10.6 INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS
10.6.1 Perdão das ofensas
Simeon
Bordeaux, 1862
Quantas vezes perdoarei
ao meu irmão? Você o perdoará não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Eis
um desses ensinos de Jesus que devem tocar sua inteligência e falar bem alto ao
seu coração. Compare essas palavras misericordiosas com a oração tão simples, tão
resumida, e ao mesmo tempo tão grande em suas aspirações, que Jesus ensinou a
seus discípulos, e encontrará sempre o mesmo pensamento. Jesus, o
justo por excelência, responde a Pedro: Você o perdoará, mas sem limites;
perdoará cada ofensa, tantas vezes quantas ela lhe for feita; ensinará a seus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que
nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias; será brando e humilde de coração, sem medir jamais sua
mansuetude; e fará, enfim, o que deseja que o Pai celeste faça por você. Não está
Ele a perdoá-lo sempre e acaso conta o número de vezes que seu perdão vem
apagar suas faltas?
Ouçam, pois, essa
resposta de Jesus, e, como Pedro, apliquem-na a vocês mesmos. Perdoem, usem a indulgência,
sejam caridosos, generosos, pródigos mesmo do seu amor. Deem, porque o Senhor lhes
dará, perdoem, porque o Senhor os perdoará, abaixem-se, que o Senhor os
levantará; humilhem-se, que o Senhor os fará sentar-se à sua direita.
Vão, meus bem-amados,
estudem e comentem essas palavras que lhes dirijo, de parte d'Aquele que, do
alto dos esplendores celestes, tem sempre os olhos voltados para vocês e
continua com amor a tarefa ingrata que começou há dezoito séculos. Perdoem,
pois, seus irmãos, como têm necessidade de ser perdoados. Se seus atos os
prejudicaram pessoalmente, eis um motivo a mais para serem indulgentes, pois o
mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal. Não haveria nenhum mérito em desculpar os erros de seus
irmãos, se estes apenas os incomodassem levemente.
Espíritas, não se esqueçam de que, tanto por palavras como por atos, o
perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma vã expressão. Se vocês se dizem
espíritas, sejam-no de fato: esqueçam o mal que lhes tenham feito, e pensem
apenas numa coisa: no bem que possam fazer. Aquele que enveredou por esse
caminho não se deve afastar dele, nem mesmo em pensamento, pois é responsável
pelos seus pensamentos, que Deus conhece. Façam, pois, que eles sejam desprovidos
de qualquer sentimento de rancor. Deus sabe o que permanece no fundo do coração
de cada um. Feliz, pois, daquele que pode dizer cada noite, ao dormir: nada
tenho contra o meu próximo.
Tradução livre, em
terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.
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