A humanidade regenerada
A humanidade regenerada
Marta Antunes Moura
A época atual, denominada pelo
Espiritismo Período de Transição,
apresenta significativas características: a) acelerado desenvolvimento
tecnológico e científico; b) convulsões sociais e morais; c) alterações
na estrutura geológica e atmosférica do Planeta. Muitas dessas condições ainda
transmitem inquietações, a despeito do progresso intelectual alcançado pela
humanidade. Contudo, as coisas irão se acomodar gradualmente e o reinado da paz
será estabelecido na comunidade planetária, como ensinam os Espíritos
orientadores: “[…] a Terra não deverá transformar-se por meio de um cataclismo
que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova
lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das
coisas.”1
“Para que os homens sejam felizes na Terra, é preciso que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que só se dediquem ao bem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica neste momento entre os que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, visto que, se assim não fosse, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso.”2
Os Espíritos refratários ao bem irão “[…]
expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em
raças ainda atrasadas, equivalentes a mundos inferiores, aos quais
levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo como missão fazê-las
avançar […].”3
Passado o período da Transição Planetária, surge a Era da Regeneração, assinalada por importante transformação da sociedade humana da Terra: “Nestes tempos, porém, não se trata de uma mudança parcial, de uma renovação limitada a certa região, ou a um povo, a uma raça. Trata-se de um movimento universal, que se opera no sentido do progresso moral.”4
Na humanidade regenerada
encontram-se unidos dois tipos de progresso: o intelectual —
caracterizado pela marcante aquisição do conhecimento em todos os campos do
saber, o qual proporcionará mais bem-estar à vida na existência física; e
o moral — assinalado pela solidariedade,
fraternidade e prática da caridade entre os indivíduos e os povos.
Obviamente, esse duplo progresso não ocorrerá sem
oposições , sem comoções sociais, sobretudo no campo das ideias, fazendo
surgir conflitos e perturbações , mas de natureza temporária, fazendo
restabelecer o equilíbrio: “É, pois, da luta de ideias que surgirão
os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente
materiais. Os cataclismos gerais foram consequência do estado de formação da
Terra. Hoje, não são mais as entranhas do globo que se agitam: são as da
humanidade.”5
À agitação dos encarnados somam-se a influência dos
desencarnados e as catástrofes da Natureza, estabelecendo momentos de
desarmonia que serão melhor administrados ou eliminados, considerando a
melhoria intelecto-moral existente. São os acontecimentos que estarão
presentes, em maior ou menor escala nos tempos iniciais da regeneração.
Contudo, à medida que o caráter do ser humano vai se aprimorando, a
solidariedade e a cooperação mútua serão utilizadas como instrumento de
paz e progresso:
“A humanidade, tornada adulta, tem novas
necessidades, aspirações mais vastas e mais elevadas; compreende o vazio com
que foi embalada, a insuficiência de suas instituições para lhe dar felicidade;
já não encontra, no estado das coisas, as satisfações legítimas a que se sente
com direito. É por isso que se despoja das fraldas da infância e se lança,
impelida por uma força irresistível, para margens desconhecidas, em busca de
novos horizontes menos limitados.”6
O sentimento de espiritualidade estará presente, inevitavelmente,
na humanidade regenerada, pois somente “[…] o progresso moral pode
assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente
esse progresso poderá fazer que reinem entre as criaturas a concórdia, a paz a
fraternidade.”7
O Espiritismo ocupará um papel de destaque na
humanidade regenerada que disponibilizará conhecimentos a respeito de onde vem
o Espírito porque está aqui e qual será a sua destinação. Haverá, então,
compreensão geral de fundamentos básicos ensinados pela Doutrina
Espírita: noção sobre Deus, sobre Jesus, enquanto o Messias Celestial,
sobrevivência do Espírito, a vida no plano extrafísico, influência e
comunicabilidade dos Espíritos, reencarnação…
O Evangelho é a referência a ser utilizada para o
crescimento moral do indivíduo que se esforçará para ser não apenas um servidor
da Seara do Cristo, mas um bom trabalhador:
“O bom trabalhador, no entanto, compreende, antes
de tudo, o sentido profundo da oportunidade que recebeu. Valoriza todos os
elementos colocados em seus caminhos, como respeita as possibilidades alheias.
[…]
Os cegos de espírito continuarão queixosos; no
entanto, os que acordaram para Jesus sabem que sua época de trabalho redentor
está pronta, não passou, nem está por vir. É o dia de hoje, é o ensejo
bendito de servir, em nome do Senhor, aqui e agora...”8
Mudanças para melhor acontecerão em todas as
áreas do saber humano, inclusive em relação às ideias religiosas, eliminando-se
os antagonismos que dividam pessoas e povos:
Essa fase já se revela por sinais inequívocos, por
tentativas de reformas úteis, por ideias grandes e generosas que começam a
encontrar eco. É assim que vemos fundar-se uma imensidade de instituições
protetoras, civilizadoras e emancipadoras, sob o influxo e por iniciativa de
homens evidentemente predestinados à obra da regeneração; que as leis penais
se impregnam dia a dia de sentimentos mais humanos. Os preconceitos de raça se
enfraquecem, os povos começam a considerar-se membros de uma grande família;
pela uniformidade e facilidade dos meios de realizarem suas transações, eles
suprimem as barreiras que os separavam, e de todos os pontos do mundo reúnem-se
em comícios universais, para os torneios pacíficos da inteligência […].”9
REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 27, p. 357.
2. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 27, p. 356.
3. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 27, p. 356-357.
4. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 6, p. 346.
5. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 7, p. 346.
6. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 14, p. 351.
7. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 19, p. 353.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel.
1. ed. 17. imp. Brasília: FEB, 2020. Cap. 73, p. 161 e 162.
9. KARDEC, Allan. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2.
imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. XVIII. It. 21, p. 354.
Disponível em: www.febnet.org.br. Acesso em 15 de junho de 2023.
Nenhum comentário:
Postar um comentário