Em 13 fev. 2022.
19 A FÉ QUE TRANSPORTA MONTANHAS
Poder da fé - A fé religiosa - Condição
de fé inabalável - Parábola da figueira seca - Instruções dos Espíritos: A
fé, mãe da esperança e da caridade - A fé divina e a fé humana.
19.1 Poder da fé
E
depois que veio para onde estava o povo, chegou-se a Ele um homem que, posto de
joelhos, lhe dizia: Senhor, tenha compaixão de meu filho que é lunático e sofre
muito, porque muitas vezes cai no fogo, e muitas na água. E tenho-o apresentado
a seus discípulos, e eles não o puderam curar. E respondendo Jesus, disse: Oh! geração
incrédula e perversa, até quando hei de estar com vocês, até quando os hei de
sofrer? Tragam-no aqui. E Jesus o abençoou, e saiu dele o demônio, e desde
àquela hora ficou o moço curado. Então lhe perguntaram: Por que nós não pudemos
expulsar esse demônio? Jesus lhes disse: Por causa da sua pouca fé. Porque na
verdade lhes digo que, se tiverem fé do tamanho dum grão de mostarda, dirão a
este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada lhes será
impossível (Mateus, 17:14-19).
É certo que, no sentido próprio, a confiança nas próprias forças torna-nos capazes de realizar coisas materiais que não podemos fazer, quando duvidamos de nós mesmos. Mas aqui é somente no seu sentido moral que devemos entender essas palavras. As montanhas que a fé transporta são as dificuldades, as resistências, a má vontade, numa palavra, que encontramos entre os homens, mesmo quando se trata das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho dos que trabalham para o progresso da Humanidade.
A fé robusta
confere a perseverança, a energia e os recursos necessários para a vitória
sobre os obstáculos, tanto nas pequenas quanto nas grandes coisas. A fé
vacilante produz a incerteza, a hesitação, de que se aproveitam o adversários
que devemos combater: ela nem sequer procura os meio de vencer, porque não crê
na possibilidade de vitória.
Noutra
acepção, considera-se fé a confiança que se deposita na realização de
determinada coisa, a certeza de atingir um objetivo. Nesse caso, ela confere
uma espécie de lucidez, que faz antever pelo pensamento os fins que se tem em
vista e os meios de atingi-los, de maneira que aquele que a possui avança, por
assim dizer, infalivelmente. Num e noutro caso, ela pode fazer que se realizem
grandes coisas.
A fé sincera e
verdadeira é sempre calma. Proporciona a paciência que sabe esperar, porque estando
apoiada na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao
fim. A fé vacilante sente sua própria fraqueza, e quando estimulada pelo
interesse torna-se furiosa e acredita poder suprir com violência a força que
lhe falta. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança, enquanto
a violência, pelo contrário, é prova de fraqueza e de falta de confiança em si mesmo.
Não se deve
confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia à humildade. Aquele que
a possui deposita mais confiança em Deus do que em si mesmo, pois sabe que,
simples instrumento da vontade de Deus, nada pode sem Ele. É por isso que os Bons
Espíritos vêm em seu auxílio. A presunção é mais orgulho do que fé, e o orgulho
é sempre castigado cedo ou tarde, pela decepção e pela derrota que lhes são
infligidas.
O poder da fé
tem aplicação direta e especial na ação magnética. Graças a ela, o homem age sobre
o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá impulso por
assim dizer irresistível. É por isso que a criatura dotada de grande poder
fluídico normal pode operar unicamente pela sua vontade, dirigida para o bem,
esses estranhos fenômenos de cura e de outra natureza que antigamente eram
considerados prodígios, e que entretanto não passam de consequências de uma lei
natural. Essa a razão porque Jesus disse aos seus apóstolos: "Se não o conseguiram
curar, foi por causa de sua pouca fé".
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