11.3 Instruções dos
espíritos: a lei de amor
Lázaro
Paris, 1862
O amor
resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência, e os sentimentos
são os instintos elevados à altura do progresso realizado. Em sua origem, o
homem só tem instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos. E o ponto requintado do sentimento é o amor. Não o amor
no sentido vulgar da palavra, mas esse sol interior, que reúne e condensa em
seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei
do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias
sociais.
Feliz
aquele que ultrapassando sua humanidade, ama com imenso amor os seus irmãos em
sofrimento! Feliz aquele que ama, porque não conhece a miséria da alma, nem a
do corpo! Seus pés são ligeiros, e ele vive como transportado fora de si mesmo.
Quando Jesus pronunciou a palavra divina: amor, fez estremecerem os povo, e os
mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo, por sua vez, vem pronunciar a
segunda palavra do alfabeto divino. Fiquem atentos, porque essa palavra levanta a lápide dos
túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela ao homem deslumbrado o seu patrimônio
intelectual. Não é mais ao suplício que ela conduz, mas à conquista do seu ser,
elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito, e o Espírito deve agora
resgatar o homem da matéria.
Eu disse que o homem, em sua origem, tem
apenas instintos. Aquele, pois, em quem os instintos dominam, está mais próximo
do ponto de partida que da meta. Para avançar em direção à meta, é necessário
vencer os instintos em proveito dos sentimentos, ou seja, aperfeiçoar estes, sufocando
os germes latentes da matéria.
Os instintos são a germinação e os embriões
dos sentimentos. Trazem consigo o progresso, como a bolota encerra em si o
carvalho, e os seres menos adiantados são os que, libertando-se lentamente de
suas crisálidas, permanecem subjugados pelos instintos.
O Espírito deve ser cultivado como um campo.
Toda a riqueza futura depende do trabalho atual. E, mais que os bens terrenos,
ele os conduzirá à gloriosa elevação. É então que, compreendendo a lei do amor,
que une todos os seres, nela buscarão os suaves prazeres da alma, que são o
prelúdio das alegrias celestes.
Tradução livre do Prof. Dr. Jorge Leite de
Oliveira.
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