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domingo, 3 de abril de 2022

 



20.1.2 Henri Heine

Paris, 1863

Jesus amava a simplicidade dos símbolos e, na sua forte linguagem, os trabalhadores chegados na primeira hora são os profetas, Moisés e todos os iniciadores que marcaram as diversas etapas do progresso, continuadas através dos séculos pelos apóstolos, os mártires, os pais da Igreja, os sábios, os filósofos e, finalmente, os espíritas. Estes, que vieram por último, foram anunciados e preditos desde a aurora do advento do Messias e receberão a mesma recompensa. Que digo? Uma maior recompensa.

Últimos chegados, os Espíritas aproveitam o trabalho intelectual dos seus antecessores, porque o homem deve herdar do homem, e porque seus trabalhos e seus resultados são coletivos: Deus abençoa a solidariedade. Muitos dentre eles revivem hoje, ou reviverão amanhã, para terminarem a obra que outrora haviam começado. Mais de um patriarca, mais de um profeta, mais de um discípulo do Cristo e de um divulgador da fé cristã se encontram, entre eles, mais esclarecidos, mais adiantados, trabalhando não mais na base, mas na cúpula do edifício. Seu salário será, portanto, proporcional ao mérito da obra.

A reencarnação, esse belo dogma, eterniza e precisa a filiação espiritual. O Espírito, chamado a prestar contas do seu mandato terreno, compreende a continuidade da tarefa interrompida, mas sempre retomada. Ele vê, ele sente que apanhou no ar o pensamento de seus antecessores. Reentra na luta, amadurecido pela experiência, para seguir em frente. E todos, trabalhadores da primeira e da última hora, de olhos bem abertos sobre a profunda Justiça de Deus, não mais se queixam, mas o adoram.

Esse é um dos verdadeiros sentidos dessa parábola, que encerra, como todas as que Jesus dirigiu ao povo, o germe do futuro e também, sob todas as formas, sob todas as imagens, a revelação dessa magnífica unidade que harmoniza todas as coisas no universo, dessa solidariedade que liga todos os seres presentes ao passado e ao futuro.

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