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sexta-feira, 27 de setembro de 2019




5.7.4 Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras  

Quando a morte vem ceifar em suas famílias, levando sem consideração os jovens em lugar dos velhos, dizem frequentemente: "Deus não é justo, pois sacrifica o que está forte e  cheio de futuro, para conservar os que já viveram longos anos, carregados de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que não servem mais para nada; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da inocente criatura que era toda a sua alegria”.
Criaturas humanas, é nisso que vocês necessitam elevar-se acima do terra-a-terra da vida, para compreender que o bem está, muitas vezes, onde julgam ver o mal; a sábia providência onde creem ver a fatalidade do destino.  Por que medir a Justiça Divina pela sua medida? Podem supor que o Senhor dos Mundos queira, por um simples capricho, infligir-lhes penas cruéis? Nada se faz sem um propósito inteligente, e, seja o que for que ocorra,  tudo tem  sua razão de ser. Se perscrutassem melhor todas as dores que os atingem, sempre encontrariam nelas a razão divina, razão regeneradora, e seus miseráveis interesses representariam uma consideração secundária, que relegariam para o último plano.
Creiam-me: a morte é preferível, mesmo numa encarnação de vinte anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias respeitáveis, ferem um coração de mãe, e fazem branquear antes do tempo os cabelos dos pais. A morte prematura frequentemente é um grande benefício, que Deus concede ao que se vai e que se preserva assim das misérias da vida, ou das seduções que poderiam arrastá-lo à perdição. Aquele que morre na flor da idade não é vítima da fatalidade, mas Deus julga que é útil para ele não ficar mais tempo na Terra.
É uma terrível desgraça, dizem, que uma vida tão cheia de esperanças seja cortada tão cedo! De que esperanças querem falar? Daquelas da Terra onde aquele que se foi poderia brilhar, fazer sua carreira e sua fortuna? Sempre essa visão estreita que não consegue elevar-se acima da matéria! Sabem qual tem sido a sorte dessa vida tão cheia de esperanças, segundo entendem? Quem lhes diz que ela não poderia estar carregada de amarguras? Consideram como nada as esperanças da vida futura, preferindo as da vida efêmera que arrastam pela Terra? Imaginam, então, que mais vale uma posição elevada, entre os homens, do que entre os Espíritos bem-aventurados?
Regozijem-se em vez de chorar, quando apraz a Deus retirar um de seus filhos deste vale de misérias. Não seria egoísmo desejar que fique, para sofrer convosco? Ah! Essa dor se concebe entre os que não têm fé, e que veem na morte a separação eterna. Mas vocês, espíritas, vocês sabem que a alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães, saibam que seus filhos bem-amados estão perto de vocês; sim, eles estão bem perto; seus corpos fluídicos as envolvem, seus pensamentos as protegem, e a lembrança que deles guardam transportam-nos de alegria; mas também as suas dores sem razão os afligem, porque denotam uma falta de fé e constituem uma revolta contra a vontade de Deus.
Os que compreendem a vida espiritual escutem as pulsações de seu coração chamando esses entes bem-amados. E, se pedirem a Deus que os abençoe, sentirão consolações poderosas, dessas que secam as lágrimas; sentirão aspirações grandiosas, que lhes mostrarão o futuro prometido pelo Soberano Senhor.
Sansão, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, 1863.

Tradução livre da 3ª ed. francesa pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira

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