COMUNICAR É PRECISO I (Jorge Leite)
Como
poderei entender, se alguém me não ensinar? (Atos, 8:31.)
Distinto
leitor, tenho por lema que “viver é aprender”; por isso, nunca me senti humilhado
ou constrangido quando me corrigem algo em meus textos ou em minhas ações. Sabe
por quê? Porque sei que, em matéria de comunicação escrita ou falada, todo o
mundo erra. Nem mesmo Machado de Assis, considerado por muitos críticos como
nosso maior escritor, deixou de cometer seus deslizes linguísticos e
gramaticais. Mas não é meu objetivo aqui apontar erros de Machado, em especial,
nem de quem quer que seja, como será visto adiante, e sim propor ao leitor,
assim como a mim mesmo, aprender um pouco mais sobre a “Última flor do Lácio
inculta e bela”, no verso de Olavo Bilac.
Como
diz Édson de Oliveira, Todo o Mundo Tem Dúvida,
inclusive você, título de um livro seu. Sacconni tem a pretensão de nos
ensinar a não errar mais, em seu livro intitulado Não Erre Mais. Dad Squarisi, além de sua coluna no Correio Braziliense, publicou algumas
obras orientadas para o aprendizado do “português com humor” e redações
estilísticas, como Dicas da Dad e Manual de Redação e Estilo. Evanildo
Bechara ofereceu-nos, em 2009, a 37ª ed. de sua Moderna Gramática Portuguesa. José Carlos de Azeredo publicou sua Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. Jedor
Pereira Baleeiro nos brindou com Português
Prático. A Academia Brasileira de Letras, como órgão normalizador oficial,
ofertou-nos o Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa (VOLP)...
Daqui
por diante, não vou mais enumerar todas as dezenas de títulos que nos guiarão
nessa proposta de viver e aprender a língua portuguesa. Todavia, sempre que postar
algo relacionado ao esclarecimento de minhas próprias dúvidas, neste blog, além
dos exemplos criados, indicarei as obras que poderão esclarecer a dúvida do
leitor.
Começo
por alertar a leitora de que meu objetivo é ir apontando, aleatoriamente, a
princípio, os inumeráveis casos de erros correntes e curiosidades da língua
portuguesa. Fui professor da língua pátria por cerca de 25 anos, 22 dos quais
no Centro Universitário de Brasília (UniCEUB), onde lecionei, também,
linguística e sociolinguística, disciplinas que me ensinaram algo muito
importante: na comunicação, seja ela na linguagem padrão, seja na coloquial ou
mesmo popular, o mais importante é comunicar bem.
Para
encerrar, repito o que disse acima: jamais fico melindrado com as correções,
sempre bem-vindas, às minhas frases. Portanto, amigo leitor, fique à vontade
para corrigir-me, quando for preciso, ou esclarecer suas dúvidas em relação às
matérias por mim publicadas.
Então
vamos lá.
1. Como você cumprimenta,
por escrito, em seu e-mail, bilhete
ou outro gênero textual, sua amiga ou seu amigo? Bom dia, fulana; Boa tarde, sicrano; Boa noite, beltrano. Certo?
Errado.
O certo é Bom-dia, fulana; Boa-tarde, sicrano; Boa-noite, beltrano.
Sempre há hífen nessas palavras compostas.
2.
Chegou o fim do ano, e você enviou um cartão de boas festas ou de feliz ano
novo à sua namorada ou amigo, certo?
Errado.
O certo é escrever boas-festas e ano-novo com hífen.
Mas
a intenção foi pra lá de boa. Você conhece algum cartão com essas palavras
escritas assim? Nem eu sabia dessa, aprendi há pouco.
3. Você
tem lido sobre a boa nova de Jesus?
Dizem os linguistas que o uso consagra a norma, mas até o momento o VOLP,
contra todos os argumentos e registros, só aceita a palavra composta boa-nova, assim mesmo, com hífen.
Desse modo,
até que os linguistas responsáveis pela ortografia em nosso país aceitem que o
uso consagrou o composto sem o hífen, deve-se escrever boa-nova. Nesse caso, o que lemos trata sobre a boa-nova de Jesus, que pode ser
destacada como Boa-Nova.
Com a
palavra os linguistas, em especial a equipe responsável pela elaboração do Vocabulário ortográfico da língua
portuguesa.
Por hoje é só. Gostaram?
ACADEMIA Brasileira de Letras. Vocabulário ortográfico da língua portuguesa. 5. ed. São Paulo:
Global, 2009.
OLIVEIRA, Édson. Todo
o mundo tem dúvida, inclusive você. São Paulo: L&PM Editores, 2011.
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