Em dia com o Machado
364 (jó)
Vigiemos e oremos, pois somos vigiados por uma
multidão de espíritos.[1]
O Espírito Manoel Philomeno de Miranda, que ditou
ao médium e tribuno espírita Divaldo Pereira Franco dezessete obras,
explica-nos que faz parte de uma equipe socorrista, no plano espiritual, em
geral, dirigida pelo grande apóstolo do Espiritismo, Bezerra de Menezes. Nessas
obras, Philomeno de Miranda aborda a influência nefasta dos inimigos
desencarnados sobre nossas mentes. Essa interferência ocorre quando, misturando
seus pensamentos com os nossos, esses Espíritos, denominados obsessores,
provocam uma espécie de curto-circuito cerebral em suas vítimas que, muitas vezes, sem se darem
conta, são levadas a atitudes anormais.
O desequilíbrio pode ser desencadeado por algum ato
grave que tenhamos cometido, em prejuízo de alguém e de nós mesmos, que altera
nosso estado de consciência. Como nem sempre somos capazes de diferençar os próprios
pensamentos dos de nossos inimigos desencarnados, interferidos nos nossos, se
não nos defendermos com “vigilância e oração” recomendadas pelo Cristo, o
processo, inicialmente sutil, agrava-se com o tempo e pode mesmo causar-nos
distúrbios mentais graves.
Adilton Pugliese, organizador, ampliou seus estudos de todas as obras de Philomeno de Miranda e republicou,
com a aprovação de Divaldo Franco, o livro intitulado Obsessão: instalação e cura. Neste, encontramos roteiro muito útil
para o estudo dessa nefasta influência na vida de grande número de pessoas em
todos os tempos. Seu conteúdo é baseado em narrações de fatos reais, que
desenvolvem o contido no pentateuco kardequiano sobre os diversos tipos de obsessão e o que fazer para sua
profilaxia e tratamento.
Em todas as obras de Allan Kardec e na sua Revista Espírita, existe rico material
sobre o assunto, agora desenvolvido com exemplos vivos desse que é considerado
um verdadeiro “flagício social” por Miranda e, antes, pelo próprio Codificador
do Espiritismo.
Na obra organizada por Adilton, lemos relatos dos
casos que, se não identificados em tempo hábil, levam as pessoas obsidiadas à
verdadeira loucura. Os obsessores usam técnicas refinadas, baseadas na
identificação das falhas da personalidade comprometida em sua individualidade espiritual,
e atuam implacavelmente sobre suas consciências, não lhes dando tréguas. Daí
ser necessário que nos conheçamos bem, a fim de não cairmos nessas armadilhas.
Não nos esqueçamos de que, na Terra, o único ser
humano plenamente identificado com Deus foi Jesus. E não alimentemos
pensamentos deprimentes pelas faltas cometidas. Antes, aprendamos com elas a
não mais errar.
Todos nós erramos e ainda vamos cometer muitos
erros. Lembremo-nos, entretanto, desta frase do apóstolo Pedro: “O amor cobre a
multidão de pecados” (I Pedro, 4:8). Principalmente quando jovens (e agora a
juventude alcança a casa quarentenária), cometemos algumas falhas de observação,
erros de avaliação e injustiças com as pessoas. Não podemos, porém, sentar em
cima da falta e dali não mais sair. O modo de reparar um mal é substituí-lo por
boas ações, pelo pedido sincero de perdão e pelo propósito de não mais
incidirmos no erro.
Uma das formas de observarmos as tristes
consequências de pessoas que não se perdoaram é a visita a esses tristes lares
em que não só o faltoso como sua própria família expiam suas faltas passadas,
não corrigidas a tempo. Então, ao reencarnarem, plasmam corpos deformados. Em
Santo Antônio do Descoberto, visitamos algumas famílias que nos demonstram quanto temos a agradecer a Deus
por termos um corpo perfeito e a oportunidade de reparar em tempo alguns erros
da mocidade e mesmo da idade madura. Pois, como dizia o apóstolo Paulo, somos
ainda mais propensos ao mal do que ao bem, mesmo já sendo adeptos deste.
Um jovem, atualmente internado com infecção
generalizada, há cerca de vinte anos, foi acometido de paralisia física e
cerebral, e vegeta em cima de modesta cama. Até os dezessete anos de idade era
um rapaz saudável. Na última semana, soubemos que seu pai também foi internado.
Este, além de sofrer do mal de lázaro,
também contraiu câncer prostático.
Outro jovem, muito forte da cintura para cima, tem
as pernas atrofiadas e o cérebro lesado, sendo encontrado sempre sentado sobre
modesto sofá do lar de sua resignada e forte mãe, ironicamente, conhecida como
dona Chagas. Esse jovem é quase cego e não fala. No mesmo lar, outro rapaz,
aparentemente saudável, está quase cego. Também visitamos a casa duma jovem que
sofre de paralisia cerebral congênita. Com o corpo magro e retorcido, está
sempre estirada em sua cama. Em geral, profundamente adormecida.
Precisamos aproveitar a oportunidade que Deus nos
deu e trabalhar em nós o sentimento de piedade para com nós mesmos e para com todos aqueles
nossos irmãos, do presente e do passado, aos quais, independentemente do que
eles sintam por nós, precisamos amar e servir com todas as forças de nossa
alma.
A começar dos que o Senhor colocou em nossa casa.
Daí a necessidade de um tratamento espiritual, quando o assédio dos obsessores
se torna implacável e nefasto ao nosso equilíbrio mental. O que não dispensa a
orientação e medicação do psiquiatra.
E, agindo de acordo com a recomendação paulina, certamente estaremos
livres de maiores complicações, quando optarmos pelo amor incondicional: “Não
desanimemos na prática do bem, pois, se não desfalecermos, a seu tempo
colheremos” (Gálatas, 6:9).
[1]
PAULO. Bíblia de Jerusalém (Hebreus,
12:1, 2). “Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor,
rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança
para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o iniciador
e consumador da fé, Jesus [...]”.
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