24.2 Não vão aos
gentios
Jesus enviou seus doze
apóstolos, dando-lhes estas instruções: Não vão pelo caminho dos gentios, nem
entrem em cidade de samaritanos; mas vão antes às ovelhas perdidas da casa
de Israel. E pondo-se a caminho, preguem que está próximo o Reino dos Céus (Mateus,
10:5-7).
Jesus demonstra, em muitas circunstâncias, que as suas vistas não estão circunscritas ao povo judeu, mas abrangem toda a humanidade. Quando disse, portanto, aos apóstolos, que não se dirigissem aos pagãos, não foi por desprezar a sua conversão, o que não seria caridoso, mas porque os judeus, que aceitavam a unicidade de Deus e esperavam o Messias, estavam preparados para receber sua palavra, pela lei de Moisés e pelos profetas. Entre os pagãos, faltava essa base; tudo ainda estava por fazer, e os apóstolos ainda não se achavam suficientemente esclarecidos para uma tarefa assim tão pesada. Eis porque lhes disse: — Vão às ovelhas perdidas de Israel, ou seja, vão semear em terreno já preparado, pois sabia que a conversão dos gentios viria a seu tempo. Mais tarde com efeito, os apóstolos foram plantar a cruz no próprio centro do paganismo.
Essas palavras podem ser aplicadas aos adeptos e aos
divulgadores do Espiritismo. Os
incrédulos sistemáticos, os obstinados zombadores, os adversários interessados,
são para eles o que eram os gentios para os apóstolos. A exemplo destes, devem procurar
prosélitos, primeiramente, entre as pessoas de boa vontade, que desejam a luz,
nas quais se encontra um germe fecundo, e cujo número é grande, sem perderem
tempo com os que se recusam a ver e entender, e que mais se aferram ao seu
orgulho, quanto maior for a importância que se pareça ligar à sua conversão.
Mais vale abrir os olhos a cem cegos que desejam ver claramente, do que a um só
que se compraz na obscuridade, porque isso seria aumentar em maior proporção o
número dos que sustentam a causa.
Deixar os outros em paz
não quer dizer indiferença, mas apenas boa política.
A vez deles chegará, quando estiverem dominados
pela opinião geral, e de tanto ouvirem a mesma coisa incessantemente repetida
ao seu redor, pois então julgarão que aceitam a ideia voluntariamente, por si
mesmos, e não sob a pressão de outra pessoa. Pois as ideias são como as sementes:
não podem germinar antes da estação própria, e a não ser em terreno preparado. Por
isso, é melhor esperar o tempo propício e cultivar primeiro as sementes que germinam, evitando
perder as outras por precipitação.
No tempo de Jesus, e em
consequência das ideias restritas e materiais da época, tudo era circunscrito e
localizado. A casa de Israel era um pequeno povo; os gentios eram pequenos
povos circunvizinhos. Hoje, as ideias se universalizam e espiritualizam. A nova
luz não é privilégio de nenhuma nação; para ela, não existem barreiras; seu
foco se distribui por toda parte, e todos os homens são irmãos. Mas também os gentios
não são mais um povo, mas uma opinião que se encontra em todo lugar e da qual a
verdade triunfa pouco a pouco, como o Cristianismo triunfou sobre o paganismo. Já
não é com armas de guerra que os combatemos, mas com o poder da ideia.
Linda passagem
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