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segunda-feira, 11 de abril de 2022

 

A SUBLIME POESIA DE MARIA DOLORES

 

 


A SUBIDA

 

Disse-nos o Senhor:

— "Quem quiser encontrar-me

Tome a sua cruz e siga-me onde eu for..."

 

E um homem que o seguiu, sem queixa e sem alarme

Observou que o lenho o constrangia...

Caminhou, mas não mais na antiga estrada,

A cruz era pesada

Na marcha dia a dia...

 

Perdeu de vista a risonha paisagem,

Na qual usufruíra o amor de sua gente...

Precisava escalar rude montanha na viagem

E se reconhecia, a sós, agarrando-se à frente.

 

Embora a cruz lhe desse chagas e cicatrizes,

Conseguia falar, fraternalmente,

Reconfortando os tristes e infelizes...

Levantava os caídos,

 

Doava nova força aos fracos e aos doentes.

Consolava os leprosos esquecidos,

Regenerava os delinquentes...

Em muitos trechos da subida,

Tratavam-no por louco e davam-lhe pedradas...

Deprimiam-lhe a vida...

Quanto insulto e suplício nas estradas!...

 

No entanto, ele subia...

Trazia o Cristo em luz na própria mente.

Não tinha acessos de melancolia

E, sim, uma alegria diferente...

Mas chorava, por vezes, de cansaço,

A sentir, sob os pés, o vigor dos espinhos.

Refazia-se vendo o Azul do Imenso Espaço

E ouvindo a voz do Céu na voz dos passarinhos...

Alcançando, porém, o cimo da montanha

Notava-se-lhe os pés rasgados e sangrentos,

E o corpo lacerado

De atrozes sofrimentos...

 

Mesmo assim, agradeceu ao Cristo Amado

A viagem temível...

Para atingir o topo de alto nível...

 

Chegando ali, porém, vê, com assombro e atenção,

Que a Terra já não tem com ele ou sobre ele

O poder de atração...

Sentia-se envolvido em súbita leveza,

Respirando, feliz, a paz da natureza...

Reconhece que o tronco vertical do grande lenho

Transformara-se em delicado engenho

E que os braços da cruz

Eram asas de luz...

 

Tentou andar, mas sem querer,

Na alegria sublime que o invade,

O homem que seguira os passos do Senhor,

Planou além, no além, buscando a Imensidade

Inflamado de amor.

 

MARIA DOLORES (Espírito). A subida. In: ESPÍRITOS DIVERSOS. Preito de Amor. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. São Bernardo do Campo, SP: GEEM, 1993.

 

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