Em
dia com o Machado 27 (jlo)
Não, o mundo não vai acabar no dia 21. Por isso mesmo, estou postando esta crônica no raiar do dia 10 de dezembro
de 2012, para que, no dia aprazado, você possa dizer: — Bem que o M. disse...
Mas, como dizia, é bom conhecer os
evangelhos. Lê-se em Lucas, cap. 17, vers. 11 a 19, a narração sobre a cura,
por Jesus, de dez leprosos. Dos dez, somente um voltou para agradecer; foi um
samaritano, de um povo considerado herege pelos judeus.
Então, Jesus perguntou-lhe: “Não
eram dez os limpos? E onde estão os nove?”. Pois bem, apenas a ele o Senhor
garantiu a cura real, que não se restringe ao corpo físico, mas ao espírito.
Assim também ocorre conosco, no
cotidiano de nossas vidas. Quantas vezes, pregamos a união e praticamos a
desunião, falamos em fraternidade e damos as costas ao nosso irmão,
recomendamos solidariedade e, de nariz empinado, o silêncio é a resposta, quando
um amigo ou amiga nos espera o apoio moral, ou mesmo um simples obrigado a uma
mensagem bonita, ou que pelo menos assim a julgamos.
Quer tirar uma prova disso? Não
mande nenhuma mensagem de corrente espiritual, ou pedido de envio de e-mails a
seus amigos. Escreva uma pequena frase de poucas linhas, com uma mensagem
pessoal e envie a trinta amigos, desejando-lhes feliz Natal. Se mais de três
responderem, dê graças a Deus e louve-o pelos amigos que tem.
Faça um convite a cem amigos para o
lançamento do seu livro e não aguarde mais que dez pessoas no evento.
Convide os cem para uma festa de
arromba, com comida, bebida, etc. tudo por conta da “casa” e garanto-lhe que
mais de cinquenta por cento comparecerão.
Assim é a vida, meu amigo. Quando
precisamos dar algo de nós a nossos amigos, sentimo-nos incomodados. Mas se o
beneficiado somos nós ainda achamos pouco se três em dez nos respondem
solidariamente.
Por vezes, movemos o mundo atrás dos
nossos interesses, mas não somos capazes de teclar algumas linhas de agradecimento
a uma singela mensagem pessoal. Quem sabe se isso não é reflexo de um
comportamento arredio meu? Faça o teste e diga-me o resultado. Se mais de dez
por cento lhe responderem, seu prestígio está muito acima do meu. Mas envie a
mensagem a, pelo menos, cinquenta pessoas.
Essas são reflexões de véspera de
Natal, mas sempre é bom lembrá-las a cada dia do ano. Onde está a união que
tanto pregamos, se não somos capazes de retornar um simples voto de Boas
Festas?
Na questão 886, de "O livro dos espíritos", Allan Kardec pergunta:
- Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade, como o entendia Jesus?
E a resposta é um BIP: B de benevolência; I de indulgência e P de perdão.
Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias e perdão das ofensas.
Talvez eu ainda precise repetir milhares de vezes essa frase para mim mesmo, a fim de me tornar mais complacente com o meu próximo e exercitar a verdadeira caridade.
Que o próximo ano lhe seja
promissor. E perdoe-me o pessimismo. É que a idade me vai tornando Casmurro.
Bom-dia!
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