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sexta-feira, 20 de setembro de 2019



Tradução livre em terceira pessoa do Dr. Jorge Leite de Oliveira


5.7.3 A felicidade não é deste mundo

Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! exclama geralmente o homem, em todas as posições sociais. Isso, meus caros filhos, prova melhor que todos os raciocínios  possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: "A felicidade não é deste mundo". Com efeito nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor, são condições essenciais da felicidade. Digo mais: nem mesmo a reunião dessas três condições, tão cobiçadas, pois que ouvimos constantemente, no seio das classes privilegiadas, pessoas de todas as idades lamentarem amargamente sua condição de existência.
Diante disso, é inconcebível que as classes trabalhadoras e militantes invejem tão avidamente a posição das que parecem favorecidas pela fortuna. Neste mundo, por mais que se faça, cada qual tem a sua parte de trabalho e de miséria, seu quinhão de sofrimento e decepções. Donde é fácil chegar-se à conclusão de que a Terra é um lugar de provas e de expiações.
Assim, pois, os que pregam que a Terra é a única morada do homem e que somente nela, e numa só existência, lhe é permitido alcançar o mais alto grau das felicidades que sua natureza comporta, iludem-se e enganam aqueles que os escutam. Considerando-se que está demonstrado, por uma experiência multissecular, que este globo só excepcionalmente reúne as condições necessárias à felicidade completa duma pessoa.
Genericamente, pode afirmar-se que a felicidade é uma utopia, a cuja conquista as gerações se lançam, sucessivamente, sem jamais a alcançarem. Porque, se o homem sábio é uma raridade neste mundo, o homem realmente feliz nunca foi encontrado.
Aquilo em que consiste a felicidade na Terra é coisa tão efêmera, para quem não se deixa guiar pela sabedoria, que por um ano, um mês, uma semana de completa satisfação, todo o resto da existência se passa numa sequência de amarguras e decepções. E notem, meus caros filhos, que falo aqui dos felizes da Terra, dos invejados pelas multidões.
Consequentemente, se a morada terrena se destina a provas e expiações, deve-se admitir que existem, além, moradas mais favorecidas, em que o Espírito do homem, ainda prisioneiro dum corpo material, desfruta em sua plenitude das alegrias inerentes à vida humana. Foi por isso que Deus semeou, no seu turbilhão, esses belos planetas superiores para os quais seus esforços e suas tendências os farão um dia gravitar, quando estiverem suficientemente purificados e aperfeiçoados.
No entanto, não se deduza de minhas palavras que a Terra esteja para sempre destinada a ser penitenciária. Não, por certo! Porque, dos progressos realizados se pode facilmente deduzir os progressos futuros, e, das melhorias sociais já conquistadas, virão novas e mais fecundas melhorias. Essa é a tarefa imensa que deve ser realizada pela nova Doutrina que os Espíritos lhes revelaram.
Assim, pois, meus queridos filhos, que um santo estímulo os anime, e que cada um dentre vocês se despoje energicamente do velho homem. Dediquem-se todos à propagação desse Espiritismo, que já deu início à sua própria regeneração. É um dever fazer seus irmãos participarem dos raios dessa luz sagrada. À obra, portanto, meus queridos filhos! Que nesta reunião solene, todos os seus corações aspirem a esse grandioso objetivo, de preparar para as futuras gerações um mundo em que felicidade não seja mais uma vã palavra.

François-Nicolas-Madelaine - Cardeal Morlot
Paris, 1863.

Um comentário:

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