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sábado, 3 de setembro de 2022



24.2 Não vão aos gentios

 

Jesus enviou seus doze apóstolos, dando-lhes estas instruções: Não vão pelo caminho dos gentios, nem entrem em cidade de samaritanos; mas vão antes às ovelhas perdidas da casa de Israel. E pondo-se a caminho, preguem que está próximo o Reino dos Céus (Mateus, 10:5-7).

Jesus demonstra, em muitas circunstâncias, que as suas vistas não estão circunscritas ao povo judeu, mas abrangem toda a humanidade. Quando disse, portanto, aos apóstolos, que não se dirigissem aos pagãos, não foi por desprezar a sua conversão, o que não seria caridoso, mas porque os judeus, que aceitavam a unicidade de Deus e esperavam o Messias, estavam preparados para receber sua palavra, pela lei de Moisés e pelos profetas. Entre os pagãos, faltava essa base; tudo ainda estava por fazer, e os apóstolos ainda não se achavam suficientemente esclarecidos para uma tarefa assim tão pesada. Eis porque lhes disse: — Vão às ovelhas perdidas de Israel, ou seja, vão semear em terreno já preparado, pois sabia que a conversão dos gentios viria a seu tempo. Mais tarde com efeito, os apóstolos foram plantar a cruz no próprio centro do paganismo.

Essas  palavras podem ser aplicadas aos adeptos e aos divulgadores do Espiritismo. Os incrédulos sistemáticos, os obstinados zombadores, os adversários interessados, são para eles o que eram os gentios para os apóstolos. A exemplo destes, devem procurar prosélitos, primeiramente, entre as pessoas de boa vontade, que desejam a luz, nas quais se encontra um germe fecundo, e cujo número é grande, sem perderem tempo com os que se recusam a ver e entender, e que mais se aferram ao seu orgulho, quanto maior for a importância que se pareça ligar à sua conversão. Mais vale abrir os olhos a cem cegos que desejam ver claramente, do que a um só que se compraz na obscuridade, porque isso seria aumentar em maior proporção o número dos que sustentam a causa.

Deixar os outros em paz não quer dizer indiferença, mas apenas boa política. A vez deles chegará, quando estiverem dominados pela opinião geral, e de tanto ouvirem a mesma coisa incessantemente repetida ao seu redor, pois então julgarão que aceitam a ideia voluntariamente, por si mesmos, e não sob a pressão de outra pessoa. Pois as ideias são como as sementes: não podem germinar antes da estação própria, e a não ser em terreno preparado. Por isso, é melhor esperar o tempo propício e cultivar primeiro as sementes que germinam, evitando perder as outras por precipitação.

No tempo de Jesus, e em consequência das ideias restritas e materiais da época, tudo era circunscrito e localizado. A casa de Israel era um pequeno povo; os gentios eram pequenos povos circunvizinhos. Hoje, as ideias se universalizam e espiritualizam. A nova luz não é privilégio de nenhuma nação; para ela, não existem barreiras; seu foco se distribui por toda parte, e todos os homens são irmãos. Mas também os gentios não são mais um povo, mas uma opinião que se encontra em todo lugar e da qual a verdade triunfa pouco a pouco, como o Cristianismo triunfou sobre o paganismo. Já não é com armas de guerra que os combatemos, mas com o poder da ideia.


Um comentário:

Viva a Cruz Vermelha! (Irmão Jó)   A Terra é um cipoal De ervas daninhas do mal.   A dor internacional Faz do mundo um hospital....