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quinta-feira, 5 de setembro de 2019





5.7 Instruções dos Espíritos

5.7.1 Bem e mal sofrer

Quando Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus", não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam sobre o trono ou sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que apenas as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta; Deus lhes recusa consolações, se não tiverem coragem.
A prece é um sustentáculo para a alma, mas não é suficiente: precisa apoiar-se numa fé viva na bondade de Deus. Ele já lhes disse, frequentemente, que não coloca fardos pesados em ombros frágeis; mas o fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto maior, quanto mais penosa foi a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.
O militar que não é enviado à linha de fogo não fica contente, porque o repouso no campo não lhe proporciona nenhuma promoção. Seja como o militar, e não aspire a um repouso que enfraqueceria  seu corpo e entorpeceria  sua alma. Contente-se, quando Deus o envia à luta. Essa luta não é o fogo das batalhas, mas as amarguras da vida, nas quais muitas vezes necessitamos de mais coragem que num combate sangrento, pois aquele que se mantém firme diante do inimigo pode fraquejar sob o impacto de uma pena moral. O homem não recebe nenhuma recompensa por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva a coroa e um lugar glorioso.
Quando se deparar com uma causa de dor ou de contrariedade, eleve-se  acima dela. E quando chegar a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, diga, a si mesmo, com justa satisfação: "Fui o mais forte!"
Bem-aventurados os aflitos pode, então, ser traduzido assim: Bem-aventurados os que têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra; e após o trabalho virá o repouso.
Lacordaire. Havre, 1863.

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