A INDULGÊNCIA - Para
19/6/20
José
Espírito protetor, Bordeaux, 1863
Espíritas, queremos hoje
falar-lhes da indulgência, esse sentimento tão doce, tão fraternal, que toda
pessoa deve ter para com os seus irmãos, mas que tão poucos praticam.
A indulgência não vê os
defeitos dos outros, ou, se os vê, evita comentá-los e divulgá-los. Ao contrário,
oculta-os, para que não sejam conhecidos somente dela e, se a malevolência os
descobre, ela tem sempre uma desculpa pronta para os disfarçar, isto é, uma
desculpa plausível, séria, e não daquelas que, aparentando atenuar a falta, mais
a evidenciam com hábil perversidade.
A indulgência jamais se
preocupa com os maus atos alheios, a menos que seja para prestar um serviço,
mas ainda assim ela tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz
observações chocantes, nem tem censuras nos lábios, mas apenas conselhos quase
sempre velados. Quando você critica, que consequência se deve tirar de suas
palavras? A de que você, que censura, não pratica o que condena, e vale mais do
que o culpado. Ó humanidade! Quando passará a julgar seu próprio coração,
seus próprios pensamentos e seus próprios atos, sem se ocupar do que fazem seus
irmãos? Quando abrirá seus olhos somente sobre si mesma?
Sejam, pois, severos para
consigo mesmos, indulgentes para com os outros. Lembrem-se daquele que julga em
última instância, que vê os secretos pensamentos de cada coração e que, por
conseguinte, desculpa frequentemente as faltas que censuram ou condena as que desculpam, porque conhece o motivo de
todas os atos. Lembrem-se de que vocês, que clamam bem alto: "anátema!",
talvez tenham cometido faltas mais graves.
Sejam indulgentes, meus
amigos, porque a indulgência atrai, acalma, corrige, enquanto o rigor desanima,
afasta e irrita.
Tradução livre, em
terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.
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