COM
VIDA... PARA SEMPRE!
Quando os saduceus interrogaram
Jesus sobre com quem ficaria a mulher, na ressurreição dos sete irmãos que faleceram, e,
um a um, desposaram a viúva que não lhes dera filho, segundo a tradição
mosaica, que afirmava que, se o marido falecesse sem deixar descendência, seu
irmão desposaria a viúva, o Mestre
respondeu-lhes o seguinte:
Os
filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento, mas os que forem julgados
dignos de ter parte no outro mundo e na ressurreição dos mortos não tomam nem
mulher nem marido; como também não podem morrer [...]. Ora, Deus não é Deus de
mortos, mas sim de vivos; todos com efeito vivem para Ele (Lucas, 20:34-36,38).
Pela resposta de Jesus, que antes
citou Abraão, Isaac e Jacó como Espíritos imortais, que "vivem" para
Deus, assim como todos nós, podemos deduzir que ninguém morre. Apenas passamos
da vida física para a espiritual e vice-versa, no fenômeno da reencarnação, que
muitos judeus confundiam com a ressurreição. A Torá (cinco primeiros livros da
Bíblia) é passível de interpretações diversas. Segundo muitos judeus, podemos
interpretar alguns dos seus versículos como
revelações sobre a realidade da reencarnação.
Mesmo assim, a ignorância a esse respeito
ainda induz diversas pessoas a desconhecerem a lógica reencarnacionista como
instrumento divino a proporcionar, de acordo com as palavras de Jesus: "A
cada um segundo suas obras" (Mateus, 16:27). Ainda bem que Deus não
se apressa com nada em sua Criação. Como o bom fazendeiro que semeia, aduba e
aguarda o tempo da colheita, Deus, nosso bom Pai espera, pacientemente, o
amadurecimento de cada filho, para que este, bem esclarecido, substitua as coisas
pueris pelo trabalho que o realize material e espiritualmente.
No mundo físico, nem todos já estão
preparados para viver de acordo com o entendimento que os Espíritos, sob a
direção do Cristo, vêm revelando-nos; em especial, a partir da segunda metade
do século XIX, principalmente a partir de 18 de abril de 1857, quando Allan
Kardec publicou O livro dos espíritos. Entretanto, como veremos a
seguir, já é possível calcular que há no mundo em torno de 2,5 vezes mais
pessoas que creem na reencarnação do que as que nela não creem.
O Judaísmo possui dois sistemas
doutrinários: o esotérico, dos rabinos e demais estudiosos da Torá, que é o
pentateuco moisaico (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio),
além da Cabala, que admite a reencarnação; e o exotérico, baseado principalmente na Torá, dos judeus em geral, que
podem ou não conhecer a Cabala, para os quais o tema é controverso.
Essas doutrinas remontam a 3.700
anos a.C., apenas para os judeus. Outras religiões milenares já admitiam a
reencarnação (transmigração da alma em novos corpos), como o Budismo Hinduísmo, o Taoísmo, o
Confucionismo, o Bramanismo, o Jainismo etc., segundo Chaves (2006). Também de
acordo com esse pesquisador, são reencarnacionistas outras religiões e
filosofias, como o Islamismo esotérico (Surate II, 26 e Surate XVII, 52 do Alcorão),
e ainda:
[...] Igreja Católica Liberal
(parte da Igreja Católica Apostólica Romana que não aceitou o Dogma da
Infalibilidade do Papa, promulgado pelo Concílio Ecumênico Vaticano I, em 1870),
Esoterismo, Eubiose, Seicho-No-Ie, Ocultismo, Catolicismo Liberal (não
subordinado à orientação dogmática das autoridades da Igreja. Por exemplo, a
grande percentagem de católicos reencarnacionistas), Gnose, Igreja Unida do
Canadá, Protestantismo Liberal, Espiritualismo independente de religiões,
Maçonaria (a maior parte dos maçons crê na reencarnação), Sufismo, Mahaísmo,
Zen-Budismo, Magos, Espiritismo, Legião da Boa Vontade, Xamantismo, Candomblé,
Umbanda, Quimbanda, Culturas religiosas indígenas dos cinco continentes,
Teosofia, Brahma Kumaris, Igreja Messiânica, Hare Krisna, Martinismo, Rosa-Cruz,
Templários, Santo Daime, União Vegetal, Cristianismo Cigano, Caodaísmo etc.[1]
Ainda
segundo Chaves, há vinte anos,
A Igreja Protestante
Anglicana, da Inglaterra, encomendou à Universidade de Oxford, uma pesquisa
sobre a reencarnação. O levantamento foi feito em 212 países, por 500
pesquisadores. O resultado foi, com base no ano de 2000, que dos 6.260.000.000
(seis bilhões, duzentos e sessenta milhões) de habitantes da Terra, mas de
4.000.000.000 (quatro bilhões) de pessoas acreditavam na Doutrina da
Reencarnação, ou seja, cerca de dois terços da população da Terra (Word
Christian Enciclopaedia da Igreja Anglicana, da Inglaterra, e Time-Life,
nº 18.[2]
Em A gênese, Allan Kardec
explica-nos que o ambiente da Terra possui duas populações: a espiritual e a
dos encarnados, que "[...] deságuam incessantemente uma na outra".[3] Em seguida, diz que
Devem-se [...] considerar os
flagelos destruidores e os cataclismas como ocasiões de chegadas e partidas
coletivas, meios providenciais de renovamento da população corporal do globo,
de ela se retemperar pela introdução de novos elementos espirituais mais depurados.
