EM DIA COM O
MACHADO 517:
PERDÃO TAMBÉM SE
APRENDE (Jó)
jojorgeleite@gmail.com
É conhecida a passagem evangélica em
que Pedro pergunta a Jesus quantas vezes precisava perdoar seu irmão: "Até
sete?" Ao que Jesus lhe responde: "Não lhe digo que até sete, mas até
setenta vezes sete." (Mateus, 18:21, 22). Esse diálogo ocorreu-me
agora, ao ler o excelente texto do irmão espírita Waldeir B. de Almeida,
publicado na revista Reformador do mês de março de 2022. Waldeir lembra
que o perdão está citado na oração Pai Nosso, ensinada por Jesus:
"Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos
devedores." (Mateus, 6:9- 13)
Logo abaixo desse parágrafo, o
articulista citado diz que todo aquele que deseja "conquistar louros na
jornada evolutiva pela bênção das reencarnações temos que aprender a perdoar."
Como assim: "aprender a perdoar?" E ele explica: "a liberação
desse gesto divino, direcionado a quem profundamente nos magoou, não é atitude
fácil". Isso pode demandar tempo "demorado e doloroso".
Waldeir acrescenta que mesmo aqueles
que temos uma religião e sabemos do valor do perdão, por conhecermos o apelo do
Cristo, temos dificuldade em entender a bênção do perdão. Isso ocorre até com os
que estamos cientes da importância do perdão para nos libertarmos, pela
reencarnação, do sentimento de rancor ou ódio contra quem nos ofendeu. E cita
as obras mediúnicas com seus relatos sobre a grande quantidade de Espíritos, no
Mundo Espiritual, revoltados e justiceiros.
Desde aqui, no mundo físico, percebemos
quanto é difícil perdoar um criminoso que ceifa a vida de um ser querido por
nós. Mas o que mais nos prejudica é a lembrança insistente do ato sabido,
presenciado ou somente suspeitado por nós, que, nesse caso, muitas vezes, não
procede, pois podemos estar sob o jugo de Espírito vingador ou zombeteiro.
Dizemos que perdoamos, mas a lembrança
do ato lesivo permanece, insistentemente, em nossas mentes. Daí a importância
da recomendação de Jesus para permanecermos vigilantes e em oração (Mateus,
26:41). Em ambos os mundos: físico e espiritual...
As situações são as mais diversas, como
é o caso dos quatro membros da família Aboab, citados por Waldeir, e que foram narrados
na obra ditada pelo Espírito Bezerra de Menezes, intitulada Dramas da Obsessão.
A psicógrafa foi Yvonne do Amaral Pereira, médium muito conhecida no meio
espírita, desencarnada há algumas décadas. Deixo ao leitor curioso o convite
para ler o relato no artigo de Waldeir ou, se desejar conhecer em profundidade
o drama citado, ler a maravilhosa obra ditada pelo Espírito cognominado, em
vida física, "Médico dos Pobres", por sua destacada atuação
caritativa, enquanto esteve encarnado na Terra, e que presidiu a Federação
Espírita Brasileira no final do século XIX.
Para nossa reflexão, cito a frase de
Joanna de Ângelis com que Waldeir finaliza seu belo artigo e que também pode
ser lida na obra psicografada pelo médium Divaldo Franco, cujo título é: O Despertar
do Espírito. Esta obra foi editada pela Livraria Espírita Alvorada de Salvador,
BA:
O ato de perdoar não leva necessariamente,
à ideia de anuência com aquilo que fere o estatuto legal e o código moral da
vida, mas proporciona a compreensão exata da dimensão do gravame e dos
comportamentos a serem adotados para que ele desapareça, devolvendo à vida a
harmonia que foi perturbada com aquela atitude.
O
problema maior que percebo é o dos pensamentos... Porém, se nos colocarmos no
lugar da pessoa que nos ofendeu, assim como Jesus recomendou aos que desejavam
apedrejar a pecadora, cientes de que também somos passíveis de cometar o mesmo
ato ou até ato pior do que o sofrido; se trabalharmos em nós a piedade inclusive
para com os criminosos, se buscarmos orar "incessantemente", como
recomenda Paulo aos Tessalonicenses, 5:17, certamente teremos a proteção
divina não apenas no perdão, como também na compaixão para com os que nos
ofendem.
A
grande finalidade de nossas reencarnações é a de alcançarmos a condição de
Espíritos bem-aventurados e puros, como lemos na questão 170 d'O Livro dos
Espíritos, de Allan Kardec. Então, tudo devemos fazer para esquecer o mal e
vivenciar, dia a dia, o bem. Somente assim teremos a companhia dos bons
Espíritos em nossos pensamentos, palavras e atos.
Desse
modo, aprenderemos que o perdão anda junto com a compaixão, ambos filhos do
amor. Como dissemos acima, por vezes, nada do que imaginamos ter sido feito
contra nós é verdade. Exercitemos, pois, a piedade, como nos propõe o Espírito
Cruz e Sousa, nos dois versos iniciais de seu belo soneto intitulado Piedade:
"O coração de todo ser humano / Foi concebido para ter piedade,".
Com
esse entendimento, nada do que é exterior a nós nos atingirá. Tudo começa no
aprendizado do perdão, como bem disse nosso irmão espírita Waldeir.
Prezado Jorge, agradecemos seus comentários sobre nosso artigo A Arte do Perdão.Nada obstante, seu profundo conhecimento da língua materna e de literatura, sabe apreciar as dissertações simples de um mero divulgador da Doutrina Espírita. Nosso abraço.
ResponderExcluirA simplicidade é própria dos grandes como você, amigo. Quase não vejo comentários, mas gostaria de lhe dizer que admiro sua obra e procuro esforçar-me em ser melhor, com o que muito aprendo com você.
ResponderExcluirObrigado. Aprendi que a clareza e a simplicidade são as qualidades do bom texto. De minha parte, continuo esforçando-me em ser coerente entre o que escrevo e o que vivencio. Paz e luz!
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