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domingo, 21 de agosto de 2022


 
Candeia debaixo do alqueire (continuação)

Dá-se com os homens em geral o que se dá com os indivíduos. As gerações têm sua infância, sua juventude e sua maturidade. Cada coisa deve vir a seu tempo, e a semente lançada fora de época não frutifica. Mas o que a prudência manda calar momentaneamente cedo ou tarde será descoberto, porque, alcançado um certo estágio de desenvolvimento, os homens procuram por si mesmos a luz intensa; a obscuridade lhes é pesada. Deus concedeu-lhes a inteligência para compreender e guiar-se nas coisas da Terra e do céu, a fim de que raciocinem sobre sua fé. Por isso é que a lâmpada não deve ser colocada debaixo do alqueire, pois sem a luz da razão, a fé enfraquece (cap. 19, it. 7).

Se, então, na sua prudente sabedoria, a Providência, não revela as verdades senão gradualmente, ela as revela sempre, à medida que a humanidade amadurece para recebê-la. Ela as mantém em reserva, e não  sob o alqueire.

Os homens, porém, que estão de posse de verdades, em geral, as ocultam do vulgo com a intenção de dominá-lo. São esses os que colocam verdadeiramente a luz debaixo do alqueire. É assim que todas as religiões sempre tiveram seus mistérios, cujo exame proibiram. Mas enquanto essas religiões ficaram para trás, a ciência e a inteligência avançaram e romperam o véu misterioso. O vulgo, ao se tornar adulto, pôde assim penetrar o fundo das coisas e eliminar de sua fé o que era contrário à observação.

Não pode haver mistérios absolutos, e Jesus está com a razão quando diz que não há nada secreto que não venha a ser conhecido. Tudo o que está oculto será descoberto um dia. O que o homem ainda não pode compreender na Terra lhe será sucessivamente revelado em mundos mais avançados, quando ele se houver purificado. Neste mundo, ele ainda está no nevoeiro.


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