É verdade que há destruição de grande número de corpos nessas catástrofes isso,
contudo, não passa de vestimentas que se rasgam, já que nenhum Espírito
perece; eles apenas mudam de planos [...].[4]
Em seguida, o Codificador do
Espiritismo explica-nos que esses "flagelos destruidores"
proporcionam mais rápido progresso social:
É de notar-se que
todas as grandes calamidades que diziam as populações são sempre seguidas de
uma era de progresso de ordem física, intelectual ou moral e, por conseguinte,
no estado social das nações nas quais elas ocorrem. É que têm por fim operar
uma transformação da população espiritual, que é a população normal do globo.[5]
Algumas pessoas que não acreditam na reencarnação,
quando não têm mais argumentos para refutar essa crença e, mais do que crença,
realidade comprovada por pesquisas científicas, argumentam que, se todos
reencarnamos e, portanto, são sempre as mesmas pessoas que retornam aos corpos
físicos, como explicar o aumento populacional da Terra? Quem assim reflete,
mostra total desconhecimento das obras básicas do Espiritismo, em especial do
que Kardec nos explica em A gênese. Nos itens 37 a 49 do capítulo 11
dessa obra, ele esclarece-nos sobre a transmigração dos Espíritos entre os
diferentes mundos. Grande parte da população terrena atual proveio de outra
esfera, outra quantidade de seres mais adiantados partiram para mundos mais
evoluídos, assim como outros são degredados para mundos primitivos, em virtude
de sua insistência no mal.
O Espírito, porém, não regride em
suas conquistas espirituais. As condições de cada existência é que variam,
conforme este utilize seu livre-arbítrio para o bem ou para o mal. Mesmo sendo
degredados para mundos inferiores, esses Espíritos auxiliarão as sociedades ali
existentes com sua aquisição intelectual herdada no mundo de onde foram
expulsos, até que, pelo trabalho e pelo sofrimento, mas também pela recompensa
aos seus esforços no bem, eles possam ascender a planos mais elevados e mundos
mais evoluídos.
As calamidades ocorridas na Terra
existem em todos os séculos. Já tivemos a gripe espanhola (H1N1), de 1918 a
1919, que, segundo se calcula, exterminou cerca de cinquenta a cem milhões de
pessoas; a gripe asiática (H2N2), de 1957 a 1958, matou cerca de dois milhões
de infectados, a gripe de Hong Kong (H3N2), de 1868 a 1869 provocou a morte de
aproximadamente três milhões de pessoas[6]. Tudo isso sem citar as
desencarnações por Aids, que até hoje mata muitas pessoas, a peste
bubônica, que teria exterminado cerca de um terço da Europa, desde seu início,
em 1343 até 1353 e, nos séculos seguintes, a malária, que ainda se calcula que
mate três milhões de pessoas todo ano, cerca de um milhão somente de crianças. Ocorrem,
ainda, os terremotos e outros cataclismos, como o tsunami, que devastou parte da população
asiática.
Agora,
o Covid-19 vem causando a desencarnação maciça, principalmente, de idosos e
demais portadores de doenças pulmonares, hipertensão, diabetes e outras
enfermidades que afetam seu sistema imunológico. A Lei Divina, entretanto,
beneficia- nos com a eternidade. A finalidade da encarnação, conforme lemos na
questão 132 d'O livro dos espíritos, além de ser a de nos tornar
perfeitos, também objetiva "[...] pôr o Espírito em condições de cumprir
sua parte na obra da Criação". Não foi sem outra razão que Jesus nos
incentivou: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que
está nos céus" (Mateus, 5:48).[7]
Estamos vivendo a era de transição
planetária, o que não significa que ela vá ocorrer bruscamente, mas, pelo que
vimos acima, de tempos em tempos, ocorrem esses cataclismos e epidemias que
dizimam grande parte da população mundial. Diz Frigéri que essa mudança para um
novo ciclo ocorrerá com "turbulências de percurso", porém "[...]
