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sábado, 25 de maio de 2019



O Evangelho Segundo o Espiritismo - conclusão do cap. 3 - trad. Jorge L. de Oliveira (25/52019)

3.4.2 Mundos de expiações e de provas

Que lhes direi, que já não conheçam, dos mundos de expiações, pois que basta considerar a Terra que habitam? A superioridade da inteligência, num grande número de seus habitantes, indica que ela não é um mundo primitivo, destinado à encarnação de Espíritos ainda mal saídos das mãos do Criador. Suas qualidades inatas provam que já viveram e realizaram um certo progresso, mas também os vícios numerosos a que se inclinam são o indício de uma grande imperfeição moral. Por isso, Deus os colocou num mundo ingrato, para expiarem suas faltas através de um trabalho penoso e das misérias da vida, até que se façam merecedores de passar para um mundo mais feliz.
Entretanto, nem todos os Espíritos encarnados na Terra se encontram em expiação. As raças que vocês chamam selvagens constituem-se de Espíritos apenas saídos da infância, e que estão, por assim dizer, educando-se e desenvolvendo-se ao contato de
Espíritos mais avançados. Vêm a seguir as raças semicivilizadas, formadas por esses mesmos Espíritos em progresso. Essas são, de algum modo, as raças indígenas da Terra, que se desenvolveram pouco a pouco, através de longos períodos seculares, conseguindo algumas atingir a perfeição intelectual dos povos mais esclarecidos.
Os Espíritos em expiação aí são, se nos podemos exprimir assim, exóticos. Já viveram em outros mundos, dos quais foram excluídos por sua obstinação no mal, que os tornava causa de perturbação para os bons. Tiveram de ser degradados, por algum tempo, para o meio dos Espíritos mais atrasados, tendo por missão fazê-los avançar, porque trazem uma inteligência desenvolvida e os germes dos conhecimentos adquiridos. É por isso que os Espíritos punidos se encontram entre as raças mais inteligentes, pois são estas também as que sofrem mais amargamente as misérias da vida, por possuírem maior sensibilidade e serem mais atingidas pelos atritos do que as raças primitivas, cujo senso moral é mais obtuso.
A Terra oferece-nos, pois, um dos tipos de mundos expiatórios em que as variedades são infinitas, mas que têm por caráter comum servirem de lugar de exílio para os Espíritos rebeldes à Lei de Deus. Esses Espíritos têm aí de lutar, ao mesmo tempo, contra a perversidade dos homens e a inclemência da natureza, trabalho duplamente penoso, que desenvolve a uma só vez as qualidades do coração e as da inteligência. É assim que Deus, na sua bondade, torna o próprio castigo proveitoso para o progresso do Espírito.
Agostinho
Paris, 1862.

3.4.3 Mundos regeneradores

Entre essas estrelas que cintilam na abóbada azulada, quantas delas são mundos, como o seu, designados pelo Senhor para expiação e provas! Mas há também entre elas mundos mais infelizes e melhores, como há mundos transitórios, que podemos chamar de
regeneradores. Cada turbilhão planetário, girando no espaço em torno de um centro comum, arrasta consigo mundos primitivos, de provas, de regeneração e de felicidade. Já lhes foi falado desses mundos em que a alma nascente é colocada, ainda ignorante do bem e do mal, para que possa marchar em direção a Deus, senhora de si mesma, na posse do seu livre-arbítrio. Já ouviram também falar das amplas faculdades de que a alma foi dotada, para praticar o bem. Mas oh! há as que sucumbem! E Deus, que não as quer aniquilar, permite-lhes ir a esses mundos em que, de encarnações em encarnações, podem fazer-se novamente dignas da glória a que foram destinadas.
Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os felizes. A alma que se arrepende, neles encontra a calma e o repouso e acaba por se depurar. Sem dúvida, mesmo nesses mundos, o homem ainda está sujeito às leis que regem a matéria. A humanidade experimenta as suas sensações e os seus desejos, mas está isenta das paixões desordenadas que a escravizam. Nesses mundos, não há mais o orgulho que emudece o coração, a inveja que o tortura e o ódio que o asfixia. A palavra amor está inscrita em todas as frontes; uma perfeita equidade regula as relações sociais; todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo suas leis.
Nesses mundos, entretanto, ainda não existe a perfeita felicidade, mas a aurora da felicidade. O homem aí ainda é carnal, e por isso mesmo sujeito às vicissitudes de que só estão isentos os seres completamente desmaterializados. Ainda tem provas a sofrer, mas estas não se revestem das pungentes angústias da expiação. Comparados à Terra, esses mundos são bastante felizes, e muitos de vocês gostariam de habitá-los, porque representam a calma após a tempestade, a convalescença após uma doença cruel. Menos absorvido pelas coisas materiais, o homem entrevê melhor o seu futuro do que vocês, compreende que são outras as alegrias prometidas pelo Senhor aos que se tornam dignos, quando a morte ceifar novamente os seus corpos, para lhes dar a verdadeira vida. É então que a alma liberta poderá pairar sobre os horizontes. Não mais haverá sentidos materiais e grosseiros, mas os sentidos de um perispírito puro e celeste, aspirando as emanações de Deus, sob os aromas do amor e da caridade, que se expandem no seu seio.
Mas, ah! Nesses mundos o homem ainda é falível, e o Espírito do mal ainda não perdeu completamente o seu império. Não avançar é recuar, e se ele não estiver firme no caminho do bem, pode cair novamente em mundos de expiação, onde o esperam novas e mais terríveis provas.
Contemplem, pois, durante a noite, na hora do repouso e da prece, essa abóbada azulada, e entre as inumeráveis esferas que brilham sobre as suas cabeças, procurem as que levam a Deus, e peçam que um mundo regenerador lhes abra seu seio, após a expiação na Terra.
Agostinho
Paris, 1862.

3.4.4 progressão dos mundos

O progresso é uma das leis da natureza. Todos os seres da criação, animados e inanimados, estão submetidos a ela, pela bondade de Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que parece, aos homens, o fim das coisas, é apenas um meio de levá-las, pela transformação, a um estado mais perfeito, pois tudo morre para renascer, e nada sofre o aniquilamento.
Ao mesmo tempo que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diversas fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos da sua constituição, o veria percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas em graus insensíveis para cada geração, e oferecer aos seus habitantes uma morada mais agradável, à medida que eles também avançam na estrada do progresso. Assim marcham paralelamente o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o das formas de habitação, porque nada fica estacionário na natureza. Quão grandiosa é essa ideia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é pequena e indigna do seu poder aquela que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a humanidade às poucas criaturas que o habitam!
A Terra, seguindo essa lei, esteve material e moralmente num estado inferior ao de hoje, e atingirá, sob esses dois aspectos, um grau mais avançado. Ela chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de mundo expiatório a mundo regenerador. Então os homens serão felizes, na Terra, porque nela a lei de Deus reinará.
Agostinho
Paris, 1862.

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