Cont. da trad. livre d'O Evangelho Segundo o Espiritismo, em sua 3ª ed. francesa, por Jorge Leite de Oliveira.
1.5.2 Erasto, discípulo de Paulo (Paris, 1863)
Agostinho é
um dos maiores divulgadores do Espiritismo. Manifesta-se por quase toda parte,
e a razão disso a encontramos na vida desse grande filósofo cristão. Pertence a
essa vigorosa falange dos Pais da Igreja, a quem a Cristandade deve as suas
mais sólidas bases. Como vários outros, ele foi arrancado ao paganismo, ou
melhor diremos, à mais profunda impiedade, pelo fulgor da verdade. Quando, em
meio aos seus desregramentos, sentiu na própria alma a estranha vibração que o fez
voltar a si mesmo e o fez compreender que a felicidade não estava alhures, nem
nos prazeres enervantes e fugidios; quando, enfim, na sua Estrada de Damasco,
ele também ouviu a santa voz que o clamava: "Saulo, Saulo, por que me
persegues?" exclamou:
"Meu Deus! Meu Deus, perdoe-me,
eu creio, sou cristão!" E desde então se tornou um dos mais
firmes pilares do Evangelho. Podemos ler, nas notáveis confissões desse eminente
Espírito, as palavras características e proféticas, ao mesmo tempo, que ele pronunciou
ao ter perdido Santa Mônica: "Estou
convencido de que minha mãe me virá visitar e me e dar os seus conselhos, me
revelando o que nos espera na vida futura". Que ensino nessas palavras,
e que brilhante previsão da futura Doutrina! É por isso que hoje, vendo chegada
a hora de divulgação da verdade, que ele já havia pressentido, faz-se o seu
ardente propagador, e se multiplica, por assim dizer para atender a todos os
que o chamam.
Nota: Agostinho vem, por acaso, modificar aquilo que ensinou? Não,
seguramente, mas como tantos outros, ele vê com os olhos do espírito o que não
podia ver como homem. Sua alma liberta percebe claridades novas, e compreende o
que antes não compreendia. Novas ideias lhe revelaram o verdadeiro sentido de
certas palavras. Quando na Terra, julgava as coisas segundo os conhecimentos
que possuía; mas, quando nova luz se fez para ele, pode julgá-las com maior
clareza. É assim que ele teve de abandonar sua crença referente aos espíritos íncubos e súcubos, bem como o anátema que havia lançado contra a teoria dos antípodas.
Agora que o Cristianismo lhe aparece em toda a sua pureza, ele pode, sobre
certos pontos, pensar de maneira diversa de quando vivia, sem deixar de ser o
apóstolo cristão. Pode, sem renegar sua fé, fazer-se o propagador do Espiritismo,
porque nele vê o cumprimento das predições. Ao proclamá-lo, hoje, nada mais faz
do que nos conduzir a uma interpretação mais sã e mais lógica dos textos. Dá-se
o mesmo com outros Espíritos, que se encontram numa posição semelhante.
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