nada que coloque em xeque a sobrevivência da Humanidade ou do planeta Terra
como um todo, como às vezes mal-agouram os catastrofistas de plantão".[8]
Na questão número 85 de O livro
dos espíritos, quando pergunta sobre qual dos mundos é "o principal na
ordem das coisas", se é o "mundo espiritual ou o mundo
corpóreo", Kardec é informado de que o principal é "O mundo
espiritual, que preexiste e sobrevive a tudo".[9] Em seguida, é confirmado
que os mundos corpóreo e espiritual interagem incessantemente, mas o que
preexiste é o mundo espiritual (op. cit., q. 86). Não devemos, portanto,
ter medo da morte. Ela não existe, pois somos essência divina, filhos de Deus,
que, conforme Jesus esclarece à samaritana, "é Espirito", pelo que o
devemos adorar "em espírito e em verdade".[10]
É importante, entretanto, que
estejamos atentos às profecias milenares e dos tempos atuais, que Frigéri
elenca em sua obra, como as dos Salmos, as de Isaías, Jeremias, Ezequiel, Joel,
Zacarias, Jesus, Paulo, Pedro, Pietro Ubaldi e dos Espíritos, como André Luiz,
Humberto de Campos e Emmanuel. Este último lembra os alertas de Jesus, na obra
intitulada Há dois mil anos, psicografada por Chico Xavier:
[...] Trabalharemos com amor, na
oficina dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos,
examinaremos detidamente todas as ruínas buscando o material passível de novo
aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem a sua vida na
fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos
Espíritos e dentro das convulsões renovadoras da vida planetária,
organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as
divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual.[11]
Somos imortais. E fomos criados para
a vida eterna. Entretanto, se o mundo alcançou culminâncias jamais vistas antes
nas ciências, nas comunicações e na economia, o que é normal, pois o progresso
intelectual surge antes do moral; agora é preciso que o ser humano atente para
o que vem sendo avisado antes mesmo da presença de Jesus na Terra. Nossa
rebeldia ao desprezar o espírito e cultuar a matéria, durante uma existência
tão efêmera, que pode se extinguir de uma hora para outra, periodicamente
recebe avisos provenientes da própria matéria que cultuamos como se fora nosso
deus e relegamos nosso verdadeiro Deus a segundo plano. São as catástrofes, as
epidemias e as pandemias.
Frigéri lembra-nos ainda as palavras
de Jesus, que colhemos do próprio Evangelho de Lucas, com acréscimo do
versículo seguinte: "E olhai por vós para que não aconteça que o vosso
coração se carregue de glutonaria, de embriaguez e dos cuidados da vida, e
venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos
os que habitam na face de toda a Terra.[12]
É o que, mais uma vez, está acontecendo na
Terra. Cabe a nós acatar o novo aviso, embora sem pânico e com
responsabilidade, para que não venhamos a sofrer amargamente, quer estejamos
encarnados ou venhamos a ser chamados à vida espiritual, que preexiste a esta,
para darmos conta de nossa administração. Haja vista que esse é também nosso
papel perante o Criador, nosso Pai, Senhor do Universo, e também como irmãos do
Cristo, "Caminho, Verdade e Vida"... Com vida... Para sempre!
[1] CHAVES, José Reis. A
reencarnação na bíblia e na ciência. 7. ed. rev. São Paulo: Bezerra de
Menezes, 2006. p. 171- 173.
[2] Id., ibid.
[3] KARDEC, Allan. A gênese. Trad.
Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp. Brasília, FEB: 2013, cap. X, p. 190.
[4]
Id., p. 191.
[5]
Id., loc. cit.
[6]
BIERNATH, André. Gripe: quais foram as maiores epidemias da história.
Disponível em: www.saude. abril.com.br/medicina/gripe-quais-foram-as-maiores-epidemias-da-historia.
Acesso em 20/3/2020.
[7]
BÍBLIA Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. 4. ed. rev. e corr. Barueri,
SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.
[8]
FRIGÉRI, Mário. As sete esferas da Terra. 4. ed. rev. e ampl. 2. imp.
Brasília: FEB, 2017. Cap. 11, p. 73. cap. 11 O fim do mundo?
[9]
KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4.
ed. 4. imp. Brasília: FEB, 2017. q. 85, p. 85.
[10]
BÍBLIA Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. 4. ed. rev. e corr. Barueri,
SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009. João, 4:24.
[11]
XAVIER, F. C. Há dois mil anos. Pelo Espírito Emmanuel. p. 353-355. Apud
FRIGÉRI, Mário. As sete esferas da Terra. 4. ed. rev. e ampl. 2.
imp. Brasília: FEB, 2017. p. 84.
[12]
BÍBLIA Sagrada. Trad. João Ferreira de Almeida. 4. ed. rev. e corr. Barueri,
SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.Lucas, 21:34-35.
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