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sábado, 22 de março de 2014

COMUNICAR É PRECISO IV (Jorge Leite)
                           
                                                                       “Todos nós sabemos alguma coisa.
                                                                       Todos nós ignoramos alguma coisa.
                                                                       Por isso aprendemos sempre.” -  
                                                                       Paulo Freire.

Outro dia, li o seguinte aviso num e-mail enviado por uma respeitável instituição jurídica:
“Caso não gostaria de receber mais nossas correspondências [...]”. Estranhou? Eu também.
Correção: “Caso não queiras receber mais nossas correspondências [...]”.
Um amigo nosso, muito culto, costuma escrever: “Vou um aviso aos companheiros.”
Comunicou? Claro. Mas e o português? Escuro como água turva...
Corrigindo: “Vou dar um aviso aos amigos, assistentes sociais, colegas de trabalho, etc..”
Companheiros? Nada haver com a política (?). Certo?
Errado. O certo é: Nada a ver com a política...
A não ser que outro contexto exija a inexistência de algo na política. Mas então dir-se-ia, por exemplo: A senadora disse quase nada haver na política que não seja motivo de escândalo em nosso país.
Aviso de elevador: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar.”
Certo? Bem, dá para entender. Então, comunicou.
Formalmente, porém, a frase contém duas impropriedades:
1ª – “o mesmo” não é sujeito de nenhuma frase e deveria ser substituído por “ele”;
2ª – quando o emissor distante se dirige a um destinatário, o pronome a ser utilizado é “esse” e não “este”. Exemplo: Encaminho a V. Sª esse dicionário...
Então, no aspecto formal, a frase deveria ser corrigida para:
Antes de entrar no elevador, verifique se ele está nesse andar.
O se conjunção atrai o se pronome. Nesse caso, a frase poderia ser a seguinte:
Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra nesse andar.

Referências
HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
CIPRO NETO, Pasquale. Inculta e bela 1. 4. ed. São Paulo: Publifolha, 2002, p. 134- 135.

QUESTÕES VERNÁCULAS (2ª edição)

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

Veremos nesta semana algo sobre construção de frases, grafia e pronúncia de algumas palavras bem conhecidas:
1.      “Havia muitas pessoas no local” e não "Haviam muitas pessoas...”, porque o verbo haver, no sentido de "existir", mantém sempre a forma singular.
2.      Em razão disso, devemos dizer sempre: “Houve muitos convidados na festa”, e não “Houveram muitos convidados na festa”. “Pode haver problemas”, e não “Podem haver problemas”.
3.      “A partir de agora vou mudar”, e não “À partir de agora vou mudar”, porque a crase só se compreende quando a palavra que se segue for feminina, esteja ou não oculta. “Partir” é verbo e, portanto, repele o artigo “a”, que forma a crase ao fundir-se com a preposição “a”.
4.      “Isto veio para eu ler”, e não “para mim ler”, porque o pronome pessoal “eu” é o único cabível em construções dessa natureza. Da mesma maneira que ninguém diria: “Isto é para ti fazer”, é impensável dizer: “Isto é para mim fazer”.
5.      Se não houvesse o verbo “ler” na frase mencionada no tópico anterior, aí sim o pronome seria “mim”. Exemplos: “Isto veio para mim”, “Ela enviou esta carta para mim”, da mesma forma que diremos “Isto veio para ti”, “Este e-mail é para ti”.
6.      “Ficamos com um grande dó”, e não “Ficamos com uma grande dó”, porque a palavra “dó” quando feminina significa uma das sete notas musicais.
7.      “Problema” lê-se tal como se escreve: “problema”. Não é poblema nem pobrema, como alguns notórios políticos gostam de falar.
8.      CD-Rom lê-se CD mais Rom, como pronunciaríamos a palavra Roma sem o “a”. Não é CD-Rum. 
9.      Hall lê-se “ról”, e não “rau” nem “au”.
10.   Em vez de dizer: “Eu vou ESTAR mandando, vou ESTAR passando, vou ESTAR verificando”, como é praxe nos atendentes de telemarketing, digamos de maneira direta e mais simples: “Vou mandar, vou passar, vou verificar”.
11.   No uso dos verbos SER e ESTAR no modo subjuntivo, digamos sempre: “Seja o que Deus quiser”, jamais “Seje o que Deus quiser”. Da mesma forma, diga “esteja”, nunca “esteje”.


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