Cont. da trad. livre do cap. 4 d'O Evangelho Segundo o Espiritismo (Jorge Leite de Oliveira)
A união e a afeição que existem entre parentes são um indício da
simpatia anterior que os aproximou. Também se costuma dizer, referindo-se a uma pessoa cujo caráter, gostos e inclinações não
se assemelham aos dos seus parentes, que ela não pertence à família. Dizendo
isso, enuncia-se uma verdade maior do que se pensa. Deus permite, nas famílias,
essas encarnações de Espíritos
antipáticos ou estranhos, com o duplo propósito de servirem
de provas para uns e de meio de progresso para outros. Assim, os maus se
melhoram pouco a pouco, ao contato dos bons e
por efeito das atenções que destes recebem. Seu caráter se abranda, seus
costumes se depuram, as antipatias desaparecem. É assim que se estabelece a
fusão das diferentes categorias de Espíritos, como se faz na Terra entre as
raças e os povos.
O medo do aumento indefinido da parentela, em consequência da reencarnação,
é um receio egoísta, provando em quem o sente falta de amor bastante amplo para abranger
grande número de pessoas. Um pai que tem muitos filhos os ama menos do
que se tivesse apenas um? Mas que os egoístas se tranquilizem, pois esse temor
não tem fundamento. Do fato de um homem ter tido dez encarnações, não se segue
que tenha de encontrar, no mundo dos Espíritos, dez pais, dez mães, dez esposas
e um número proporcional de filhos e de novos parentes. Lá encontrará sempre os mesmos que foram objetos de sua
afeição, que lhe estiveram ligados na Terra a títulos diversos, e talvez pelo
mesmo título.
Vejamos agora as consequências da doutrina da não reencarnação. Essa
doutrina anula necessariamente a preexistência da alma. Se as almas fossem criadas
ao mesmo tempo que os corpos, não existiria entre elas vínculo anterior. Seriam completamente estranhas umas às outras. Os pais seriam estranhos a seus filhos. A
filiação das famílias fica assim reduzida apenas à filiação corpórea, sem qualquer
ligação espiritual. Não há, portanto, nenhum motivo para alguém se vangloriar de
haver tido por antepassados tais ou tais personagens ilustres. Com a
reencarnação, ascendentes e descendentes podem já se terem conhecido, vivido
juntos, amado, e podem reunir-se mais tarde para estreitar os seus laços de simpatia.
Isso quanto ao passado. Quanto ao futuro, segundo os dogmas
fundamentais que resultam da não reencarnação, a sorte das almas está
irrevogavelmente fixada após existência única. A fixação
definitiva da sorte implica a cessação de
todo o progresso, porque, desde que haja qualquer progresso, já não há sorte
definitiva. Conforme tenham vivido bem ou
mal, elas vão imediatamente para a morada dos bem-aventurados ou para o inferno
eterno. Ficam assim imediatamente separadas para sempre, sem esperança de jamais
tornarem a juntar-se, de tal forma que pais, mães, filhos, maridos e esposas,
irmãos, irmãs, amigos nunca podem estar certos de se reverem: é a mais absoluta
ruptura dos laços de família.
Com a reencarnação e o progresso que lhe é consequente, todos os
que se amam se reencontram na Terra e no Espaço, e juntos gravitam para
chegarem a Deus. Se alguns fraquejam no caminho, retardam seu adiantamento e sua felicidade, mas a esperança não está de todo perdida. Ajudados, encorajados e amparados pelos que os amam,
sairão um dia do atoleiro em que caíram. Com
a reencarnação, enfim, há solidariedade perpétua entre os encarnados e os
desencarnados, do que resulta o estreitamento dos laços de afeição.
Em resumo, quatro alternativas se apresentam ao homem, para seu futuro de além-túmulo:
1°)
o nada, conforme a doutrina materialista; 2°) a absorção no todo universal, de
acordo com a doutrina panteísta; 3°) a individualidade, com fixação definitiva
da sorte, segundo a doutrina da Igreja; 4°) a individualidade, com o progressão
infinita, de acordo com a Doutrina Espírita.
Conforme as duas primeiras, os laços de família são rompidos após a morte, e não há esperança de se reencontrarem. Com a terceira, há possibilidade de se reverem, contanto que estejam no mesmo meio, podendo esse meio ser o inferno ou o paraíso. Com a pluralidade das existências, que é inseparável da progressão gradual, existe a certeza da continuidade das relações entre os que se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira família.
Conforme as duas primeiras, os laços de família são rompidos após a morte, e não há esperança de se reencontrarem. Com a terceira, há possibilidade de se reverem, contanto que estejam no mesmo meio, podendo esse meio ser o inferno ou o paraíso. Com a pluralidade das existências, que é inseparável da progressão gradual, existe a certeza da continuidade das relações entre os que se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira família.
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