Páginas

sábado, 15 de março de 2014

COMUNICAR É PRECISO III (Jorge Leite) - Publicado em 15 mar. 2014.
                                “Mestre é aquele que, de repente, aprende.” – Paulo Freire

Diga-me, amigo, quantos desvios da norma padrão você lê na seguinte frase:

Há três anos atrás minha amiga Clara foi ao Rio de Janeiro e nunca mais voltou. Fazem, portanto, alguns anos que não vejo-a, pois fui informado que mudou-se para lá.

Oito? Acertou.

1º) Com o verbo haver não se usa atrás. Portanto: Há três anos minha amiga Clara foi...
2º) Quando se vai definitivamente para um lugar, vai-se para e não a. Desse modo, “minha amiga Clara foi para o - e não ao - Rio de Janeiro”.
3º) E se foi para e não a, foi para ficar, o que explica nunca mais ter voltado; isso torna redundante a segunda parte da primeira frase “e nunca mais voltou”.
4º) O verbo fazer, assim como haver, no sentido de tempo, não se flexiona: “Faz, portanto, alguns anos que não...”.
Outro exemplo, com a flexão de haver: Havia anos que não ia à praia.
5º) O advérbio não, jamais, nunca e outros, de sentido negativo, atraem o pronome: Faz, portanto, anos, que não a vejo...
6º) Do mesmo modo, a “gangue do qu” sempre atrai o pronome. É ela quando, quanto, qual, quem, que e porque. Então, “fui informado de que se mudou para lá.
7º) E o sétimo erro? Se você não reparou, amigo, está corrigido bem acima: “fui informado de que. No sentido da frase em estudo, quem é informado o é sobre ou de algo ou alguma coisa.
Mas você não disse, Jorge Leite, que eram oito erros?
Sim, pois se você não reparou, faltou uma vírgula após o adjunto adverbial que inicia a primeira oração:
8º) Há três anos, minha amiga...

Desse modo, a frase correta é a seguinte: Há três anos, minha amiga Clara foi para o Rio de Janeiro. Faz, portanto, alguns anos que não a vejo, pois fui informado de que se mudou para lá.
Impressionante, não é? Pois é...

Essa frase faz-me lembrar uma piadinha lida há vários anos:
“Conversa do gerente de um escritório com sua secretária belíssima recém-contratada:
— Muito bem, só dois errinhos... Agora vamos à segunda palavra”.

Na próxima semana tem mais. Grande abraço.

Referência
SQUARISI, Dad. Dicas da Dad: português com humor. Brasília: Correio Braziliense, 2001, p. 104.

QUESTÕES VERNÁCULAS (1ª ed.)

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)







No uso das palavras adiante relacionadas geralmente se cometem cochilos. A forma correta está indicada entre parênteses:
1.     Menas (o certo é “menos”).
2.     Iorgute (iogurte).
3.     Mortandela (mortadela).
4.     Mendingo (mendigo).
5.     Trabisseiro (travesseiro).
6.     Trezentas gramas (trezentos gramas).
7.     De menor, de maior (diga simplesmente “maior” ou “menor” de idade).
8.     Cardaço (cadarço).
9.     Asterístico (asterisco).
10.  Beneficiente (beneficente).
11.  Meia cansada (meio cansada).

Lembremos também:
1.     Mal é o oposto de bem.
2.     Mau é o oposto de bom.
3.     A casa pode ser geminada (do latim geminare = duplicar) e não germinada.
4.     Cuspir é que é correto, e não gospir.
5.     Basculante, e não vasculhante, é o nome que se segue ao vocábulo janela.
6.     O peixe tem espinha (espinha dorsal) e não espinho, que é próprio das plantas.
7.     Homens dizem “Obrigado”; mulheres dizem “Obrigada”.
8.     O certo é haja vista (que se oferece à vista) e não haja visto.
9.     Faz dois anos que não o vejo, e não "fazem dois anos”.
10.  Algoz se pronuncia “algôz”, e não “algóz”.
11.  Palestrante, e não palestrista, é o nome que se dá a quem faz palestras.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

  A Ética (Irmão Jó)   Data marcante da época É um dia dois de maio Quando o sábio e o papagaio Manifestam sua ética.   O sá...