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sexta-feira, 4 de outubro de 2019









5.7.5 Se fosse um homem de bem, teria morrido

Dizem, frequentemente, ao falar de um homem mau que escapa dum perigo: Se fosse um homem de bem, teria morrido. Pois bem, ao dizerem isso, falam uma verdade, porque, efetivamente, Deus concede, muitas vezes, a um Espírito ainda jovem, na senda do progresso, uma prova mais longa do que a de um bom, que receberá, em recompensa ao seu mérito, a bênção de uma prova tão curta quanto possível. Assim, pois, quem se utiliza daquele axioma, não há dúvida de que está blasfemando.
Se morre um homem de bem, cujo vizinho é mau, apressam-se em dizer: Seria bem melhor se tivesse morrido este. Cometem, então, um grande erro, porque aquele que parte terminou sua tarefa, e o que fica pode nem a ter começado. Por que querem, então, que o mau não tenha tempo de acabá-la, e que o outro continue aprisionado à terra? Que dirão vocês de um prisioneiro que, tendo concluído sua pena, continue na prisão, enquanto se dá liberdade a outro que não tem esse direito? Fiquem sabendo que a verdadeira liberdade está no livramento dos laços que os prendem ao corpo, e que, enquanto vocês estão  na Terra, estão em cativeiro.
Habituem-se a não censurar o que não podem compreender e creiam que Deus é justo em todas as coisas. Frequentemente, o que lhes parece um mal é um bem. Mas suas faculdades são tão limitadas, que o conjunto do grande todo escapa a seus sentidos obtusos. Esforcem-se para sair, pelo pensamento, de sua estreita esfera, e, à medida que se elevarem, a importância da vida material diminuirá a seus olhos. Porque ela lhes aparecerá como um simples incidente, na duração infinita da sua existência espiritual, a única existência verdadeira.
Fénelon
Sens, 1861.

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