Cont. trad. livre de Jorge Leite de Oliveira
1.5 Instruções dos Espíritos: a nova era
Deus é
único, e Moisés é o Espírito que Ele enviou com a missão de torná-lo conhecido, não
somente dos hebreus, mas também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o
instrumento de que Deus se serviu para fazer sua revelação por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes sofridas
por esse povo destinavam-se a chamar a atenção geral e fazer cair o véu que ocultava a Divindade.
Os mandamentos de Deus, transmitidos por Moisés, portam o germe da moral
cristã mais ampla. Os comentários da Bíblia reduziam-lhes o sentido, porque,
postos em ação em toda a sua pureza, não seriam então compreendidos. Mas os Dez Mandamentos de Deus nem por isso
deixaram de ser o brilhante frontispício da obra, como um farol que devia
iluminar para a humanidade o caminho a percorrer.
A moral ensinada por Moisés era apropriada ao estado de
adiantamento em que se encontravam os povos chamados à regeneração, e esses
povos, semisselvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido
que se pudesse adorar a Deus sem holocaustos,
nem que se pudesse perdoar a um inimigo. Sua inteligência, notável no tocante às
coisas materiais, e mesmo em relação às artes e às ciências, estava muito
atrasada em moralidade, e eles não se submeteriam ao domínio de uma religião
inteiramente espiritual. Necessitavam de uma representação semimaterial, como a
que então lhes oferecia a religião hebraica. Os holocaustos, pois, lhes falavam
aos sentidos, enquanto a ideia de Deus lhes falava ao espírito.
O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral: a
moral evangélico-cristã, que deve renovar o mundo, aproximar os homens e
torná-los fraternos; que deve fazer jorrar de todos os corações humanos a
caridade e o amor ao próximo, e criar entre todos os homens uma solidariedade
comum; duma moral, enfim, que deve transformar a Terra, fazê-la morada de Espíritos
superiores aos que a habitam hoje. É a lei do progresso, a que a natureza está submetida,
que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer a
humanidade avançar.
Os tempos são chegados em que ideias morais se devem
desenvolver, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de
Deus. Elas devem seguir o mesmo roteiro que as ideias de liberdade seguiram,
como suas precursoras. Mas não se pense que esse desenvolvimento se fará sem
lutas. Não, porque elas necessitam, para chegar ao amadurecimento, de agitações
e discussões, a fim de atraírem a atenção das massas. Uma vez despertada a
atenção, a beleza e a santidade da moral tocarão os Espíritos, e eles se dedicarão
a uma ciência que lhes traz a chave da vida futura e lhes abre a porta da
felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o
Espiritismo a concluirá. Um Espírito Israelita (Mulhouse, 1861).
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