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sexta-feira, 6 de março de 2020

O Evangelho Segundo o Espiritismo (trad. livre)
Prof. Dr. Jorge Leite de Oliveira



Continuação do cap. 8

Escândalos 


Deve haver escândalo no mundo, disse Jesus, porque as pessoas imperfeitas na Terra estão inclinadas a fazer o mal, e as árvores ruins dão frutos ruins. Portanto, devemos entender com essas palavras que o mal é uma consequência da imperfeição das pessoas, e não que haja para elas uma obrigação de o praticar.
E necessário que o escândalo venha, porque as pessoas, estando em expiação na Terra, se punem a si mesmas pelo contato de seus próprios vícios, dos quais são as primeiras vítimas, e cujos inconvenientes acabam por compreender. Quando estiverem cansadas de sofrer devido ao mal, buscarão o remédio no bem. A reação desses vícios serve, pois, ao mesmo tempo de castigo para uns e de prova para outros. É assim que Deus faz sair o bem do mal, e que as próprias pessoas aproveitam as coisas ruins ou sem valor.
Se é assim, dir-se-á, o mal é necessário e durará sempre, pois se viesse a desaparecer, Deus seria privado de um poderoso meio de corrigir os culpados. Logo, é inútil procurar melhorar os homens. Mas, se não houvesse mais culpados, não haveria necessidade de castigos. Suponhamos a humanidade transformada em pessoas de bem: nenhuma pensará fazer mal a seu próximo, e todas serão felizes por serem boas. Tal é o estado dos mundos adiantados, dos quais o mal foi excluído. Tal será o estado da Terra, quando ela houver progredido suficientemente. Mas enquanto certos mundos avançam, outros se formam, povoados por Espíritos primitivos, e que servem  de morada, de exílio e de lugar de expiação para os Espíritos imperfeitos, rebeldes, obstinados no mal, e que são rejeitados pelos mundos que se tornaram felizes.
Mas ai daquele por quem venha o escândalo. Quer dizer que o mal sendo sempre o mal, aquele que serviu, sem o saber, de instrumento à Justiça divina, sendo utilizados os seus maus instintos, nem por isso deixou de fazer o mal, e deve ser punido. É assim, por exemplo, que um filho ingrato é uma punição ou uma prova para o pai que sofre com isso, porque esse pai talvez tenha sido um mau filho, que fez sofrer seu pai, e agora sofre a pena de talião. Mas o filho não terá desculpas por isso, e deverá ser castigado por sua vez, através dos seus próprios filhos ou de outra maneira.
Se sua mão lhe serve de causa de escândalo, corte-a: figura enérgica, que seria absurda se tomada ao pé da letra, e que significa simplesmente a necessidade de destruirmos em nós todas as causas de escândalo, ou seja, do mal. Arrancar do coração todo sentimento impuro e todo princípio vicioso. Quer dizer ainda que mais vale para o homem ter a mão cortada, do que esta ser para ele o instrumento de uma ação ruim; ser privado da vista, do que seus olhos lhe servirem para maus pensamentos. Jesus nada disse de absurdo, para quem saiba compreender o sentido alegórico e profundo das suas palavras. Porém, muitas coisas não podem ser compreendidas sem a chave que lhes dá o Espiritismo.

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