16.8.3 Emprego da fortuna
Cheverus
Bordeaux, 1861
Vocês não podem servir a
Deus e a Mamon. Lembrem-se bem disso, vocês que são dominados pelo amor do
ouro, vocês que venderiam sua alma para possuir tesouros, porque isso poderia
elevá-los acima das outras pessoas e proporcionar-lhes o gozo das paixões. Não,
não se pode servir a Deus e a Mamon! Se, portanto, sentem sua alma dominada
pelas cobiças da carne, apressem-se em sacudir o jugo que os esmaga, pois Deus,
justo e severo, lhes perguntará: Que fizeram, ecônomos infiéis, dos bens que lhes
confiei? Esse poderoso motivo de boas obras vocês o utilizaram somente na sua satisfação
pessoal.
Qual é, então, o melhor
emprego da riqueza? Procurem nestas palavras: "Amem-se uns aos outros",
a solução desse problema. Nelas está o segredo da boa aplicação das riquezas. Quem
ama seu próximo tem aí sua linha de conduta toda traçada.
O emprego que agrada a Deus é o da caridade.
Não essa caridade fria e egoísta, que consiste em
distribuir ao redor de si o supérfluo de uma existência dourada, mas a caridade
plena de amor, que procura o infeliz e o socorre sem o humilhar.
Rico, dê do seu
supérfluo; faça ainda mais; dê um pouco do seu necessário, porque o seu
necessário é também supérfluo, mas dê com sabedoria. Não rejeite a queixa, com
medo de ser enganado, mas vá à fonte do mal. Ajude primeiro; informe-se depois, para ver se o
trabalho, os conselhos, a afeição mesmo, não serão mais eficazes do que sua
esmola. Espalhe ao seu redor, com a abastança, o amor de Deus o amor do
trabalho, o amor do próximo. Ponha sua riqueza sobre uma base que nunca lhe
faltará e que lhe garantirá grandes lucros: as boas obras. A riqueza da
inteligência deve servir-lhe como a do ouro. Derrame em torno de si os
benefícios da instrução, reparta com seus irmãos os tesouros do amor, e eles
frutificarão.
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