Em dia com o Machado 368
(jó)
“Conhecereis a verdade,
e ela vos libertará” - Jesus
Dona
Maria de Sousa Feitosa e o senhor Manoel Alves Pinto, casados, sempre moraram
no Alto Parnaíba, Maranhão. Em sua pequena roça, onde falta quase tudo, tiveram
quinze filhos: nove mulheres e seis homens. Entretanto, pelo fato de três
filhas terem morrido bem novas (9 meses, 1 ano e 3 anos), a família ficou
reduzida a apenas doze criaturas, além dos pais: seis mulheres e seis homens.
Quando
nasceu a última filha, a mais velha dos doze que sobraram estava com 24 anos.
Era a Guimar. Alguns vieram para Brasília, como a Guimar, que trabalha conosco
uma vez por semana, como diarista, e, noutras casas, nos demais dias. Seu
importante serviço consiste em passar as roupas do casal, pois nossos filhos
estão casados.
Por
ironia do destino, a Guimar não teve filho. Está atualmente com 55 anos e
casou-se com idade avançada, por isso não procriou.
Quando
fala de sua família, nossa prestimosa auxiliar demonstra bem o que é a ausência
de política pública, em nosso país, voltada para o planejamento familiar e investimento na educação
básica de qualidade, além da valorização do trabalho operário e criação de
empregos compatíveis com a aptidão de cada pessoa. Todos são pobres e lutam com
dificuldade para sobreviver. Um dos irmãos nunca saiu da casa paterna e está
sempre embriagado. Enfermou da alma, ante a vivência de tanta miséria.
São
essas famílias que vivem de bolsas-família no Brasil. Muitas delas, por morarem
em terras inférteis, devido à ação da alta temperatura, não conseguem
sobreviver onde nasceram. Para isso, juntam seus trapos e vêm para as grandes
cidades, onde, por não terem formação escolar adequada, quando não são
analfabetas, ocupam qualquer espaço onde possam dormir. Durante o dia, vagam
pela cidade à procura de emprego, sem possuírem qualquer qualificação para o
trabalho. Quando têm sorte, fazem qualquer serviço. Aprendem fazendo...
Muitas
dessas pessoas, não obtendo trabalho com remuneração mínima para sua
sobrevivência, vivem de mendicância, de pequenos ou grandes furtos. Outras
deprimem-se, por se sentirem inúteis socialmente, aliam-se a traficantes e
passam a vender e consumir drogas.
Para
muitos desses nossos irmãos e irmãs, a morte passa a ser considerada uma
verdadeira bênção, pois sua existência é um mar de lágrimas e de lama. É então
que o trabalho dos “bons samaritanos” surge em socorro dessas pessoas. Nem
todos, porém, aceitam a humilhação de viver da caridade alheia. Os mais
revoltados juntam-se a outros e formam quadrilhas que matam e roubam sem
qualquer escrúpulo ou medo da morte.
O
governo brasileiro precisa ser austero e diminuir os privilégios de alguns
milhares de cidadãos que jamais passaram fome, para atender os milhões
de desesperados que, com prole imensa, imploram um emprego simples, mas com salário digno. Criar escolas
que abriguem os filhos dos proletários e lhes proporcionem instrução num turno
e formação profissional noutro, oferecendo-lhes café da manhã, almoço e jantar diariamente.
Nos intervalos dos trabalhos e estudos, que eles tenham lazer. E que a
instrução valorize a ética, os princípios morais elevados, sem imposição de
crença, mas de fé e amor a Deus e ao próximo, como nos ensinam as tradições de todas as
religiões e os filósofos espiritualistas.
Proporcionar
formação para o trabalho e criação de empregos para todos os brasileiros e
brasileiras é fundamental. Cabeça vazia, mãos desocupadas e estômago faminto são
porta aberta
para os espíritos malignos.
Propomos,
também, criar colônias de trabalho, com segurança máxima, nas grandes extensões
de terras mal aproveitadas desse nosso imenso país, que mais é um continente. Enviar
para lá os criminosos. Construir escolas, bibliotecas, quadras esportivas,
templos de meditação e oração, para que tais excluídos da sociedade tenham
sempre com o que ocupar suas horas cotidianas e não se sintam simplesmente
punidos como párias sociais irrecuperáveis.
Proporcionar
infraestrutura nesses lugares, com oportunidade de trabalho, conforme a aptidão
de cada um, proporcionar-lhes lazer e conhecimento, com certificados aos de bom
aproveitamento nos estudos. Dar-lhes oportunidade de refletir que não vale a
pena matar, roubar, viver em vadiagem, ainda que passem o resto de suas
existências nessas colônias.
Não é
pela vingança que se corrigirá o malfeitor e, sim, pelo amor e pelo
esclarecimento de suas almas. Para tratamento dos enfermos e dos psicopatas,
criem-se hospitais especializados, a fim de que possam ser tratados
humanamente.
Justiça
não é vingança, é dar a cada um segundo seu merecimento, mas sem crueldade. É
nisso que está contida a mensagem do Cristo: “E conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará” (João, 8:32).
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