasileiro naturalizado espanhol... Até os japoneses rasgam
elogios a nós.
Aqui em Brasília, sede de alguns
jogos, o campeonato local tem tido pífia participação dos torcedores; mas
durante e depois da Copa você vai ver como isto aqui ficará. Se viver, verá...
— Vou ver é o estrago que está
sendo feito à minha nação, Machado. Pobre país, pobre povo que só vive de
sonhos, “deitado eternamente em berço esplêndido”, e não quer acordar. Levanta,
Brasil! Lucros da Fifa... Não vejo graça nenhuma nisso...
— Quer um exemplo da desproporcionalidade
entre custo e benefício do evento, reles secretário? Dou-to agora: há poucos
dias, ocorreu um jogo do campeonato local de Brasília, entre os times Legião e
Atlético Ceilandense, que teve como público pagante nove pessoas. Entretanto, o
público não pagante foi sete vezes maior.
É por isso que sou contra as
torcidas organizadas. Elas não pagam ingressos e ainda agridem jogadores,
destroem o patrimônio dos clubes, etc.
— Atualmente, tais pessoas são
chamadas de vândalos, Machadinho.
— Quanto é mesmo nove vezes sete?
63? Ah!, sim, entendi... Pode-se até fazer um paralelo com o que ocorrerá na
Capital do Brasil. Estima-se que a média de público dos jogos do campeonato
local fique em torno de mil pessoas; contudo, o estádio construído para os sete
jogos da Copa na Capital tem capacidade para receber 71.000 pessoas.
— Se toda a renda vai para a
Fifa, que lucro teremos com isso, Bruxo? Ainda tento entender...
— Incremento do turismo, Jo... Já
pensou o que acontecerá quando o mundo inteiro descobrir a Praia do Francês, em
Alagoas e a Praia do Rosa, em Santa Catarina? E a melhor festa junina do mundo,
em Campina Grande, Paraíba? Já pensou nisso? Temos, também, a Praia de Atalaia
e o Mercado de Aracaju, em Sergipe... Fernando de Noronha é um paraíso!
— Só tem um problema, Machado: em
nenhum desses lugares haverá jogos da Copa.
— Mas isso não tem importância, abestado;
com a infraestrutura aeroviária construída e os trens- bala não haverá um só cantinho do Brasil
que não seja conhecido.
— Por falar em trens-bala, Machado, creio que não só
a polícia civil e militar, como também todas as
Forças Amadas de nossa “pátria armada” precisam estar
alerta nesses dias de grande paixão. Vai que os torcedores não aceitem uma ou
outra derrota do escrete canarinho e resolvam pôr fogo nos estádios. Já pensou
no prejuízo que teremos?
— Isso é coisa de vândalos. Não
falemos mais em Copa. Adeus.
Ah! Antes que eu me esqueça: o
que é mesmo internet?
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