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sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Continuação da tradução livre da terceira edição francesa d'O Evangelho Segundo o Espiritismo pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira:



7.4.2 Adolfo, Bispo de Argel, 
Marmande, 1862.

Seres humanos, por que lamentam as calamidades que vocês mesmos amontoaram sobre suas cabeças? Desprezaram a santa e divina moral do Cristo; não se admirem então de que a taça da iniquidade haja transbordado por toda a parte.
O mal-estar se generaliza. De quem é a culpa, senão de vocês mesmos, que incessantemente procuram esmagar uns aos outros? Vocês não podem ser felizes sem mútua benevolência, mas como a benevolência pode existir junto com o orgulho? O orgulho é a fonte de todos os seus males. Apliquem-se, pois, à tarefa de destruí-lo, se não quiserem perpetuar suas funestas consequências. Um só meio vocês têm para isso, mas esse meio é infalível: tomarem por regra invariável de sua conduta a lei do Cristo, lei que têm rejeitado ou falseado na sua interpretação.
Por que vocês têm em tão grande estima o que brilha e encanta os olhos, em vez do que toca o coração? Porque o vício desenvolvido na opulência é o objeto da sua adulação, enquanto nada mais têm do que um olhar de desdém para o verdadeiro mérito, que se oculta na obscuridade? Que um rico libertino, perdido de corpo e alma, se apresente em qualquer lugar, e todas as portas lhe são abertas, todas as honras são para ele, enquanto mal se concede uma saudação ao homem de bem que vive do seu trabalho. Quando a consideração que se dispensa aos outros é medida pelo peso do ouro que eles possuem, ou pelo nome que trazem, que interesse podem eles ter de se corrigirem de seus defeitos?
A situação seria outra, entretanto, se o vício dourado fosse fustigado pela opinião pública, como o é o vício em andrajos. Mas o orgulho é indulgente para tudo quanto o lisonjeia. Século de cupidez e de dinheiro, dizem vocês. Sem dúvida; mas por que deixaram as necessidades materiais sobrepujarem o bom senso e à razão? Por que cada um deseja elevar- se acima do seu irmão? Hoje, a sociedade sofre as consequências disso.
Não esqueçam que tal estado de coisas é sempre o sinal de decadência moral. Quando o orgulho atinge seu extremo, é indício de uma próxima queda, pois Deus sempre pune os soberbos. Se às vezes os deixa subir, é para lhes dar tempo de refletir e de emendar-se, sob os golpes que, de tempos em tempos, desfere no seu orgulho como advertência. Mas, em vez de humilharem, eles se revoltam. Então, quando a medida está cheia, Deus a revira por completo, e a queda é tanto mais terrível, quanto mais alto hajam subido.
Pobre raça humana, cujo egoísmo corrompeu todos os caminhos, reanime-se, apesar de tudo! Em sua misericórdia infinita, Deus lhe envia poderoso remédio para seus males, socorro inesperado à sua aflição. Abra os olhos à luz: aqui estão as almas dos que não mais vivem na Terra, para lhes recordar os verdadeiros deveres. Elas dir-lhe-ão com a autoridade da experiência, quanto as vaidades e as grandeza de sua passageira existência são pequeninas, diante da eternidade. Dir-lhe-ão que, no Além, será maior o que foi menor entre os pequenos deste mundo; que o que mais amou seus irmãos será também o mais amado no Céu; que os poderosos da Terra, se abusaram da sua autoridade, serão obrigados a obedecer aos seus servos; que a caridade e a humildade, enfim, essas duas irmãs que estão sempre de mãos dadas, são os títulos mais eficazes para se obter graça diante do Eterno.


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