EM DIA COM O MACHADO 372:
liberdade não é libertinagem: para uma
educação integral (Jó)
Na definição dos Espíritos, o ser
humano é composto de alma (Espírito encarnado), perispírito e corpo físico.
Possui, portanto, a natureza animal, pelo corpo; e a natureza espiritual, pela
alma. O primeiro é mortal; a segunda é imortal.
Criado simples e ignorante, o ser
humano necessita de muitas encarnações para alcançar a perfeição relativa. A
perfeição absoluta é atributo exclusivo de Deus, que Jesus Cristo nos ensinou a
adorar como Pai de infinitas perfeições. Algumas delas são a eternidade, a
imutabilidade, a onisciência, a onipotência, a bondade e a justiça soberanas.
Precisamos passar um tempo pela
matéria, um dos dois elementos do universo, além do elemento supremo, que é
Deus. Esse estágio, entretanto, nos é concedido por nosso Pai com o objetivo de
superarmos os instintos animalizados, haja vista que a evolução se processa
desde o átomo ao anjo.
Por ser amor, quando, num dos seus
mandamentos, o Senhor nos recomenda amar o próximo, está referindo-se ao amor
transcendente e não à paixão degradante. Essa fase está restrita aos animais
mais primitivos. Infelizmente, porém, muita gente ainda confunde paixão da
carne com amor espiritual.
Até mesmo a alimentação do ser
espiritualizado é frugal. Quem deseje libertar-se da influência material deve
começar pela abstenção da carne animal. Atualmente, já existem várias
alternativas para nossa nutrição, como a carne de soja e outros alimentos
proteicos em substituição à carne.
Como Pai amoroso, Deus concede a
todos nós, seus filhos, o livre-arbítrio. Ou seja, a liberdade para escolhermos
o que consideramos melhor para nós e agir, reagir ou não, conforme nossa
vontade.
A liberdade é, portanto, a faculdade que
nos permite decidir ou agir de acordo com o que determinamos. Não se confunde,
porém, com a libertinagem, que é o desregramento, a devassidão, próprios de
quem perdeu o controle sobre a sua vontade de ser bom, como nos diz o Aurélio.
Outra palavra também muito parecida com
liberdade e libertinagem é licenciosidade, de licencioso, ou seja, “que usa de
excessiva licença, indisciplinado, desregrado” ou “sensual, libidinoso,
libertino”, de acordo com o Dicionário Aurélio. A educação, que tem por
base o lar, deve voltar-se para a disciplina do ser desde tenra idade. Isso
porque, sendo eterno e já tendo vivido muitas experiências na carne, o Espírito
traz consigo diversas tendências negativas ao lado das boas.
Em sua sabedoria, Deus quis que, na Terra,
a reencarnação humana só se complete aos sete anos. Nessa idade, a autoridade
dos pais ou responsáveis deve
ser exercida com amor, mas também com energia, quando necessário. O que não
pode haver são maus-tratos à criança. Nem físicos, nem
psicológicos.
Infelizmente, porém, por não entender
muito bem a imensa responsabilidade que lhes cabe em desenvolver,
principalmente, nos primeiros anos da infância, hábitos saudáveis, respeito e
obediência, a sociedade hodierna passa por grandes conflitos de gerações. Se
antes as crianças tinham respeito até certo ponto exagerado pelos adultos,
atualmente, com base em falsas teorias, o jovem é entregue a si mesmo, ao
próprio senso ainda não desenvolvido do seu livre-arbítrio...
Vemos, assim, até mesmo crianças que
chegam à escola sem ter o mínimo respeito aos seus
colegas e aos próprios professores, que ameaçam e agridem. Tudo isso é
consequência de ideologias materialistas.
Grave erro de pais e responsáveis é trocar
seus cuidados afetivos por brinquedos e satisfação de todos os caprichos de
suas crianças. Quando saem às ruas, compram quase tudo que seus filhos desejam.
E ai desses pais e responsáveis se não atenderem às exigências infantis. Desse
modo, os jovens crescem exigentes, egocêntricos e, por vezes, chegam a matar os
próprios pais, como casos já divulgados na mídia, para se apoderarem, mais
cedo, de seus bens materiais.
Quando uma criança mal-educada faz birra
por não lhe atenderem à vontade é preciso que se converse com ela com carinho,
mas sem transigir com seus caprichos. A educação começa dentro do lar de cada
um de nós. Por isso, é muito importante que não confundamos liberdade com
libertinagem ou licenciosidade.
Sem que nos mortifiquemos voluntariamente,
precisamos, desde jovens, domar nossas más inclinações espirituais e físicas.
Podemos estar no mundo sem ser do mundo. Isso significa que necessitamos ser
responsáveis no uso de nossa liberdade, para que não nos percamos por ignorar a linha tênue, por vezes, entre
esta, a libertinagem e a licenciosidade.
A verdadeira finalidade da vida é esta:
dominar a matéria com todo o seu séquito de imperfeições: orgulho, inveja,
avareza, maledicência, crueldade e egoísmo. As virtudes que se opõem a isso
foram ensinadas pelo Espírito da Verdade n’O Evangelho Segundo o Espiritismo: a abnegação,
o devotamento.
Na prática dessas virtudes, estaremos a
caminho do Reino dos Céus, que o Cristo prometeu aos que fazem a Vontade do
Pai. Somente com o seu exercício diário, aliado à oração e à humildade, faremos
a revolução da educação: a dos bons exemplos, que nos proporcionam a verdadeira
liberdade, pois só é verdadeiramente livre quem vive bem. E só vive bem quem
vive para o bem.
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