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domingo, 28 de agosto de 2022

 



A candeia  sob o alqueire (conclusão)

 

Pergunta-se que proveito o povo poderia tirar dessa multidão de parábolas, cujo sentido estava oculto para ele. Deve notar-se que Jesus só se exprimiu em parábolas sobre as questões, de algum modo abstratas, da sua doutrina. Mas, havendo feito da caridade para com o próximo e da humildade a condição expressa da salvação, tudo o que disse a esse respeito é perfeitamente claro, explícito e sem nenhuma ambiguidade. Assim, devia ser, porque se tratava de regra de conduta, regra que todos deviam compreender, para poderem observar. Isso era o essencial para a multidão ignorante, à qual se limitava a dizer: “Eis o que é preciso fazer para se ganhar o reino dos céus”.

Sobre outras partes, só desenvolvia os seus pensamentos para os discípulos. Estando eles mais adiantados, moral e intelectualmente, Jesus podia iniciá-los nas verdades mais abstratas. Foi por isso que disse: Àqueles que já têm, ainda mais se dará (cap. 18, it. 15). Entretanto, mesmo com os apóstolos, tratou de modo vago sobre muitos pontos, cuja noção completa estava reservada aos tempos futuros. Foram esses os pontos que deram lugar a diversas interpretações, até que a Ciência, de um lado, e o Espiritismo, de outro, vieram revelar as novas leis da natureza, que tornaram compreensível o seu verdadeiro sentido.

O Espiritismo vem atualmente projetar luz sobre uma porção de pontos obscuros, mas não o faz inconsideradamente. Os espíritos procedem, nas suas instruções, com admirável prudência. É sucessiva e gradualmente que eles têm abordado as diversas partes conhecidas da Doutrina, e é assim que as demais partes serão reveladas no futuro, à medida que chegue o momento de fazê-las sair da obscuridade. Se a houvessem apresentado completa desde o início, ela não teria sido acessível senão a um pequeno número; e teria mesmo assustado aqueles que não se achavam preparados, o que seria prejudicial à sua propagação.

Se os espíritos, portanto, ainda não dizem tudo ostensivamente, não é porque a Doutrina possua mistérios reservados aos privilegiados, nem que eles ponham a candeia debaixo do alqueire, mas porque cada coisa deve vir no tempo oportuno. Eles deixam que cada ideia tenha o tempo e amadurecer e se propagar, antes de apresentarem outra, e aos acontecimentos, o tempo de lhes preparar a aceitação.

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