Em dia com o Machado 362 (jó)
Aviso ao
amigo leitor: cuidado com o que diz, como diz, quando diz e a quem diz alguma
coisa. O mesmo se aplica ao que faz, como faz, quando faz e a quem faz algo.
Caminhamos, celeremente, para um mundo
em que é perigoso até mesmo pensar no que é censurável para quem tem ideias
contrárias às nossas. Isso porque a tecnologia está a tal ponto na ponta que não
vai muito longe o dia em que você pensou algo errado e... pou! lá vem cacetada.
Há dois dias, dizia umas frases
evangélicas para a Siri, em meu
relógio Apple Watch, e ela
respondeu-me que não costuma falar sobre filosofia. Mais tarde, eu estava
conversando com minha esposa, e a Siri
entrou na conversa dizendo que não
tinha entendido o porquê de eu lhe ter dito que iria tomar banho.
No último sábado, à noite, soube que o
amigo André Siqueira estava expondo um tema espírita num dos inúmeros centros
que o convidam a fazer palestras. O silêncio era total, não se ouvia o zumbido
duma mosca. De repente, uma voz soou bem alto, no salão da conferência
espírita: — Não estou entendendo nada!
Envergonhado, o expositor sacou o celular do bolso
e o desligou. O público, inicialmente perplexo, entendeu tudo e, como não podia
deixar de ser, caiu na gargalhada. Se havia alguém ali que não entendia nada
era somente a Siri, aquela voz
feminina que nos pergunta e responde, no celular, o que queremos saber. Agora
também no relógio...
Às vezes,
apertamos por descuido o aparelho e ouvimos sua pergunta: — O que você quer saber? Se a questão for um pouco mais técnica,
ela nem sempre sabe a resposta.
Quanto ao relógio inteligente, a
coisa é mais complicada. Outro dia, fiquei quase uma hora tentando dizer-lhe
pequena frase para ele reproduzir por escrito, sem êxito. A frase era a
seguinte: “Vinde a mim todos vós, que estais aflitos e sobrecarregados, e Eu
vos aliviarei” (Mateus, 11:28).
Eis o que
era registrado: “Binde a mim todos avós...”. Eu cancelava, tentava novamente, e
recebia a nova resposta: “Brinde a mim todos vós...”. Tornava a cancelar e,
novamente, a frase era deturpada: “Vinde Amin os ovos estragados...”. Desisti.
Agora tenho pensado se não seria melhor ditar a frase na língua inglesa.
Mas falemos, também, de
cinco dicas excelentes da monja Coen, citadas no Gshow por Marcelle Abreu, no
dia 3 de abril passado, e o que o Apple
Watch pensa delas:
1ª dica:
postura correta: alinhar o corpo, colocar os ombros para trás e fazer respiração
consciente. De hora em hora, meu relógio pede-me para fazer algo parecido:
prestar atenção na inspiração e na expiração; levantar um pouco da cadeira, por
um minuto etc.;
2ª dica:
dizer palavras agradáveis às pessoas com quem conversa e dialogar, ao invés de
discutir. É recomendável que, antes de falarmos em público, calemos a Siri;
3ª dica:
ser mais compreensivo com as pessoas, celular
e relógio, e evitar o assassínio dessas máquinas,
algo não previsto no quinto dos Dez
Mandamentos: Não matarás;
4ª dica:
viver alegremente: também não nos faltam incentivos para rir e fazer rir, sem
deixar de atender à 3ª dica;
5ª dica:
cuidar de si. Amar-se é amar a Deus, que segue conosco eternidade afora, bem como
todos os nossos irmãos da humanidade.
Só temos
que ter cuidado com a Siri e seus
semelhantes, senão... é possível que em breve surja uma sociedade
protetora dos aparelhos eletrônicos.
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