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sábado, 20 de julho de 2019


Continuação da tradução livre d'O Evangelho Segundo o Espiritismo (3ª ed. francesa) - Por: Jorge Leite de Oliveira

4.4 Necessidade da encarnação

A encarnação é uma punição, e somente os Espíritos culpados lhe estão sujeitos?

A passagem dos Espíritos pela vida corpórea é necessária, para que eles possam cumprir, com a ajuda da ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária a bem deles mesmos, porque a atividade que são obrigados a realizar lhes auxilia a desenvolver a inteligência. Deus, sendo soberanamente justo, deve tudo distribuir igualmente a todos os seus filhos. É por isso que Ele dá a todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de agir.
Qualquer privilégio seria uma preferência, e toda preferência uma injustiça. Mas a encarnação, para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida, como primeira experiência do uso que farão do seu livre-arbítrio.
Aqueles que cumprem essa tarefa com zelo, transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros degraus da iniciação, e gozam mais cedo do fruto dos seu trabalho. Os que, ao contrário, fazem mau uso da liberdade que Deus lhes concede, retardam o seu progresso. É assim que, por sua obstinação, podem prolongar indefinidamente a necessidade de reencarnar. E é então que a encarnação se torna um castigo — Luís (Paris, 1859).


4.4.1 Observação

Uma comparação vulgar nos fará melhor compreender essa diferença. O estudante só alcança os graus superiores da ciência, após haver percorrido a série de classes que o levam até lá. Essas classes, seja qual for o trabalho que exijam, são o meio de atingir o fim, e não uma punição. O estudante laborioso abrevia a caminhada, encontrando menos dificuldades. Acontece o contrário com aquele que a negligência e a preguiça obrigam a repetir certas classes. Não é o trabalho da classe que constitui uma punição, mas a obrigação de recomeçar o mesmo trabalho.
É o que se passa com o homem na Terra. Para o Espírito do selvagem, que está apenas no começo da vida espiritual, a encarnação é um meio de desenvolver a inteligência. Mas, para o homem esclarecido, em que o senso moral está largamente desenvolvido, e que se vê obrigado a repetir as etapas de uma vida corpórea cheia de angústias, quando já poderia ter chegado ao fim, é um castigo, pela necessidade em que se acha de prolongar a sua permanência nos mundos inferiores e infelizes. Aquele que, ao contrário, trabalha ativamente para o seu progresso moral, pode não só abreviar a duração de sua encarnação material, mas transpor de uma vez os graus intermediários, que o distanciam dos mundos superiores.
Os Espíritos não poderiam encarnar-se uma só vez num mesmo globo, e cumprir suas diversas existências em esferas diferentes? Essa opinião só seria admissível, se todos os homens estivessem, na Terra, exatamente no mesmo nível intelectual e moral. As diferenças existentes entre eles, desde o selvagem até o homem civilizado, mostram os degraus que ele deve atravessar. A encarnação, ademais, deve ter um fim útil. Ora, qual seria o das encarnações efêmeras das crianças que morrem em tenra idade? Teriam sofrido sem proveito para si e para os outros. Deus, cujas leis são todas soberanamente sábias, nada faz de inútil. Pela reencarnação no mesmo globo, Ele quis que os mesmos Espíritos, ao se encontrarem novamente, tivessem oportunidade de reparar seus erros recíprocos. Por meio de suas relações anteriores, quis, além disso, estabelecer os laços de família sobre base espiritual, apoiando numa lei da natureza os princípios de solidariedade, de fraternidade e de igualdade.

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