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terça-feira, 28 de maio de 2019




Em dia com o Machado 369 (Jó)
jojorgeleite@gmail.com

                O Espírito Emmanuel, no derradeiro dia de sua presença no Mundo Espiritual, já plenamente ciente do que lhe cabia fazer no futuro, em prol do trabalho evangélico-espírita, foi transportado por Tomé a anfiteatro. Ali, se sentaram em meio a multidão de Espíritos candidatos à exemplificação da Boa-Nova. Em seguida, um mensageiro divino descerrou cortina que abriu espaço para o passado e, em êxtase, assistiram cena ocorrida nos anos trinta da Era Cristã.
            Viram, então, que, em sereno entardecer de outono, Jesus Cristo, seguido por multidão, subiu ao monte do templo de Jerusalém. Dali, rodeado por seus apóstolos, entristeceu-se com visão fratricida em nome de nosso Deus. Foi quando disse esta frase, registrada por Mateus, 23: 37 e repetida por Lucas, 13: 34: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha recolhe os seus pintinhos debaixo das asas, e não o quiseste”.
            Emmanuel assistiu, lacrimejante, à cena e dobrou a cerviz.  Foi quando Tadeu subiu ao palco do anfiteatro e, dirigindo-se a todos os que ali estavam, lhes falou:

— Irmãos, durante séculos, estivestes envolvidos em lutas sangrentas, em nome de um Deus, que o Cristo nos ensinou ser Pai bom e amoroso, que faz nascer o sol e derramar a bênção da chuva sobre justos e injustos. Mas também vos deu o livre-arbítrio, sujeito às sanções de Sua Lei, que retribui “a cada um segundo suas obras”.
Agora, recebestes permissão do Alto para ensinar a verdadeira mensagem do Cristo, o Evangelho de Amor, com sacrifício, não mais de sangue inocente, nem de vosso próprio corpo. O martírio que se vos exige, por ora, é o do vosso amor incompreendido, de vossa boa vontade menosprezada, de vosso perdão incondicional. É, enfim, o penhor de vosso devotamento e abnegação durante quase um século de existência no corpo físico.

            Foi então que Emmanuel se sentiu envolvido num foco de suavíssima luz, que o conduzia a novo pavilhão, onde seria submetido à condensação de seu perispírito para o retorno à Terra. Viria continuar sua missão de novo apóstolo de Jesus.
E, no momento da concepção de sua mãe atual, ele registrava, em espírito, e respondia, mentalmente, ao canto maravilhoso das vozes celestiais de seus pares:

Aonde vais, ó bom semeador,
Que tão lindas sementes, nesta vida,
Levas em tuas mãos, alma querida,
Qual caridoso anjo do Senhor?

— Aonde vais, semeador da luz?
— Vou clarear o escuro e torpe mundo,
Tirar as almas do torpor profundo,
Iluminá-las junto ao bom Jesus.

— Aonde vais, semeador da paz?
— Vou cultivar esperança e alegria
Nas almas tristes no seu dia a dia,
Irmãos amados de um mesmo Pai.

— Aonde vais, semeador do bem?
— Vou minorar toda miséria atroz,
Mover montanhas e soltar a voz,
Multiplicar a boa ação por cem.

— Aonde vais, semeador do amor?
— Vou ensinar aos crentes e aos ateus
Que em nossa consciência mora Deus
Junto da caridade, o dom maior.

            Desse modo, há dezessete anos, renasceria mais um enviado do Cristo com a missão de falar do amor e exemplificá-lo, até o fim deste século, no “coração do mundo, pátria do Evangelho”, o nosso querido Brasil.
            No anfiteatro, donde inda se ouvia o canto, também soavam as palavras do Cristo ao povo da distante Jerusalém: “Pois eu vos digo: não me vereis mais até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor!” (Mateus, 23: 39; Lucas, 13: 35).

Obs.: Excetuadas as citações aspadas, tudo o mais é ficção do cronista.



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