João, bispo de Bordeaux, 1862
Sejam indulgentes com as
faltas alheias, quaisquer que elas sejam. Não julguem com severidade senão suas
próprias ações, pois o Senhor usará de indulgência com vocês, do mesmo modo como
forem indulgentes com os outros.
Sustentem os fortes: encorajem-nos
à perseverança; fortifiquem os fracos, mostrando-lhes a bondade de Deus, que
leva em conta o menor arrependimento; mostrem a todos o anjo do arrependimento,
estendendo suas brancas asas sobre as faltas dos humanos, e ocultando-as assim
aos olhos daquele que não pode ver o que é impuro. Compreendam toda a
misericórdia infinita de seu Pai, e nunca se esqueçam de lhe dizer em
pensamento, mas sobretudo pelas suas ações: "Perdoe as nossas ofensas como
perdoamos aos nossos ofensores". Compreendam bem o valor destas sublimes
palavras. Não só a letra é admirável, como também o ensinamento que ela
encerra.
Que solicitam ao Senhor
quando lhe pedem perdão? Somente o esquecimento de suas ofensas? Esquecimento
que os deixaria no nada, pois se Deus se contentasse de esquecer as suas
faltas, não os puniria, mas também não os recompensaria. A recompensa
não pode ser o prêmio do bem que não foi feito, e menos ainda do mal que se
tenha feito, mesmo que esse mal fosse esquecido. Pedindo perdão para suas
transgressões, o que lhe pedem é o favor de suas graças, para não caírem de
novo, é a força necessária para entrarem num novo rumo de submissão e de amor,
no qual poderão juntar a reparação ao arrependimento.
Quando perdoarem seus
irmãos, não se contentem em estender o véu do esquecimento sobre suas faltas.
Esse véu é frequentemente muito transparente aos seus olhos. Acrescentem o amor
ao seu perdão. Façam por eles o que pediriam a seu Pai Celeste que fizesse por vocês.
Substituam a cólera que mancha pelo amor que purifica. Preguem pelo exemplo,
essa caridade ativa, infatigável, que Jesus lhes ensinou. Preguem-na como Ele
mesmo o fez durante todo o tempo em que viveu na Terra, visível aos olhos do
corpo, e como ainda prega, sem cessar, depois que se fez visível apenas aos
olhos do espírito. Sigam esse Divino Modelo, caminhem sobre suas pegadas; elas
os conduzirão ao refúgio onde encontrarão o descanso após a luta. Como Ele, todos
vocês tomem sua cruz e subam penosamente, mas corajosamente, seu calvário: no
seu topo está a glorificação.
Tradução livre, em
terceira pessoa, pelo Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira.
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