Em dia com o Machado
388:
outubro: nasce uma estrela
de primeira grandeza – I (Jó)
No dia 3 de outubro de 1804, em Lyon, França, nasceu Hippolyte Léon
Denizard Rivail, filho único de casal católico de classe média, que aos dez
anos de idade, já residindo em Paris, após os primeiros anos escolares, foi
estudar no Instituto Educacional Pestalozzi, em Yverdon, na Suíça. Essa escola
foi criada por Johann Heinrich Pestalozzi, protestante eclético e renomado, devido
ao sistema pedagógico que implantou, famoso na Europa.
Quem poderia imaginar o que o futuro reservaria àquele menino? Ele
retornou da Suíça à Cidade Luz, crê-se
que aos dezoito anos de idade, com
cabedal de conhecimentos muito superior ao que era ensinado em sua época. E, no
firme propósito de contribuir para o desenvolvimento do sistema de ensino da
época, na França, implantou ali o que aprendeu do método pestalozziano.
As dissenções e intolerâncias religiosas entre professores
protestantes e católicos, por motivos de interpretações dogmáticas, levaram a Instituição de Pestalozzi a
irreparáveis prejuízos, até sua extinção futura. Rivail, atento à reflexão do
pedagogo de que o mais importante nas religiões é a prática de sua moral
elevada, sonhava encontrar o elo para a realização desse objetivo. Esse ideal
sublime já se delineara no mundo espiritual, e Jesus Cristo já estava
preparando o futuro codificador do Espiritismo para o auxiliar na transformação
do mundo...
Desde seu retorno, Rivail começou a se destacar no ensino de
matemática e do idioma francês. Em poucos anos, já possuía vasto domínio do
alemão, do inglês e algumas línguas latinas. Traduziu diversas obras do alemão
para o francês.
Aos 19 anos! (dez. 1823), publicou a obra Curso Prático e Teórico
de Aritmética, que, por estar sendo impresso no final do ano, trazia a data
de 1824. Esta obra continha 624 páginas. Aos 27 anos (1831), publicou a Gramática
Francesa Clássica. Esses livros proporcionaram-lhe renome na França.
Não bastasse isso, Rivail fundou, em Paris, em 1825, a Escola de
Primeiro Grau, e, em 1826, a Instituição Rivail. Esses educandários adotaram a
metodologia de ensino pestalozziano, cujo princípio era o de que nada deveria
ser memorizado sem antes se saber
o porquê e para quê do aprendizado de qualquer coisa.
Em 1832, Rivail casa-se com a professora de Letras e Belas Artes,
Amélie-Gabrielle Boudet, poetisa e desenhista, autora de três livros. A partir
de então, durante toda a sua existência, o futuro codificador do Espiritismo
contaria com o amor e a colaboração diuturna de sua querida e dedicada esposa.
Amélie Boudet igualmente se converteria à Nova Revelação Divina, à
qual dedicaria, também, todos os dias de seus longos e abençoados anos de vida
física. Não somente enquanto o marido viveu, como também após a desencarnação
deste, a professora Amélie Boudet, junto a abnegados companheiros espíritas,
continuaria os trabalhos de divulgação espírita e prática da caridade iniciados
por Rivail.
De 1835 a 1840, Rivail lecionou, gratuitamente, diversas
disciplinas: física, química, astronomia, fisiologia, anatomia comparada etc. O
método pestalozziano intuitivo-racional foi adaptado por Rivail, que partia
sempre do conhecido para o desconhecido, do simples para o composto, da
observação para a aplicação.
Membro de vários institutos e academias francesas, desde a idade de
23 anos, Rivail frequentava a Sociedade de Magnetismo de Paris, a mais renomada
da França. Um dos seus amigos, participante também dessa sociedade, foi o Sr. Fortier, que, em 1854, falou-lhe sobre
as “mesas girantes e falantes”.
É conhecida a frase de Kardec sobre o assunto: “— Só acreditarei quando
o vir e quando me provarem que a mesa tem cérebro para pensar, nervos para
sentir e que possa tornar-se sonâmbula [...]”.[1]
No ano seguinte, viu, observou, experimentou, acreditou... Mas isso
fica para a próxima crônica.
[1]
WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan
Kardec: o educador e o codificador. Organizador: Zêus Wantuil. 4. ed.
Brasília: FEB, 2019, p. 213.
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