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sexta-feira, 13 de março de 2020


Continuação da trad. livre em terceira pessoa d'O Evangelho Segundo o Espiritismo
Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira


8.5 Instruções dos Espíritos

"Deixem vir a mim as criancinhas" - Jesus.

8.5.1 João Evangelista (Paris, 1863)

Disse o Cristo: "Deixem vir a mim as criancinhas". Essas palavras,  profundas na sua simplicidade, não se referem apenas às crianças, mas também àquelas almas que gravitam nos círculos inferiores, onde a desgraça desconhece a esperança. Jesus chamava a si a infância intelectual da criatura formada: os fracos, os escravos, os viciosos. Ele nada podia ensinar à infância física, presa à matéria, sujeita ao jugo do instinto, ainda não integrada à ordem superior da razão e da vontade, que se exercem em torno dela e por ela.
Jesus queria que os homens viessem a Ele com a confiança desses pequenos seres de passos vacilantes, cujo apelo conquistaria para si o coração das mulheres, que são todas mães. Ele submetia assim as almas à sua terna e misteriosa autoridade. Foi Ele quem clareou as trevas, o clarim matinal que tocou a alvorada. Foi o iniciador do Espiritismo, que deve, por sua vez, chamar a si, não as criancinhas, mas os homens de boa vontade. Está iniciada a ação viril; não se trata mais de crer instintivamente nem de obedecer maquinalmente; é preciso que o homem siga a lei inteligente, que lhe revela a sua universalidade.
Meus bem-amados, chegaram os tempos em que os erros explicados se transformarão em verdades. Nós lhes ensinaremos o  sentido das parábolas. Nós lhes mostraremos a correlação poderosa que liga o que foi ao que é. Eu lhes digo, em verdade: a manifestação espírita se agiganta no horizonte, e eis aqui seu enviado, que vai resplandecer como o Sol sobre o cume dos montes.


8.5.2 Um Espírito Protetor (Bordeaux, 1863)

Deixem vir a mim as criancinhas, pois tenho o leite que fortalece os fracos. Deixem vir a mim todos os tímidos e débeis que necessitam de amparo e consolação. Deixem vir a mim os ignorantes, para que eu os esclareça. Deixem vir a mim todos os sofredores, a multidão dos aflitos e dos infelizes. Eu lhes ensinarei o grande remédio para os males da vida, eu lhes revelarei o segredo da cura de suas feridas! Qual é, meus amigos, esse bálsamo soberano, que possui a virtude por excelência, esse bálsamo que se aplica a todas as chagas do coração e as cicatriza? É o amor, é a caridade! Se vocês tiverem  esse fogo divino, o que temerão? Vocês dirão em todos os instantes de sua vida: "Meu Pai, que se faça a sua vontade e não a minha! Se lhe apraz experimentar-me pela dor e pelas tribulações, bendito seja! porque é para o meu bem, eu o sei, que sua mão se abate sobre mim. Se lhe agrada, Senhor, apiedar-se de sua frágil criatura, dar-lhe ao coração as puras alegrias, bendito seja também! Mas faça que o amor divino não adormeça na sua alma, e que incessantemente ela eleve a voz de gratidão aos seus pés".
Se você tem amor, tem tudo o que mais se pode desejar na Terra, possui a pérola excelente, que nem os acontecimentos, nem as maldades dos que o odeiam e  perseguem, poderão arrebatar. Se tiver amor,  colocará seu tesouro onde nem a traça nem a ferrugem os atacam, e verá desaparecer insensivelmente da sua alma tudo o que lhe possa manchar a pureza. Sentirá  o peso da matéria diminuir dia a dia. E, como um pássaro que voa nos ares e não se lembra da terra, subirá sem cessar. Subirá sempre, até que sua alma, inebriada, se impregne do seu elemento de vida, no seio do Senhor!


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