5.7.4
Perda de pessoas amadas. Mortes prematuras
Quando a morte vem ceifar em suas famílias, levando sem
consideração os jovens em lugar dos velhos, dizem frequentemente: "Deus
não é justo, pois sacrifica o que está forte e cheio de futuro, para conservar os que já viveram
longos anos, carregados de decepções; pois leva os que são úteis e deixa os que
não servem mais para nada; pois despedaça o coração de uma mãe, privando-a da
inocente criatura que era toda a sua alegria”.
Criaturas humanas, é nisso que vocês necessitam elevar-se acima
do terra-a-terra da vida, para compreender que o bem está, muitas vezes, onde julgam
ver o mal; a sábia providência onde creem ver a fatalidade do destino. Por que medir a Justiça Divina pela sua medida?
Podem supor que o Senhor dos Mundos queira, por um simples capricho, infligir-lhes
penas cruéis? Nada se faz sem um propósito inteligente, e, seja o que for que
ocorra, tudo tem sua razão de ser. Se perscrutassem melhor
todas as dores que os atingem, sempre encontrariam nelas a razão divina, razão regeneradora, e seus miseráveis interesses representariam uma consideração secundária, que relegariam
para o último plano.
Creiam-me: a morte é preferível, mesmo numa encarnação de vinte
anos, a esses desregramentos vergonhosos que desolam as famílias respeitáveis,
ferem um coração de mãe, e fazem branquear antes do tempo os cabelos dos pais.
A morte prematura frequentemente é um grande benefício, que Deus concede ao que se vai e que se preserva assim das misérias da vida, ou das seduções que poderiam
arrastá-lo à perdição. Aquele que morre na flor da idade não é vítima da fatalidade,
mas Deus julga que é útil para ele não ficar mais tempo na Terra.
É uma terrível desgraça, dizem, que uma vida tão cheia de
esperanças seja cortada tão cedo! De que
esperanças querem falar? Daquelas da Terra onde aquele que se foi poderia brilhar,
fazer sua carreira e sua fortuna? Sempre essa visão estreita que não consegue
elevar-se acima da matéria! Sabem qual tem sido a sorte dessa vida tão cheia de
esperanças, segundo entendem? Quem lhes diz que ela não poderia estar carregada
de amarguras? Consideram como nada as esperanças da vida futura, preferindo as
da vida efêmera que arrastam pela Terra? Imaginam,
então, que mais vale uma posição elevada, entre os homens, do que entre os Espíritos
bem-aventurados?
Regozijem-se em vez de chorar, quando apraz a Deus retirar um de
seus filhos deste vale de misérias. Não seria egoísmo desejar que fique, para
sofrer convosco?
Ah! Essa dor se concebe entre os que não têm fé, e
que veem na morte a separação eterna. Mas vocês, espíritas, vocês sabem que a
alma vive melhor quando livre de seu invólucro corporal. Mães, saibam que seus filhos bem-amados estão perto de vocês;
sim, eles estão bem perto; seus corpos fluídicos as envolvem, seus pensamentos as
protegem, e a lembrança que deles guardam transportam-nos de alegria; mas
também as suas dores sem razão os afligem, porque denotam uma falta de fé e constituem
uma revolta contra a vontade de Deus.
Os que compreendem a vida espiritual escutem as pulsações de seu
coração chamando esses entes bem-amados. E, se pedirem a Deus que os abençoe,
sentirão consolações poderosas, dessas que secam as lágrimas; sentirão
aspirações grandiosas, que lhes mostrarão o futuro prometido pelo Soberano
Senhor.
Sansão, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, 1863.
Sansão, antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, 1863.
Tradução livre da 3ª ed. francesa pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário