Em
dia com o Machado 493:
entrevista
com Kardec sobre a origem do Espiritismo (Jó)
"Vossos
velhos sonharão.", afirma o profeta Joel (2:29). Pois não é isso que
aconteceu comigo novamente? Desta vez, sonhei que encontrei Allan Kardec caminhando
pela rua Sainte-Anne, em Paris. Foi no nº 59 dessa rua, ao lado da passagem
Sainte-Anne, que ele, no final de sua vida, morou com Amélie Boudet.
Cumprimentamo-nos e, após dizer-lhe que sempre sonhara com esse momento,
convidei-o para uma entrevista num café da citada rua.
Entramos,
sentamo-nos e, enquanto o garçon nos servia um cafezinho francês com croissant,
ele colocou-se à minha disposição, após agradecer-me pela "imerecida
honra", como é próprio de sua modéstia. Em seguida, perguntou-me sobre qual
assunto eu desejaria saber. Respondi-lhe que gostaria de conhecer os meios de
comunicação dos Espíritos observados, experimentados e anotados por ele, que
deram origem à Doutrina Espírita.
—
Pergunte-me o que desejar, irmão espírita, pois o Senhor autorizou-me a
responder-lhe — disse-me o grande missionário gentilmente.
— Obrigado,
Kardec. Agradeça ao Senhor por mim — falei-lhe, emocionado —. A primeira
pergunta é a seguinte: Como se manifestaram os fenômenos espíritas em sua época?
— Aqui
na França, Jó, comecei por observar a movimentação de diversos objetos que,
vulgarmente, eram chamados de "dança das mesas ou mesas girantes". Na
presença dum médium, a mesa erguia-se e batia com um dos pés, quando o Espírito
que a movia desejava assinalar uma letra, ao lhe serem lidas as letras do
alfabeto. Desse modo, eram formadas frases em resposta às questões propostas.
— Como
se soube que eram Espíritos que respondiam? — perguntei novamente.
—
Foram eles mesmo que o disseram, por meio de pancadas dum dos pés da mesa.
— Isso
não era muito demorado, Kardec?
—
Exatamente. Por isso mesmo, o Espírito indicou outro meio de comunicação: a
cesta, à qual se adaptava um lápis e o médium colocava seus dedos sobre sua
borda. Desse modo, a cesta movia-se rapidamente e escrevia no papel colocado
sob ela com grande velocidade. As mais altas questões filosóficas, morais,
metafísicas e psicológicas eram propostas e respondidas pelo lápis adaptado à
cesta.
—
Por que não se usam mais cestas e pranchetas na comunicação dos Espíritos,
professor?
—
Porque reconheceu-se que esses objetos eram apenas apêndices para as mãos, meu
caro Jó. Desse modo, quando o médium escrevia diretamente com o lápis nas mãos,
seu impulso era involuntário e muito mais rápido do que o texto dum escritor
normal. Percebeu-se, ainda, que os Espíritos podiam comunicar-se pela palavra,
pela audição, pelo tato, pela visão etc. Embora seja rara, até mesmo pela escrita
direta, ou seja, sem uso da mão do médium e sem lápis, pode-se obter
comunicação dum Espírito numa folha em branco dobrada e fechada numa gaveta. A
isso, deu-se o nome de pneumatografia. Há ainda a pneumatofonia, que é a
transmissão da voz direta do Espírito que deseja comunicar-se. Mas sobre os
tipos de mediunidade poderemos falar em nova entrevista.
— Ótimo!
aprenderei muito com suas novas informações. E quem eram os médiuns, mestre?
—
Jó, mestre, mesmo, só Jesus... Respondendo a sua pergunta, havia médiuns de
variadas idades, de diversos níveis de conhecimento e de ambos os sexos.
Trabalharam comigo médiuns muito jovens e outros já idosos. Ermance Dufaux, por
exemplo, era médium desde os doze anos. Conheci-a em 1857, quando tinha apenas
16 anos. A partir de então, passou a trabalhar
comigo, mediunicamente, infatigável, na edificação da Doutrina Espírita. As
mensagens do Espírito São Luís foram psicografadas por ela. Em 1860, quando colaborou
comigo na segunda edição d'O Livro dos Espíritos, estava apenas com 19
anos.
— É preciso
ter moral elevada para ser médium, Allan?
—
Não, Jó, pois a mediunidade é uma faculdade orgânica. De certo modo, todos
somos médiuns, mas somente os médiuns produtivos, ou seja, aqueles que veem,
ouvem e transmitem, involuntariamente ou não, as mensagens dos Espíritos
superiores, são úteis às finalidades destes de proporcionarem-nos consolo,
certeza sobre a imortalidade da alma e os benefícios que isto proporciona à
humanidade. Entretanto, relembro-lhe o que escrevi em vida física:
"Diga-me o que pensa e eu lhe direi quem é sua companhia espiritual."
— As
horas correram e nem me dei conta, Kardec. Quero, entretanto, ter o privilégio
de voltar a encontrá-lo para nova entrevista.
—
Agradeço-lhe o convite e me coloco a sua disposição, todas as vezes que Jesus
de Nazaré, pelo Espírito de Verdade, meu guia espiritual, assim o permitir.
Adeus!
Com
lágrimas nos olhos, acordei...
∞
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